Queimadas matam e
destroem casas na província moçambicana de Manica
08 de Outubro de
2012, 08:55
Chimoio,
Moçambique, 08 out (Lusa) - Entre pratos e panelas de ferro carbonizados,
Luciano Saul, 38 anos, vasculha nos destroços da sua casa alguns pertences que
se salvaram de queimadas descontroladas em Macossa, Manica, centro de
Moçambique.
"Perdi tudo,
tudo mesmo. Os pratos amontoados aí não ficaram em cinza porque são de ferro.
Mas roupa, comidas, livros escolares de crianças, documentos de identificação,
tudo se foi com o fogo", conta à Lusa Luciano Saul, que lembra com agonia
de passar noites em branco ao relento com a família.
Estatísticas
governamentais indicam que este ano uma pessoa morreu, dezenas de outras
ficaram feridas, cerca de duas mil famílias foram desalojadas, centenas de
casas e celeiros destruídos por queimadas descontroladas, cujo focos de
incêndio tendem a alastrar para mais distritos de Manica.
"Uma pessoa
morreu na última semana e duas ficaram feridas em Mossurize, onde também
registámos destruição de (...) numerosas casas. Embora a situação esteja
controlada, é alarmante pelos danos", disse à Lusa João Vaz, delegado
provincial do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).
A caça de ratazanas
e a abertura de machambas (hortas) através de fogo são as principais causas de
queimadas descontroladas em vários distritos do país, situação que desaloja
centenas de famílias e destrói maior proporção das coutadas oficiais, milhares
de hectares de floresta, quintas, celeiros e residências.
Dados indicam que
em 2011, 185.665 hectares de terra, quase toda arável, sofreram queimadas
descontroladas, quase o triplo da área queimada em 2010 (68.070 hectares). O
número de incêndios ativos subiu de 16.229 focos em 2011, para quase o dobro
até agosto de 2012. A maioria dos focos de incêndios foi causada por caça de
ratazanas.
"As queimadas
descontroladas são um atentado à paz. Vemos pessoas ao relento e a passar fome,
áreas devastadas por causa do fogo, práticas que nos levam à vulnerabilidade,
pelo que temos de nos esforçar para o seu combate", afirmou Ana Comoane,
governadora da província de Manica.
Em declarações a
Lusa, Natércia Nhabanga, diretora provincial de Coordenação da Ação Ambiental
de Manica, disse que várias iniciativas, que incluem criação de ratazana, estão
em curso para reduzir os índices de queimadas descontroladas, que também tem
causado muitas vítimas e fortalecido o conflito homem-fauna bravia.
"Agora o Fundo
de Apoio Ambiental vai alocar aos distritos verbas para projetos ambientais,
como criação de ratazana e distribuição de 100 colmeias melhoradas, para atacar
uma das principais razões das queimadas", disse à Lusa Natércia Nhabanga.
Uma iniciativa
piloto de domesticação da ratazana para reduzir queimadas descontroladas falhou
em 2010 em vários distritos da província de Manica, depois que os animais
morreram ou foram consumidos pelos criadores antes da reprodução.
O projeto,
concebido em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), é
o primeiro a ser aplicado no país. A iniciativa baseou-se na experiência do
Gana, um país africano que tem vindo a ter sucesso na luta contra as queimadas
descontroladas.
"Perdi uma
filha em 2006 por causa de queimadas descontroladas. O fogo fora ateado por uns
jovens que caçavam ratazanas. Em três anos consecutivos perdi o meu pomar de
laranjas e residências" lembrou Matias Albino, sentado num tronco, entre
duas palhotas de caniço.
Numa fase inicial,
disse Nhabanga, o Fundo de Apoio ao Ambiente vai financiar projetos nos
distritos de Macossa, Tambara e Guro (norte), Manica, Sussundenga e Gondola
(centro) e Machaze (sul), para reduzir queimadas descontroladas, poluição de
rios, correção de erosão e reflorestamento comunitário.
AYAC // VM.
Empresas
ferroviárias regionais da África Austral acordam investimentos conjuntos
08 de Outubro de
2012, 09:07
Maputo, 08 out
(Lusa) - As empresas ferroviárias de Moçambique, África do Sul e Suazilândia
assinaram acordos para a realização de investimentos conjuntos nas
infraestruturas e criação de um Centro de Operação Conjunta (COC), anunciou
hoje a empresa Caminhos de Ferro de Moçambique.
Segundo um
comunicado da operadora moçambicana, o acordo visa igualmente promover a
eficiência no setor ferroviário da Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral (SADC) e dotar este ramo de capacidade de acompanhamento da demanda de
tráfego.
A melhoria da
coordenação e planeamento conjunto de recursos fazem também parte dos objetivos
inscritos no acordo, refere ainda o comunicado da empresa Caminhos de Ferro de
Moçambique.
Do lado
sul-africano, o acordo foi rubricado pela Transnet Freight & Rail (TFR) e
do lado suazi a Swaziland Railway.
PMA // VM.
Primeiro-ministro
moçambicano Aires Ali abandona cargo
08 de Outubro de
2012, 09:46
Maputo, 08 out (Lusa)
- O primeiro-ministro moçambicano, Aires Ali, abandonou hoje o cargo, que
ocupava desde 2010, noticiou a emissora pública Rádio Moçambique.
Aires Bonifácio
Batista Ali, 56 anos, teve uma modesta votação para o comité central da
Frelimo, no X Congresso, que se realizou em setembro, e não conseguiu ser
reeleito para a poderosa comissão política do partido no poder em Moçambique.
LAS // VM.
Pobreza rural
manteve-se em 20 anos de paz -- relatório Banco Mundial
08 de Outubro de
2012, 10:05
Maputo, 08 out
(Lusa) - A fraca produtividade agrícola e os altos níveis de pobreza rural
mantiveram-se em Moçambique, nos 20 anos que se seguiram à assinatura dos
acordos de paz, refere um estudo do Banco Mundial.
"A
persistência de tecnologias extremamente rudimentares" na agricultura
moçambicana mantém baixos os seus níveis de produtividade, denuncia o estudo
'Jobs and Welfare in Mozambique', de Sam Jones e Finn Tarp, da Universidade de
Copenhaga, que sustenta o Relatório de Desenvolvimento Mundial 2013 do Banco
Mundial, publicado a 01 de outubro.
Como exemplo, os
autores citam a grande diferença da produtividade da agricultura moçambicana,
comparada com países vizinhos: enquanto a Zâmbia obtém duas toneladas de milho
por hectare, Moçambique fica-se pela metade deste valor.
O setor agrícola
não tem igualmente capacidade para absorver os 300 mil adultos que anualmente
entram no mercado de trabalho.
"Não há provas
de um processo positivo na transformação estrutural no quadro do emprego;
antes, o desemprego grassa e os níveis de educação permanecem extremamente
baixos", dizem os autores do relatório.
LAS // HB
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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