Tiago Mota Saraiva –
Jornal i, opinião
Contratos swap são
instrumentos de gestão financeira altamente especulativos. Um daqueles
investimentos em que nenhum leitor de boa-fé gostaria de ver o seu dinheiro,
sobretudo a partir da crise de 2008. Uma espécie de casino em que se perde
sempre.
Não foi o que
pensaram os administradores de nomeação governamental da maioria das empresas
do sector empresarial do Estado. A partir de 2008, e com especial destaque para
as empresas de transportes, qualquer novo empréstimo implicou a subscrição
destes instrumentos especulativos em que os “azares” do Estado resultam numa
mina de ouro para a banca.
Só a Metro de
Lisboa, cuja dívida total é de 4117 milhões de euros, tem contratos swap
assinados no valor de 5551 milhões de euros. Esta empresa, no primeiro semestre
de 2012, perdeu em juros e perdas swap 297 milhões, o equivalente a dois anos
de salários dos seus trabalhadores e, considerando a totalidade do que terá
sido investido neste casino, pensa-se que poderá vir a perder o equivalente ao
valor de 18 anos de bilhetes e passes dos utentes. Mas a Metro do Porto lidera
este campeonato do descalabro financeiro. Os prejuízos já atingem os 832,4
milhões de euros, o equivalente a 142 anos de salários dos seus trabalhadores
ou 23 anos de transporte gratuito.
Na Assembleia da
República, PCP e BE denunciaram-no ao passo que PS, PSD e CDS iam fazendo
saltitar os “empreendedores” administradores públicos entre empresas do Estado
e o governo. Aliás, mesmo os representantes da banca envolvidos na negociata
são hoje administradores dos interesses do Estado, como António Borges, que
cuida das privatizações, ou Moreira Rato, que cuida das renegociações com os
antigos patrões.
Como diria o
Presidente da República é preciso criar os consensos necessários... para que o
roubo continue, acrescento eu.
Escreve ao sábado
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