quarta-feira, 24 de abril de 2013

Cabo Verde - Escândalo: SISTEMA DE ENSINO EXPULSA ADOLESCENTES GRÁVIDAS




Cabo Verde Directo

Directores de escolas públicas continuam, arbitrariamente, a impedir adolescentes grávidas de frequentarem as aulas. Medidas desta natureza eram prática corrente da ditadura fascista portuguesa

Num passado recente já haviam sido denunciados alguns casos: há escolas a proibir adolescentes grávidas de frequentarem as aulas, uma medida sem qualquer base legal, mas que tem vindo a ser praticada arbitrariamente por directores e responsáveis de escolas públicas. Agora, o tema vem outra vez à tona, desta feita através do Presidente da República.

“Uma questão deixou-me alerta como Presidente da República: em Rincão [Santa Catarina de Santiago], na apresentação da situação social da localidade - uma das mais pobres do país - vincou-se a existência, ainda, de uma elevada taxa de abandono escolar, devida em boa medida à ‘saída’ de adolescentes grávidas”, escreve Jorge Carlos Fonseca na sua página pessoal da rede social Facebook, sustentando que o problema da gravidez precoce “deve merecer a atenção, o combate preventivo, a adopção de medidas sociais e pedagógicas por parte das entidades públicas, pelas muitas implicações negativas que tem para a adolescente, para a sua família, para os filhos, para a sociedade, mas que não pode ser combatido apenas com medidas administrativas e/ou legais de proibição de acesso ao sistema de ensino”, refere o Chefe de Estado.

Uma medida fascista

O Presidente da República confessa não imaginar que medidas dessa natureza como a expulsão de grávidas do sistema de ensino pudessem continuar e diz que tais medidas eram utilizadas durante a ditadura fascista portuguesa. “Pensava que esse tipo de medidas teria cessado, mas afinal a solução - usada, por exemplo, nos meus tempos de liceal, durante o Estado Novo, - tornou-se, sim normal”, escreve Jorge Carlos Fonseca, afirmando que “como jurista, como estudioso do direito, como militante da cidadania democrática, como defensor da Constituição”, fez “os possíveis, com os poucos meios disponíveis (apenas a voz, o ensino e a pena) para lutar contra esse tipo de medidas” e que, enquanto Presidente da República, não pode “ignorar, deixar andar, não seguir convicções fundadas na Constituição e na civilidade”, garantindo que vai acompanhar de perto o dossiê e adoptar “a posição que se impuser e com os meios de que dispuser”, refere ainda.

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