domingo, 7 de outubro de 2012

Portugal: A CASA E O PÃO DA COLIGAÇÃO

 

 
Diz o povo que "em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". O velho ditado serve que nem uma luva ao atual estado do País e da coligação de Governo. Já se percebeu que o défice é um monstro voraz e que a discussão tende a aumentar de tom no País. O brutal aumento de impostos anunciado pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, ainda torna a casa mais pobre. E o CDS, parceiro menor da coligação, que já se tinha rebelado contra as polémicas alterações à TSU, deu novos sinais de nervosismo.
 
Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do "partido dos contribuintes", que escreveu aos militantes a manifestar-se contra o peso da carga fiscal, está numa posição de inegável desconforto. Sabe que se saltar da coligação será acusado de atirar pela janela a vital estabilidade política em nome dos seus interesses e do CDS; se ficar, sem conseguir minimizar os efeitos do maior aumento de impostos de que há memória, contribui para liquidar a essência do partido e até a sua sobrevivência eleitoral. Mas no meio de todos os calculismos políticos, toleráveis em épocas banais, é bom lembrar ao líder do CDS, e já agora ao do PSD, que é o primeiro-ministro, Passos Coelho, que vivemos um tempo excecional. De milhares de famílias com cada vez menos recursos para sobreviver. De outros tantos que entrarão por esse caminho. E a quem governa exige-se que perceba que só há uma forma de trazer pão para casa: trabalhar duro e em conjunto na solução que resgate mesmo Portugal desta tortura.
 
O futuro de Chávez
 
Primeiro que tudo dois factos inegáveis sobre Hugo Chávez: tem governado a Venezuela nestes últimos 13 anos num estilo muito pessoal que mistura o autoritarismo com o populismo; apesar do seu passado de militar golpista (fracassado), foi desde 1999 sempre eleito pela via democrática.
 
E continuando nos factos, uma análise a esta era de governação do campeão da chamada Revolução Bolivariana (misto de socialismo e de homenagem ao herói das independências sul-americanas) mostra que no geral a Venezuela é um país que melhorou em vários índices sociais, desde a redução das desigualdades à esperança média de vida, passando pela mortalidade infantil e pela diminuição do analfabetismo. Mas, apontando uma lupa às estatísticas, nota-se que mesmo com estes progressos, segundo o Índice de Desenvolvimento da ONU, a Venezuela perdeu várias posições desde 1999, sendo ultrapassada por duas dezenas de países, entre eles o México.
 
Também se pode questionar se o legado de Chávez seria o mesmo se o preço do petróleo não tivesse vindo em seu socorro? Ou se outro líder, de perfil diferente, não teria alcançado melhores resultados aproveitando o facto de o preço do barril ter saltado de 17 dólares para mais de 100?
 
Hoje 19 milhões de venezuelanos vão decidir se dão mais um mandato a Chávez. A oposição uniu-se em torno de Henrique Capriles. Mas, mais que optar entre dois projetos, aquilo que se vai votar mesmo é se o legado do Presidente merece que lhe seja dada nova oportunidade.
 

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