domingo, 7 de outubro de 2012

INDECISOS DEVERÃO DEFINIR ELEIÇÃO PRESIDENCIAL NA VENEZUELA

 

Deutsche Welle
 
Pelo fato de as pesquisas não serem confiáveis, especialistas dizem não conseguir prever resultados eleitorais na Venezuela. Porém, devido ao comportamento dos candidatos Chávez e Capriles, a disputa deve ser apertada.
 
Ainda não se sabe se Hugo Chávez conseguirá ser reeleito nas eleições presidenciais deste domingo (07/10) na Venezuela. Isso porque, segundo especialistas consultados pela Deutsche Welle, as pesquisas eleitorais não são confiáveis. Mas, pelo comportamento dos candidatos Chávez e Capriles, pode ser que o resultado das eleições seja bem apertado, afirmam.
 
"Os resultados das pesquisas eleitorais se diferenciam uma das outras, porque as empresas que as realizam são coprotagonistas da disputa política na Venezuela", comenta Manuel Silva-Ferrer, pesquisador da Universidade Livre de Berlim e da Universidade Central da Venezuela, que passou há pouco tempo dois meses em Caracas.
 
Ele disse que prefere analisar o comportamento dos candidatos à presidência do país a estudar os resultados divulgados pelos institutos de pesquisa. "Hugo Chávez, que quer ser reeleito e está há 14 anos no poder, atua como um potencial derrotado e ataca o candidato único da oposição, Henrique Capriles Radonski, com táticas de guerra suja e atiça o medo de uma guerra civil", frisa Silva-Ferrer.
 
Com isso, Chavéz procura convencer os eleitores, sobretudo os indecisos, de que somente a sua reeleição poderá garantir a estabilidade do país.
 
Da transparência dessas eleições irá depender, de certa forma, a não existência de incidentes e violência política no domingo. "Será muito difícil trapacear", disse Klaus Bodemer, ex-diretor do Instituto de Estudos Latino-Americanos (ILA, em alemão), de Hamburgo. Ele espera uma atitude vigilante e imparcial da missão de observadores enviada à Venezuela pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul).
 
"Não haverá violência na Venezuela"
 
Chávez convidou membros de partidos de esquerda estrangeiros para que acompanhem o processo eleitoral venezuelano. Porém, não haverá observadores da União Europeia, nem da organização não governamental de direitos humanos Centro Carter.
 
"Mas só haverá problema se forem registradas grandes fraudes, coisa que nem mesmo a oposição espera. Ela [a oposição] estará representada nos centros de votação por pessoas muito bem preparadas. Além disso, foi verificado que o sistema de votação eletrônica é muito bom", afirma Nikolaus Werz, especialista em política comparada da Universidade de Rostock, na Alemanha. "Se houver irregularidades, elas se tornarão públicas muito rapidamente", opina Werz.
 
No entanto, além do temor da manipulação de votos, há outros fatores – a marcada polarização política no país, por exemplo – que poderiam esquentar os ânimos e propiciar conflitos. Nas últimas semanas, vários militantes da oposição foram feridos ou assassinados por supostos simpatizantes do "chavismo".
 
Não é possível prever um possível enfrentamento entre chavistas e não chavistas. "Há pesquisas eleitorais que mostram Chávez com 15 pontos à frente de Capriles Radonski. Se as eleições tiverem um desfecho claro, não acredito que haverá violência", disse Werz.
 
Golpe de Estado
 
Quanto às Forças Armadas e às milícias bolivarianas, Klaus Bodemer afirma que "pode ser que a guarda do presidente, que é numerosa, tenha uma reação espontânea caso ele venha a perder as eleições. Mas é improvável que os militares deem um golpe de Estado". Já Silva-Ferrer aposta que não haverá violência na Venezuela.
 
Segundo Silva-Ferrer, esse cenário apocalíptico não é um produto de uma análise objetiva da atual situação na Venezuela, mas sim parte da estratégia do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) em amedrontar os indecisos, que são os que vão determinar o resultado das eleições. "Essas eleições vão ser definidas por uma diferença entre 2 e 5 pontos", prevê Silva-Ferrer.
 
Autor: Evan Romero-Castillo (fc) - Revisão: Carlos Albuquerque
 

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