Diário de Notícias,
editorial
A agência
Transparency International classifica Portugal na 33ª. posição entre 176
países, quanto à corrupção percecionada.
Dir-se-á que é esta
a posição mediana de Portugal nas comparações internacionais de âmbito global,
como é o caso do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa para o
Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD). E o 15º. lugar na Europa compara até
um pouco melhor do que a posição do País em termos gerais no quadro da União
Europeia (UE).
O problema é que a
crise generalizada, em termos económicos e sociais, na qual se sentem
mergulhados os portugueses, vem de mãos dadas com um conjunto sem precedentes
de escândalos, só agora revelados. Seja o sumiço de milhares de milhões de
euros na maior fraude financeira - o BPN -, seja o desmantelamento da rede
corrupta de evasão e fraude fiscal de largo número de empresas, em conivência
com consultores jurídicos especializados (Operação Furacão); estejam agora a
ser objeto de um escrutínio mais rigoroso os contratos de várias PPP no setor
rodoviário, que garantiam aos parceiros privados taxas de rendibilidade
desproporcionadas; ou revele uma grande reportagem televisiva a teia de
conivências, patrocínios e encobrimentos de negócios obscuros no sector dos
colégios privados por parte de políticos do centrão - não faltam casos de que o
grande público vem tomando conhecimento, sem que se veja a Justiça a punir
atempadamente os criminosos.
Acontece que a
transparência e lisura de processos na esfera económica e sua separação de
tráficos de influência na esfera política é uma das alavancas para potenciar a
ação das boas empresas e dos bons governos. É isso que nos apresentam os países
mais avançados, simultaneamente os menos corruptos. Para chegar a esse nível,
falta uma ação concertada e a vontade política de debelar tudo o que de obscuro
se vai fazendo, impunemente, à mesa do Orçamento do Estado.
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