ACC (HB) - Lusa
Bruxelas, 27 ago (Lusa) - A União Europeia refutou hoje as críticas à ausência de observadores europeus nas eleições gerais em Angola, apontando que Luanda "não prestou muita atenção" às recomendações da missão de observação enviada pela UE em 2008.
Reagindo às declarações do líder da UNITA, que num discurso no passado sábado afirmou que a "União Europeia manda gente para todo o lado, mas não mandou para Angola", o porta-voz para os Negócios Estrangeiros, Michael Mann, disse à Lusa que tal "não corresponde à verdade", explicando que, a cada ano, é estabelecida uma lista prioritária de cerca de 10 países por todo o mundo, num processo de consultas com o Parlamento Europeu e os Estados-membros.
O porta-voz da Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Catherine Ashton, apontou que as prioridades são definidas com base num conjunto de critérios, entre os quais o seguimento que foi dado a missões de observação eleitoral anteriores e a mais-valia que estas representam.
"A decisão de não enviar uma missão de observação eleitoral completa, mas apenas uma equipa de especialistas eleitorais, resultou de tal processo. A principal razão, entre outras, prende-se com o facto de as autoridades angolanas, depois da missão de 2008, não terem prestado muita atenção às recomendações da missão", apontou.
Michael Mann sublinhou, por outro lado, que as duas peritas que já estão a acompanhar o processo eleitoral, desde a campanha até à publicação dos resultados, irão submeter as suas conclusões ao Serviço Europeu de Ação Externa (o novo "corpo diplomático" da UE), aos Estados-membros e ao Parlamento Europeu, e apontou que o objetivo é sempre tornar esse relatório público.
No passado sábado, num discurso para alguns milhares de pessoas, centrado nas denúncias do maior partido de oposição angolano às alegadas irregularidades no processo eleitoral de 31 de agosto, Isaías Samakuva voltou a acusar o Governo angolano de recusar a emissão de vistos a observadores estrangeiros e referiu-se à ausência da União Europeia.
"Nem aceitaram que viessem observadores e os observadores, sobretudo os da União Europeia, decidiram que já não valia a pena mandar alguém", declarou o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), acrescentando que a "União Europeia manda gente para todo o lado, mas não mandou para Angola."
Ao contrário do que aconteceu há quatro anos, nas legislativas, a UE decidiu não enviar uma missão de observação para as próximas eleições gerais, tendo no terreno apenas duas peritas.
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