Após anos de
proibição, governo permitiu manifestação de ultranacionalistas nas ruas da
capital. Eles protestaram contra o presidente russo e a política de imigração
no país. Ativistas alertam para aumento da xenofobia.
Com frases de
efeito, bandeiras simbolizando a Rússia pré-revolução e ícones religiosos,
milhares de ultranacionalistas foram às ruas de Moscou neste domingo (04/11). Vestidos
de preto, eles protestaram durante a "Marcha Russa" contra a política
migratória do governo e pela renúncia do presidente Vladimir Putin.
O presidente russo
é acusado de negligenciar os direitos da população eslava do país e de fazer
vista grossa para a imigração ilegal. Um dos organizadores da marcha, Alexander
Belov, disse que a desilusão quanto ao presidente Putin só está aumentando.
"Putin é o
líder de um regime criminal. Eles (os manifestantes) estão cansados dele",
frisou. Quanto à política migratória do governo, Belov disse que
"atualmente as melhores pessoas estão sendo forçadas a deixar a Rússia e
ir para o Ocidente".
De acordo com a
organização do evento, cerca de 20 mil manifestantes participaram da
manifestação. Já a polícia de Moscou estimou o número em cerca de 6 mil.
Xenofobia
Ativistas dos
direitos humanos dizem que a xenofobia está crescendo e cada vez mais russos
são simpáticos à causa nacionalista. Eles afirmam que as ações dos extremistas
de direita vão aumentar os problemas étnicos na Rússia. Além disso, alertam
para a perseguição a trabalhadores vindos dos países do Cáucaso e da Ásia
Central.
Putin rebateu
tentativas de inflamar sentimentos nacionalistas, evocando a história
multiétnica do país. Muitos moscovitas reclamam do aumento do número de
imigrantes sem qualificação dos ex-países soviéticos empobrecidos da Ásia
Central.
"Sou contra a
ausência de um regime de visto para os países da Ásia Central", diz Andrei
Goldin, professor universitário de 38 anos. Ele afirma, ainda, que é contra a
preferência de financiamento na região do Cáucaso em detrimento de regiões
russas.
Autoridades
autorizaram a marcha dos nacionalistas pela capital, apesar dos pedidos da
Federação dos Imigrantes na Rússia para que o evento fosse prorrogado ou mesmo
cancelado. Esta foi a primeira vez, em muitos anos, que as autoridades permitiram
a realização de uma marcha no centro de Moscou. Antes, esse tipo de evento era
permitido apenas nas regiões periféricas da cidade.
Maior protesto
contra Putin
Putin vem
enfrentando um crescente movimento de protesto contra seu governo desde que se
reelegeu pela terceira vez, em maio deste ano, e o movimento anti-Putin está se
tornando popular, principalmente entre os ultranacionalistas. O presidente vem
enfrentando a maior onda de protestos desde que chegou ao poder, há 12 anos.
A manifestação
deste domingo coincidiu com o Dia da União Popular, feriado nacional que marca
o aniversário de 400 anos da expulsão dos invasores poloneses em Moscou.
Muitos observadores
receiam que a Rússia mergulhe no caos caso forças nacionalistas alcancem o
poder. E acusam Alexei Navalny, possivelmente o líder mais carismático do
movimento anti-Putin, de flertar abertamente com os ultranacionalistas.
FC/afp/dpa/dapd - Revisão:
Mariana Santos
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