Daniel Ribeiro,
correspondente em Paris - Expresso
Presidente francês
diz que falta "tomar decisões sobre os países que querem ter acesso ao
financiamento do Mecanismo Europeu de Estabilidade". Já Laurent Fabius garante:
"Nem Portugal nem qualquer outro país sairão do euro".
O chefe de Estado francês afirma ser preciso "tomar decisões sobre a Grécia e outros países que querem aceder ao financiamento do Mecanismo Europeiu de Estabilidade".
François Hollande
proferiu estas declarações numa conferência de imprensa, hoje à tarde, em
Paris, no termo de uma "cimeira" com responsáveis das cinco
principais organizações económicas internacionais - Christine Lagarde (Fundo Monetário
Internacional), Jim Yong Kim (Banco Mundial), Pascal Lamy (Organização Mundial
do Comércio), Guy Rider (Organização Internacional do Trabalho) e Angel Gurria
(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico).
Relativamente
otimista sobre a crise na Europa, o Presidente francês disse que as recentes
resoluções da União Europeia sobre o papel do Banco Central Europeu, o pacto de
crescimento, a União Bancária e as regras do Tratado Orçamental Europeu vão
"no bom caminho".
"Com estas medidas,
a zona euro está a caminho da saída da crise, mas ainda não chegámos ao fim
porque é preciso tomar decisões sobre a Grécia e outros países que querem ter
acesso ao financiamento do Mecanismo Europeu de Estabilidade", explicou
François Hollande.
Decisão sobre a
Grécia nos próximos dias
Sobre a Grécia que,
aparentemente, é a principal preocupação das instituições internacionais, o
chefe de Estado francês garante que serão tomadas decisões muito brevemente.
"Nos próximos dias conheceremos o relatório da troika sobre o país, a seguir
haverá uma reunião do Eurogrupo e, depois de termos todos os dados, avançaremos
com decisões", disse.
Quanto à
necessidade de serem combatidos os défices nos diferentes países da zona euro,
François Hollande lembra que "cada país tem os seus compromissos, alguns
estão a fazer esforços consideráveis e cada um deve fazer o seu esforço de
forma compatível com a sua situação porque cada país conhece realidades
diferentes".
Mas Hollande não é,
claramente, a favor de um tratamento de austeridade puro e duro em toda a zona
euro. "Embora seja necessária seriedade orçamental e disciplina, sublinho
que o esforço deve ser compatível com cada situação e também deverão ser
tomadas medidas para apoiar o crescimento e combater o desemprego".
"Ir buscar o
crescimento onde ele está" - Pascal Lamy
"Não se pode
deixar apenas os mercados a resolver a crise porque se assim acontecer ela vai
perpetuar-se no tempo, temos necessidade de criar mecanismos de
regulação", acrescentou François Hollande.
Já Pascal Lamy, da
Organização Mundial do Comércio, considera que neste momento a ligação entre
"crescimento, competitividade e emprego constituem o problema maior da
França e da Europa". "Nos próximos cinco anos, a forma de criar
empregos na Europa é ir buscar o crescimento onde ele está, ou seja aos países
emergentes", explica Lamy.
No que respeita à
situação interna em França, o Presidente Hollande garante manter o objetivo de
reduzir o défice para 3% do PIB até ao fim de 2013, porque no seu entender
"a situação do país o permite". E anunciou igualmente que em novembro
serão divulgadas decisões, com incidência nos próximos cinco anos, sobre a
competitividade da França.
"Nenhum país
sairá da zona euro" - Laurent Fabius
Na conferência de
imprensa, depois de uma reunião de três horas e de um almoço, na sede da OCDE,
participaram todos os líderes das cinco organizações internacionais, com
exceção de Christine Lagarde, do FMI, cuja ausência foi justificada com
"outros compromissos".
À margem da
reunião, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, também
revelava otimismo sobre o fim da crise na zona euro. "Nem Portugal nem
qualquer outro país sairão da zona euro", declarou ao Expresso.
Na
"cimeira" participaram ainda, pela França, além de Laurant Fabius, os
ministros da Economia e Finanças, Pierre Moscovici, e do Trabalho, Michel
Sapin.
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