Escolas públicas da
Guiné-Bissau continuam encerradas, professores à espera de dinheiro
08 de Novembro de
2012, 14:13
Bissau, 08 nov
(Lusa) - As escolas públicas da Guiné-Bissau continuam hoje encerradas, dois
dias depois de sindicatos dos professores e Governo terem assinado um acordo
para pôr fim à greve no setor que dura há quase dois meses.
"O início das
aulas não depende de nós, depende do Governo ou do Ministério da
Educação", disse hoje à Lusa o presidente do Sindicato Nacional dos
Professores (SINAPROF), Luís Nancassa.
Na terça-feira, o
sindicalista já tinha avisado que apesar do acordo assinado com o Governo de
transição as aulas só começariam quando os professores recebessem um mês de
ordenado, nuns casos, ou diuturnidades em atraso, noutros casos. Nesse dia, o
Governo, através do secretário de Estado do Tesouro, Gino Mendes, prometeu que
os ordenados iam ser pagos na quarta-feira.
"O secretário
de Estado disse-me na quarta-feira que o Ministério das Finanças já colocou o
dinheiro à disposição do Ministério da Educação, mas até agora não estão a
pagar", disse Luís Nancassa, frisando que a greve só é levantada quando os
professores tiverem o dinheiro no bolso.
É que, justificou,
os professores "já estão habituados a promessas não concretizadas" e
se até ao início da tarde de hoje "não há dinheiro" a greve
naturalmente mantém-se.
Os professores
marcaram o início de uma greve de dois meses para 17 de setembro, coincidindo
com o dia de abertura do ano letivo. Exigem, nomeadamente, pagamentos de
salários em atraso, menor carga horária e turmas com menos alunos.
Após negociações
com o Governo, os sindicatos (SINAPROF e Sindicato Democrático dos Professores,
SINDEPROF) aceitaram desconvocar a greve mediante o pagamento de um mês de
salários aos professores de novos ingressos, contratados e doentes, e de cinco
diuturnidades aos restantes.
FP // VM.
Empresário
sul-coreano compra "Maracanã" de Bissau e deixa jovens em "pé de
guerra"
08 de Novembro de
2012, 16:23
Mussá Baldé, da
Agência Lusa
Bissau, 08 nov
(Lusa) - Os jovens do bairro de Pluba, arredores de Bissau, estão "em pé
de guerra" depois de um empresário sul-coreano ter comprado o terreno onde
se situa o "estádio Maracanã", receando a destruição do "campo
de sonhos".
O futebol é o
desporto-rei entre os jovens guineenses mas nos últimos dias no populoso bairro
de Pluba o tema de conversa tem sido a compra do campo de jogos, o histórico
"Maracanã".
"Como foi
possível a Câmara Municipal deixar que alguém compre um campo de jogos tão
antigo e muito importante para o nosso bairro e arredores?",
questionava-se Quebá Jabi, rodeado de vários jovens.
Ao certo, os jovens
não sabem explicar como foi possível vender o "Maracanã" ao
empresário coreano. Sabem apenas que num dia, quando chegaram ao campo para o
treino matinal, viram um contentor e um monte de areia no terreno de jogo.
Dizem que ouviram dizer que o coreano quer construir uma casa ou uma escola no
local.
Os jovens até não
estão contra a construção da escola, mas não admitem que seja no seu local de
culto.
"Foi uma
confusão total no bairro. Os jovens queriam tirar o contentor do campo e ainda
ameaçaram tomar outras medidas. Tivemos que os conter", contou à Lusa
Arafam Cissé, tido como "pai" espiritual dos rapazes do bairro de
Pluba.
Ainda ameaçaram
organizar uma marcha até a Câmara Municipal de Bissau para aí exigir
explicações sobre a venda do campo de jogos, contou Arafam Cissé que teve que
falar "quase um por um com todos os jovens", até os demover da
manifestação.
Quem não tem mãos a
medir para convencer os jovens do bairro de Pluba a não fazerem "qualquer
asneira" é o treinador Mamadi Cassamá, que apesar de compreender a
angústia destes também quer acreditar que o governo ou a Câmara Municipal vão
arranjar uma solução.
"Este 'Maracanã'
existe aqui desde sempre. Nasci e vi este campo aqui, joguei aqui, agora treino
os rapazes. Nestas redondezas os jovens de Pluba, Mpantcha, Caliquir, Takir,
Antula Bono, todos jogam aqui e é o único campo de jogos num raio de mais de 20
quilómetros", explicou o 'mister' Cassamá.
"Ou a Câmara
Municipal volta atrás com a decisão de admitir a venda deste espaço ou então
arranja um outro local para passarmos a jogar. Se não, nem quero pensar o que
os jovens irão fazer", disse o treinador que nestes dias quase não
descansa.
Os efeitos da venda
do "Maracanã" já se fazem sentir. No último campeonato de defeso
(torneios entre bairros realizados no interregno do campeonato oficial) os
jovens de Pluba tiveram de jogar no bairro de Luanda porque não tinham campo próprio.
O
"Maracanã" de Bissau, ou de Pluba, não passa de um terreno baldio sem
relvado (na Guiné-Bissau existem apenas dois campos relvados, um sintético e
outro com relva natural), com duas balizas de ferro e uma bancada composta de
um muro de cimento.
Mesmo sem ter as
condições e a fama do mítico estádio brasileiro com o mesmo nome, os jovens de
Pluba têm o recinto como sendo um local sagrado e de encontro permanente, no
sonho de um dia aí se fazerem craques da bola.
MB // HB.
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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