Em Moçambique, a
organização não-governamental belga APOPO está a treinar ratos para detetar a
tuberculose, uma doença frequentemente associada ao vírus da Sida. "Ratos
Heróis", é como são chamados estes roedores.
O treino dos “ratos
heróis” consiste em farejar amostras de escarro humano, a partir das quais será
detetada a bactéria da tuberculose. Os ratos fazem este trabalho em menos de
uma hora, enquanto um laboratório leva uma semana para realizar a análise.
Os ratos da Gâmbia,
também conhecidos por Cricetomys gambianus, são do tamanho de um gato. Têm um
olfato excepcional e também são treinados para encontrarem minas terrestres.
Eles estão em Moçambique num programa de desminagem e, agora, vão ajudar o
setor de saúde a combater a tuberculose. Mas os ratos não vão substituir o
trabalho dos pesquisadores, explica Emílio Valverde coordenador do projeto.
"Uma vez que
os ratos indentifiquem amostras que possam conter o bacilo da tuberculose,
essas amostras são novamente processadas por técnicos de laboratório da
Apopo". Muitas vezes as amostras identificadas pelos ratos são sempre
positivas.
Esta tecnologia já
começou a ser aplicada em Maputo e, na semana passada, foram recolhidas as
primeiras amostras que serão processadas no laboratório construído para o
efeito, na Faculdade de veterinária da Universidade Eduardo Mondlane.
Recorde-se que
Moçambqiue também está a usar ratos para detetarem minas terrestres. Por isso
que, segundo Valverde, para a tuberculose a técnica tem que funcionar, pois o
país precisa combater o elevado índice da doença associada ao HIV-Sida.
"Em Moçambique
a tuberculose é um problema muito sério. Em 2011 foram registados perto de 500
casos por cada cem mil habitantes. Isto é uma cifra muito elevada e muito acima
da média mundial que está em 170 casos."
O investigador
Emílio Valverde explica, ainda, como um rato pode farejar amostras de escarro
humano. "As bactérias que produzem a tuberculose produzem ao mesmo tempo
uma série de produtos químicos e os ratos podem detetar as micro-bactérias nas
amostras de escarro de pacientes suspeitos."
A primeira
experiência que foi desenvolvida na Tanzânia, mostrou que em 910 amostras de
456 pacientes, dez ratos encontraram 67 por cento de pessoas com tuberculose e
48 por cento foram encontrados pelos microscópios dos laboratórios.
Autor: Romeu da
Silva (Maputo) - Edição: Carla Fernandes / António Rocha
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