Deutsche Welle
Não haverá eleições
em abril na Guiné-Bissau, como foi anteriormente anunciado porque o país não
está minimamente preparado para ir às urnas. Esta é a crença dos guineenses com
quem a DW África falou nas ruas de Bissau.
A maioria dos
guineenses não acredita que as próximas eleições gerais agendadas para abril
possam ter lugar, devido à grave crise financeira com que se depara o governo
de transição, que não é reconhecido pela grande maioria da comunidade
internacional. A história recente da democracia guineense, mostra que a
Guiné-Bissau nunca realizou eleições sem o apoio dos parceiros externos,
nomeadamente, da União Europeia, dos Estados Unidos, e das organizações
sub-regionais.
Falta de condições
"E se os
parceiros internacionais não se entendem, como é a Guiné-Bissau pode por si só
fazer eleições?”, questiona um guineense abordado pela DW África em Bissau.
Outros há entre a população que dizem que “não há condições para tal porque o
recenseamento ainda não está a ser feito o que também impede a realização das
eleições em abril."
Para agravar ainda
mais a situação no que toca à realização do escrutínio, até ao momento, não
existe um consenso nacional sobre a indigitação da figura que vai liderar a
Comissão Nacional de Eleições, CNE, após a demissão a 4 de janeiro, do Juiz
conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Rui Nené, empossado no cargo
em dezembro.
Segundo um grupo,
constituído por partidos que apoiam o Governo de transição, a eleição de Rui
Nené, decidida no parlamento, não obedeceu aos critérios do pacto de transição
nem ao acordo político que rege o período de transição, em curso na
Guiné-Bissau.
Crise social
Para já, o Governo
de transição afirma-se sem meios financeiros para organizar o escrutínio já que
está instalada no país uma grave crise social. Falta de combustível e de fundos
para pagar os salários da função pública, greves em vários sectores,
nomeadamente, Saúde, Energia, Educação, Correios e outros.
Segundo a agência
de notícias Lusa, a população guineense vai enfrentando, sem grandes soluções à
vista, problemas como falta de gasóleo, que tem deixado a capital Bissau às
escuras há cerca de semanas. A falta de combustível levou também ao
encerramento das estações de serviço, que recomeçaram a abrir desde
quarta-feira (09.01.13) com a chegada de gasóleo e gasolina. Com a falta de
eletricidade da rede pública, a Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau
(EAGB), e de água canalizada, famílias e instituições em Bissau têm recorrido
aos serviços privados de fornecimento desses produtos básicos.
Sem esperanças
As conversas nas
ruas de Bissau, refletem a grande preocupação dos guineenses sobre o futuro
imediato. "Não temos a esperança de que algum dia a situação venha
melhorar. Estamos a assistir à greve no setor de saúde. Há males por toda
parte... Há males enraizados. A Guiné-Bissau está a passar pelo pior momento da
sua história enquanto República", declarou um cidadão guineense frustrado
à DW África, em Bissau.
O próprio Presidente
do governo de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo que iniciou nesta
quinta-feira (10.01), a presidência aberta para se inteirar no terreno das
dificuldades que a população enfrenta, já solicitou a união de todos os
guineenses para ajudar o país na solução dos problemas e desafios que se
colocam presentemente à sociedade guineense.
Autor: Braima
Darame (Bissau) / Lusa - Edição: Carla Fernandes / António Rocha
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