ROMANA BORJA-SANTOS - Público - foto Enric Vives-Rubio
Dezenas de
feirantes com buzinas ensurdecedoras, carrosséis, carrinhos de choque e
matraquilhos estão concentrados frente ao Ministério das Finanças contra o
aumento do IVA do sector para 23%.
Buzinas
ensurdecedoras. Carrosséis. Carrinhos de choque. Matraquilhos. A panóplia de
divertimentos e as dezenas de empresários do ramo da diversão frente ao
Ministério das Finanças, em Lisboa, transformaram o local numa verdadeira feira
de diversões. A causa do protesto organizado pela Associação Portuguesa de
Empresas de Diversão (APED) é o aumento do IVA de 6% para 23% para um sector
asseguram estar a morrer.
A associação que
representa o sector começou na segunda-feira uma série de acções de protesto
que se prolongam até ao final do mês. Para esta terça-feira estava prevista a
concentração frente ao Ministério das Finanças e da parte da tarde o ponto de
encontro é o Ministério da Economia. Às 12h00 os responsáveis da APED foram
informados de que iriam ser recebidos em breve pelo ministro das Finanças.
Para o presidente
da APED, Luís Paulo Fernandes, não faz qualquer sentido “considerar esta
actividade como de lazer”. “Lazer é para os ricos. Isto faz parte da nossa
cultura e das nossas romarias e está a ser insustentável, está a morrer”,
acrescenta. O responsável defende que os carrosséis e restantes actividades dos
feirantes deveriam ser considerados culturais, o que permitiria que o IVA
ficasse nos 13%.
“Um país que não
tem dinheiro para o pão como vai ter para a diversão?”, questiona Luís Paulo
Fernandes, repetindo uma das muitas frases que se lêem dos cartazes de protesto
espalhados em camiões, divertimentos e nos pinos que impedem o estacionamento.
A dificuldade em emitir facturas ao abrigo da nova legislação que entrou em
vigor no dia 1 e a forma como os pagamentos dos terrenos são contabilizados,
muitas vezes como donativos, são outros dos problemas apontados.
No Terreiro do Paço
é possível ouvir as buzinas que conduzem até ao centro do protesto. As roulottes
e camiões transformam o cenário habitual do coração lisboeta. Maria de Lurdes
Pascoal tem 60 anos e há 37 que é feirante. Sai da sua roulotte ainda a
pestiscar qualquer coisa para enganar a fome e voltar para ao pé dos
companheiros. Está aqui por causa do aumento do IVA que lhe levou 17% “do pouco
que fazia” com um divertimento de adultos. “A menina imagine, pagamos o
terreno, a luz, as deslocações, a manutenção e há cada vez menos gente. Se as
pessoas não têm dinheiro como é que vão ter vontade de se divertir”, lamenta.
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