Deutsche Welle
A Alta Comissária
das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, constatou
"grandes progressos em termos de direitos humanos" em Angola, mas
sugeriu a criação de uma autoridade nacional para os monitorizar.
Nas palavras que
dirigiu à imprensa após o seu encontro com o Presidente angolano José Eduardo
dos Santos, Navi Pillay disse que Angola tinha “indubitavelmente” feito
progressos notáveis nos dez anos desde o fim da guerra civil. A Alta Comissária
das Nações Unidas para os Direitos Humanos referiu aos investimentos avultados
do Estado angolano em infraestruturas e realçou os esforços empreendidos para
livrar o país das minas antipessoal que continuam a fazer vítimas.
Mas Pillay, que se
encontrou também com representantes da sociedade civil, concedeu que alguns
aspetos do desenvolvimento angolano são controversos. A Alta Comissária
referia-se, sobretudo, à “enorme disparidade entre os mais pobres e os mais
ricos”, e à prática de expulsão da população para dar lugar a projetos de
infraestruturas, sobretudo em redor e na capital.
Urgem soluções para
muitos problemas
Por isso, Pillay
insistiu, segundo as suas próprias palavras, junto do Presidente dos Santos na
necessidade de atenuar as disparidades entre pobres e ricos nos próximos quatro
a cinco anos. Além disso, devem ser começados a solucionar problemas
“relacionados, como a corrupção, o desemprego, o elevado custo de vida e a
pobreza extrema”, antes que a desilusão se alastre, especialmente entre os
jovens do país.
No que toca os
direitos humanos, a Alta Comissária disse ter insistido com José Eduardo dos
Santos na necessidade de reforçar a proteção dos cidadãos, uma vez que “ o
desenvolvimento de infraestruturas sem um desenvolvimento paralelo dos direitos
humanos é insuficiente e está votado ao fracasso”. Pillay não excluiu mesmo
que, em “determinadas circunstâncias” esta situação pode levar a distúrbios
políticos e sociais.
Casos concretos
Durante encontros
com vários responsáveis, a Alta Comissária focou os casos específicos do
desaparecimento de dois organizadores de protestos de antigos soldados, que em
maio de 2012 reclamaram o pagamento de pensões em atraso. Pillay realçou a
importância de investigações credíveis e transparentes “sempre que ocorram
denúncias de abusos” e que os perpetradores respondam perante a lei caso as
ocorrências se confirmam.
Outra preocupação
da comissária é a falta de recenseamento de milhões de angolanos, incluindo 68%
das crianças com menos de cinco anos. “Isto tem ramificações graves para a
capacidade destas crianças no futuro poderem assumir o seu papel na sociedade,
seja para encontrarem emprego ou receberem benefícios”. Para Pillay, o Governo
devia tratar o recenseamento como uma prioridade.
Sem comentários:
Enviar um comentário