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Nações Unidas, Nova
Iorque, 30 set (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste,
José Luís Guterres, afirmou à Lusa que a suspensão da intervenção do presidente
deposto da Guiné-Bissau no debate da Assembleia Geral da ONU "silenciou a
voz do povo guineense" no plenário internacional.
"Foi
silenciada a voz do povo da Guiné-Bissau na ONU. É uma situação que não devemos
permitir", disse Guterres, em declarações à Lusa no final de uma semana
diplomática intensa na ONU, em que na sexta-feira, após queixa da CEDEAO, o
presidente deposto Raimundo Pereira viu suspensa a sua intervenção.
CPLP e CEDEAO têm
estado divididas sobretudo em relação ao reconhecimento do governo saído do
golpe de Estado militar em abril, que o bloco lusófono rejeita, trabalhando
apenas com o executivo deposto de Carlos Gomes Júnior.
A queixa da CEDEAO,
sob pretexto de que a intervenção aumentaria a instabilidade na Guiné-Bissau,
está a ser apreciada pelo comité de credenciais da Assembleia-Geral, que deverá
fazer uma recomendação ao presidente o plenário, o sérvio Vuk Jeremic, sobre se
Pereira pode ou não intervir no debate anual.
Jeremic terá depois
de submeter a decisão a votação pela Assembleia-Geral, adiantou o diplomata,
sendo difícil que tal venha a acontecer até à conclusão do debate anual, na
segunda-feira.
Para Guterres, é
"profundamente lamentável que presidente da Assembleia Geral não tenha
dado voz a representante legitimo do povo da Guiné-Bissau".
"O nosso
desejo é que se encontre rapidamente uma solução para que a voz [da
Guiné-Bissau] seja restabelecida aqui na ONU", adiantou o ministro.
Raimundo Pereira
afirmou sábado à Lusa que a credenciação da sua delegação para representar o
país na Assembleia Geral da ONU foi uma "vitória", por ter sido
recebido pelo Secretariado da ONU e a comitiva do presidente de facto, Serifo
Nhamadjo, não ter sido creditada, apesar dos esforços da comunidade regional.
José Luís Guterres
sublinha que ONU e CPLP continuam a reconhecer como representante legítimo do
povo guineense o executivo de Gomes Júnior, eleito em eleições "livres e
transparentes".
É necessária uma
solução rápida para "repor a legalidade constitucional" no país,
afirma o chefe da diplomacia timorense, cujo país conhece o tipo de "instabilidade"
que afeta a Guiné.
"É a nossa
experiência própria e falamos com o coração nas mãos quando olhamos para o povo
das Guiné que continua a sofrer", disse à Lusa.
Isto, refere,
"quando há muitas possibilidades para o país ser desenvolvido", dados
os recursos naturais e recursos humanos de que dispõe.
O ministro dos
Negócios Estrangeiros de Moçambique afirma que a comunidade da África Ocidental
(CEDEAO) apenas "defendeu a sua dama" minando na ONU o governo
deposto da Guiné-Bissau, e que dos contactos entre os dois blocos sai uma
"dinâmica" positiva.
Já sobre o
argumento apresentado pela CEDEAO de que uma intervenção do governo deposto na
Assembleia Geral elevaria as tensões em Bissau, o ministro Oldemiro Balói
afirma que é "sensível e eventualmente pouco prudente" de ser
utilizado.
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