Luís Claro – Jornal i – foto Miguel A. Lopes, Lusa
Comunistas acusam
CDS de ter “proposta coincidente com a extrema-direita” e criticam “colagem”
dos bloquistas à agenda do PS
Com a convicção de
que está em marcha uma alternativa ao governo de direita “fruto da luta de
massas”, o XIX Congresso do PCP arranca hoje em Almada com uma intervenção de
Jerónimo de Sousa, que, apesar das especulações sobre uma mudança na liderança,
irá continuar mais quatro anos à frente dos comunistas.
A expectativa é que
Jerónimo, que terá quase 70 anos na altura do próximo congresso, cumpra 12 à
frente dos comunistas, o mesmo período que Carlos Carvalhas, que liderou o PCP
entre 1992 e 2004.
As mudanças são no
Comité Central (CC), que vai ficar mais pequeno e do qual vão sair 30
dirigentes. Domingos Abrantes, uma das figuras mais influentes no partido nos
tempos de Cunhal, e a ex-deputada Odete Santos estão entre os membros que
abandonam o CC.
Entre as novas
caras do órgão máximo entre congressos, no total são 24, estão o deputado João
Oliveira, que se tem destacado na Assembleia da República, e os eurodeputados
João Ferreira e Inês Zuber.
Os comunistas
partem para o congresso com a aposta numa “política alternativa, patriótica e
de esquerda”, mas na proposta de Resolução Política do XIX Congresso não poupam
nenhum dos seus adversários políticos. À direita, o CDS é acusado de ter “um
percurso de posicionamento e proposta coincidente em muitas matérias com a
extrema-direita” e de ser a força política mais “identificada com os sectores
mais retrógrados e anticomunistas da sociedade portuguesa”. Sobre o PSD, os
comunistas dizem que tem reforçado “a sua política neoliberal, agressiva,
demagógica e reaccionária, de génese anticomunista” e com “elementos de
intervenção de manifesto autoritarismo, por vezes perigosamente
antidemocrático”.
À esquerda, o BE
também não é poupado pelos comunistas. O partido liderado por João Semedo, que
já pertenceu ao PCP e saiu nos tempos de Carlos Carvalhas, e Catarina Martins é
acusado de ter “uma intervenção sectária e de uma inaceitável arrogância e
indisfarçável disputa com o PCP”.
Nas teses, o PCP
não esquece a derrota dos bloquistas nas últimas legislativas, em que o BE
perdeu metade dos deputados, e diz tratar-se de “uma penalização por um
percurso incoerente, determinado pelo seu carácter social- -democratizante,
marcado por um assumido federalismo e por uma aproximação ao PS e uma colagem à
sua agenda”. A prova, acrescentam os comunistas, foi o apoio dado pelo BE à
candidatura de Manuel Alegre à presidência da República nas últimas eleições.
Por último, o PCP acusa os socialistas de serem um partido com “uma política de
direita”, mas que anda “mascarado com um discurso de esquerda”.
PRESIDENCIAIS
O PCP
quer reforçar a votação em todos os próximos actos eleitorais e sugere que vai
apresentar um candidato próprio nas eleições presidenciais. “É objectivo dos
comunistas assegurar uma intervenção própria sobre o modo como o PCP defende o
exercício das funções presidenciais.”
Actualmente, o mais
antigo partido português tem cerca de 60 mil militantes e aumentou o número de
filiados desde o último congresso. Ao todo, são mais 1556 militantes do que há
quatro anos.
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