quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Cabo Verde: “CASO MELISSA” GERA MOVIMENTO CIDADÃO

 


Contra a discriminação…
 
Liberal (cv)
 
Desde indignadas declarações de apoio à jovem estudante, que encheram as páginas das redes sociais, passando pela solidariedade de várias figuras da nossa sociedade, uma Petição Pública está a circular na Internet: “As minhas ideias e o meu cabelo crescem na minha cabeça livremente”, defendem os subscritores
 
Praia, 2 de Outubro 2012 – O caso de Melissa Inocêncio, de 15 anos, proibida de usar “cabelo afro” pela directora do Centro Educativo Miraflores – que frequenta desde há 5 anos -, na cidade da Praia, deu origem a um autêntico movimento cidadão nas páginas da Internet. Para além das manifestações de indignação pela atitude da responsável por aquele estabelecimento de ensino ligado à Igreja Católica Apostólica Romana, bem expressas nas redes sociais, circula mesmo uma Petição Pública sob o título “As minhas ideias e o meu cabelo crescem na minha cabeça livremente”…
 
Recordamos que este caso foi mediatizado pela jornalista Margarida Fontes que, numa peça emitida pelo Jornal da Noite da TCV, no último sábado, 29, deu a conhecer ao país a decisão da irmã Maria Teresa Pereira. Uma notícia ampliada pelo Liberal e que conheceu hoje um novo desenvolvimento, com o levantamento do impedimento da entrada de Melissa nas instalações do Centro Educativo Miraflores.
 
“ATENTADO À LIBERDADE INDIVIDUAL”
 
Na referida petição, os subscritores pretendem “repudiar e demonstrar o descontentamento popular em relação ao sucedido” e consideram que “as regras patentes neste regulamento” afiguram-se “como sendo de legalidade duvidosa” e “conflituam com a liberdade individual de cada um, impondo condutas e padrões que remetem mais [para] uma suposta moralidade e bons costumes do que para o bom desempenho escolar”.
 
Os signatários da petição “As minhas ideias e o meu cabelo crescem na minha cabeça livremente”, consideram, de igual modo, que este caso se trata de um “processo de higienização e padronização dos hábitos e costumes [que] não contribui para o sucesso escolar, conferindo um atentado à liberdade individual, ao direito à diferença, e é totalmente descontextualizado da nossa realidade nacional, dos nossos factores históricos, sociais e culturais, estabelecido principalmente por um estabelecimento destinado ao ensino e formação dos jovens”, pelo que as suas assinaturas servem para “demonstrar que não coadjuvamos com esta imposição, repudiamo-la e rejeitamo-la enquanto cidadãos activos de uma consciência de liberdade nacional”.
 
UMA DECISÃO ARBITRÁRIA?
 
Entretanto, ao que Liberal apurou, esta decisão da directora do colégio terá provocado mesmo a intervenção dos superiores da irmã Maria Teresa, que a terão aconselhado a ceder na sua posição, controlando os “danos colaterais” que a exposição mediática do caso suscitou. Uma decisão que, segundo uma fonte deste jornal, “nem está de forma inequívoca legitimada pelo regulamento” do estabelecimento de ensino, ao contrário do que, em off, a responsável da instituição sugeriu a jornalistas.
 
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