A maioria dos PALOP
subiu este ano no índice da Transparência Internacional sobre perceção da
corrupção. Angola foi um deles. Mas será que há menos corrupção no país?
As subidas e
descidas na tabela da Transparência Internacional devem ser vistas com algum
cuidado, recomenda Paulo Morais, o vice-presidente da Transparência e
Integridade, Associação Cívica, a TIAC.
A metodologia para
calcular a pontuação de cada país neste índice foi alterada e deu origem a
variações que, nos últimos lugares da tabela, podem não significar melhorias
concretas no combate à corrupção:
“Os países que
estão no final da tabela podem ter oscilações, mas isso não significa
resultados brilhantes ou se quer significativos. Quer dizer que são países que
competem entre eles para ver quem é o mais corrupto”, diz Morais.
Angola menos
corrupta?
O vice-presidente
da TIAC aponta Angola como um dos maus exemplos dos PALOP. O país ocupa
atualmente a posição 157 no ranking da perceção da corrupção. Angola subiu este
ano 9 lugares. Mas, para Paulo Morais, há apenas uma razão que explica essa
subida: as más performances dos países vizinhos na tabela.
“O facto de Angola
ter melhorado um pouco no ranking, em termos relativos, não quer dizer que a
corrupção seja menor. Quer dizer que os outros países têm acentuado mais a
corrupção do que em Angola”, sublinha.
“Nos países da
cauda da tabela, uma variação positiva no ranking quer dizer que países que
estão perto de si no ranking, como o Congo, o Laos, a Líbia e a Guiné
Equatorial, ainda têm aumentado os níveis de corrupção mais do que Angola. Se
calhar porque em Angola a corrupção já pode estar mais estabilizada.”
Guiné-Bissau:
“péssimo exemplo”
A par de Angola
surge também a Guiné-Bissau, que, apesar do golpe de Estado ocorrido em abril
passado, sobe 4 posições no ranking de 176 países. Ainda assim, fica-se pelo
fim da lista. Um resultado que, de acordo com Paulo Morais, não poderia ser
pior:
“A Guiné é também
um péssimo exemplo, ocupa o lugar 150. Está incluída num grupo de países que,
em termos de corrupção, dificilmente poderiam estar pior." De acordo com
Morais, os países que ocupam os últimos lugares da tabela da Transparência
Internacional são, normalmente, aqueles que ainda têm um longo percurso pela
frente, onde “não chega o combate à corrupção e é preciso uma reestruturação de
todo o sistema.”
São Tomé e Príncipe
com boa nota
Mas há também bons
exemplos. É o caso de Timor-Leste, com uma subida de 30 lugares. São Tomé e
Príncipe, com uma significativa variação de 28 posições, para o lugar 72, fica
igualmente bem na fotografia do conjunto dos países lusófonos.
"É um bom
exemplo – tem tido políticas de combate à corrupção e tem havido, tanto quanto
vamos tendo conhecimento, repressão relativamente a corruptos, um aspeto
fundamental.”
Cabo Verde e
Moçambique são exceções
Entre os países de
língua portuguesa, Cabo Verde continua a ser o melhor colocado depois de
Portugal, o trigésimo terceiro, apesar de ter registado uma quebra de 8
lugares, para o trigésimo nono.
Moçambique também
recuou, da posição 120 para a 123, num ranking mundial em que a Dinamarca, a
Finlândia e a Nova Zelândia ocupam os lugares cimeiros.
Autora: Maria João Pinto
- Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha
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