Diz o povo que
"em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". O velho
ditado serve que nem uma luva ao atual estado do País e da coligação de
Governo. Já se percebeu que o défice é um monstro voraz e que a discussão tende
a aumentar de tom no País. O brutal aumento de impostos anunciado pelo ministro
das Finanças, Vítor Gaspar, ainda torna a casa mais pobre. E o CDS, parceiro
menor da coligação, que já se tinha rebelado contra as polémicas alterações à
TSU, deu novos sinais de nervosismo.
Paulo Portas,
ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do "partido dos
contribuintes", que escreveu aos militantes a manifestar-se contra o peso
da carga fiscal, está numa posição de inegável desconforto. Sabe que se saltar
da coligação será acusado de atirar pela janela a vital estabilidade política
em nome dos seus interesses e do CDS; se ficar, sem conseguir minimizar os
efeitos do maior aumento de impostos de que há memória, contribui para liquidar
a essência do partido e até a sua sobrevivência eleitoral. Mas no meio de todos
os calculismos políticos, toleráveis em épocas banais, é bom lembrar ao líder
do CDS, e já agora ao do PSD, que é o primeiro-ministro, Passos Coelho, que
vivemos um tempo excecional. De milhares de famílias com cada vez menos
recursos para sobreviver. De outros tantos que entrarão por esse caminho. E a
quem governa exige-se que perceba que só há uma forma de trazer pão para casa:
trabalhar duro e em conjunto na solução que resgate mesmo Portugal desta tortura.
O futuro de Chávez
Primeiro que tudo
dois factos inegáveis sobre Hugo Chávez: tem governado a Venezuela nestes
últimos 13 anos num estilo muito pessoal que mistura o autoritarismo com o
populismo; apesar do seu passado de militar golpista (fracassado), foi desde
1999 sempre eleito pela via democrática.
E continuando nos
factos, uma análise a esta era de governação do campeão da chamada Revolução
Bolivariana (misto de socialismo e de homenagem ao herói das independências
sul-americanas) mostra que no geral a Venezuela é um país que melhorou em
vários índices sociais, desde a redução das desigualdades à esperança média de
vida, passando pela mortalidade infantil e pela diminuição do analfabetismo.
Mas, apontando uma lupa às estatísticas, nota-se que mesmo com estes
progressos, segundo o Índice de Desenvolvimento da ONU, a Venezuela perdeu
várias posições desde 1999, sendo ultrapassada por duas dezenas de países,
entre eles o México.
Também se pode
questionar se o legado de Chávez seria o mesmo se o preço do petróleo não
tivesse vindo em seu socorro? Ou se outro líder, de perfil diferente, não teria
alcançado melhores resultados aproveitando o facto de o preço do barril ter
saltado de 17 dólares para mais de 100?
Hoje 19 milhões de
venezuelanos vão decidir se dão mais um mandato a Chávez. A oposição uniu-se em
torno de Henrique Capriles. Mas, mais que optar entre dois projetos, aquilo que
se vai votar mesmo é se o legado do Presidente merece que lhe seja dada nova
oportunidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário