MMT – JMR - Lusa
Maputo, 08 jan
(Lusa) - Os médicos moçambicanos admitiram hoje recorrer ao Presidente, Armando
Guebuza, para resolverem o diferendo com o governo e reiteraram queixas contra
alegada intimidação por parte de autoridades locais, que "forçam os
médicos grevistas a trabalhar".
"Estamos a
estudar com o nosso gabinete jurídico até que ponto o Ministério da Saúde tem
autonomia sobre este assunto e não está posta de parte a possibilidade de
falarmos com o Presidente sobre as exigências dos médicos, como último
recurso", disse à Lusa o presidente da Associação Médica Moçambicana,
Jorge Arroz.
No segundo dia da
greve dos médicos em Moçambique, Jorge Arroz referiu à Lusa que continua a
receber denúncias de médicos afetos a unidades sanitárias nos distritos que
"estão a ser ameaçados e levados à força" pelos governos locais,
"acompanhados da polícia e agentes secretos moçambicanos", aos postos
de trabalho.
Hoje, "cerca
de 300 médicos" estiveram a recolher lixo na praia da Costa do Sol, em
Maputo, uma atividade que, segundo o responsável dos médicos, consta dos
estatutos da associação e visa "promover a saúde pública".
"A ideia de
desenvolver esta ação de limpeza também era para mostrar ao povo que a greve
está efetivamente a acontecer, porque está a haver uma onda de
desinformação" sobre a paralisação das atividades dos médicos, disse Jorge
Arroz.
Na segunda-feira,
os médicos moçambicanos deram início a uma greve à escala nacional por tempo
indeterminado, que o governo considera ilegal, exigindo aumentos salariais e
melhores condições de trabalho, mas asseguram serviços mínimos.
Segundo a
Associação Médica Moçambicana a quase a totalidade dos médicos generalistas,
pós graduandos e estagiários aderiram à greve.
As autoridades
sanitárias moçambicanas convocaram médicos militares e aposentados para
trabalharem no Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária de
Moçambique, para suprir a falta de pessoal médico.
O porta-voz do
Ministério da Saúde de Moçambique, Martinho Djedje, disse à Lusa que a situação
"está sob controlo, que houve algumas melhorias no atendimento", mas
disse não ter informações sobre os supostos atos de intimidação dos médicos em
greve.
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