Deutsche Welle
Nesta quarta feira
(24.04) no Parlamento Europeu, em Bruxelas, o jornalista angolano Rafael
Marques apresentou, uma comunicação sobre as comunidades das Lundas na região diamantífera,
em Angola.
Incluído numa
audiência sobre o impacto das indústrias extractivas sobre os povos indígenas,
o jornalista e ativista angolano, Rafael Marques denunciou os abusos que estão
a ser vividos no país e apelou por uma monitorização da União Europeia.
Recorde-se que
Marques já chegou a ser condenado a 6 meses de prisão por ter escrito um artigo
de denúncia e recentemente, viu o seu livro "Diamantes de Sangue",
que conta assassínios e torturas na região diamantífera angolana, à beira de
censura. Agora, o jornalista angolano Rafael Marques, que tem sido distinguido
internacionalmente pelas denúncias de corrupção e violações dos direitos
humanos em Angola, apresentou esta quarta feira (24.04) uma comunicação no
Parlamento Europeu, em Bruxelas, sobre o impacto das indústrias extractivas nas
comunidades das Lundas, em Angola.
Contraste gritante
entre classes e os abusos que se vive nas Lundas
Promovido pela
subcomissão parlamentar dos direitos humanos do Parlamento Europeu, na sua
apresentação Marques falou do contraste gritante entre classes e dos abusos que
se vive nas Lundas, região diamantífera, em particular. Começou a sua
intervenção mostrando imagens de uma vítima de violência em Cuango, e
acrescentou que este "acto criminoso faz parte da rotina sistemática de
violações dos direitos humanos nos campos de diamantes em Angola."
Ana Gomes,
eurodeputada portuguesa, disse em entrevista à DW África que “o facto de estar
perfeitamente identificado o grande número de mortes, pessoas torturadas e direitos
espezinhados, pelas companhias estrangeiras mas associadas a generais
angolanos, figuras do Estado angolano na exploração das Lundas o processo de
Kimberley, devia justamente tomar uma posição. Era suposto ser feito algo
contra os abusos que são identificados”.
"O meu povo
está a ser assassinado por pura ganância"
Rafael Marques
durante a sua intervenção afirmou que "hoje o meu povo está a ser
assassinado por pura ganância". Apelou aos eurodeputados que não atribuam
tanta credibilidade à governação angolana, porque nas palavras do ativista,
estes compactuam com as violações dos direitos humanos no país, e Ana Gomes
concorda com a descredibilização do executivo de Luanda e destacou que “Angola
está ainda muito abaixo na lista, e não é por Angola ser um país pobre. Tem
fabulosos recursos e hoje já vive em paz. Um grande desenvolvimento
verificou-se em Angola graças à paz, mas também à conta de um aumento das
desigualdades. Os ricos fabulosamente ricos a estragar e a desperdiçar recursos
e os pobres continuando pobres. Basta ver que 85% da população angolana não tem
água corrente e portanto a desculpa da guerra já não serve! O que Angola tem é
um problema de má governação”, concluiu a eurodeputada Ana Gomes.
Processo de
Kimberley parece ter perdido a sua credibilidade
O ativista e
jornalista angolano, acrescentou que o processo de Kimberley, o regulador
mundial encarregue de lutar contra a comercialização dos diamantes de sangue,
parece ter perdido a sua credibilidade e o seu objectivo. Afirmou que
"Estes diamantes de sangue devem ser impedidos de entrar nos mercados
internacionais, algo que o processo de Kimberley está a ignorar". Para a
eurodeputada, estas questões são de essencial relevância para a União Europeia.
Segundo a
eurodeputada Ana Gomes, tudo isso está ligado “ao respeito pelos direitos
humanos, se prende com pôr cobro à corrupção que faz desviar somas faraónicas
do investimento no desenvolvimento e também nas cumplicidades que se verificou
a nível global para a diversificação desses fundos do investimento. E Ana Gomes
vai mais longe quando afirma que o esquema de contas off-shore, depósitos em
paraísos fiscais e branqueamento de capitais "esses esquemas de corrupção
que envolvem frequentemente países membros da União Europeia, aparecem nesses
circuitos quer como os seus bancos sendo objectos de depósito quer funcionando
como paraísos fiscais e máquinas para branqueamento de capitais".
O ativista Rafael
Marques, apelou à União Europeia à monitorização da região e pediu o envio de
uma equipa de investigação à zona diamantífera, a fim de garantir os direitos
humanos.
Sem comentários:
Enviar um comentário