Lusa
O país já não
aguenta mais este Governo - Seguro
O secretário-geral
do PS, António José Seguro, afirmou hoje que a situação de "tragédia
social" em Portugal tem um rosto, o primeiro-ministro, e que o país já não
aguenta nem esta política, nem este Governo.
António José Seguro
falava na sessão de abertura do XIX Congresso Nacional do PS em Santa Maria da
Feira, depois de intervenções do líder socialista espanhol, Alfredo Pérez
Rubalcaba, da presidente do PS, Maria de Belém, e do líder dos socialistas de
Aveiro, Pedro Nuno Santos.
O líder socialista
referiu que a tradição aconselha que a primeira intervenção de um
secretário-geral do PS seja sempre dedicada ao estado do partido, mas declarou
que iria antes falar do estado do país.
António José Seguro
disse então que, ao fim de dois anos de executivo PSD/CDS, o país tem hoje
"menos economia, mais pobreza e não ganhou competitividade".
"Esta tragédia
social tem um responsável, Passos Coelho; esta tragédia social tem uma razão, a
austeridade sem limites; e tem uma linha ideológica, o Governo mais
ultraliberal que Portugal já teve", acusou.
Seguro sustentou
depois que Portugal "já não aguenta mais, nem esta política, nem este
Governo".
PMF // SMA
Segundo dia do
Congresso do PS totalmente dedicado à discussão política
O segundo dia dos
trabalhos do Congresso do PS vai ser hoje totalmente dedicado à discussão da
moção de estratégia de António José Seguro, que, na abertura da reunião, fez um
discurso virado para o país.
Em discussão, a
partir das 10:00, estará a moção do atual secretário-geral do Partido
Socialista, António José Seguro, “Portugal tem futuro”, que recebeu 7.120
assinaturas e teve o apoio de 99% dos delegados do Congresso.
A moção do
militante do PS/Madeira Aires Pedro, único adversário de Seguro nas diretas,
“Refundar o PS pelo futuro de Portugal”, não vai ser discutida, porque não
conseguiu o número mínimo de 50 delegados subscritores.
Antes da discussão
da moção de Seguro, o discurso de abertura do segundo dia do Congresso caberá
ao presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.
No plano político,
a única questão interna em discussão deverá ser o pedido de um grupo de
militantes, encabeçado pelo ex-secretário de Estado João Tiago Silveira, – e
apoiado pelo ex-presidente do Governo Regional dos Açores Carlos César – para
abrir uma revisão estatutária durante o atual congresso, prevendo, entre outras
medidas, a escolha do futuro líder em primárias abertas a simpatizantes do PS.
No entanto, esta
proposta conta com a oposição da atual direção de Seguro, da Comissão
Organizadora do Congresso (COC) e Francisco Assis e António Costa já se
demarcaram desta iniciativa.
Na sua primeira
intervenção perante o Congresso - que intencionalmente quis dedicar mais ao
país que ao partido -, António José Seguro respondeu, como tinha prometido, às
palavras do Presidente da República na sessão solene do 25 de Abril, dizendo
que Cavaco Silva "errou" ao negar um caminho alternativo de esperança
contra a crise e ao traçar "um quadro de resignação".
Ao Governo, o líder
socialista renovou as críticas de ser responsável pela "tragédia
social" no país e rejeitou consensos de médio prazo, bem como voltar ao
poder sem ser através de eleições, reiterando, contudo, o compromisso de
"honrar todos os compromissos internacionais do Estado português".
O secretário-geral
do PS anunciou ainda que a celebração de um "pacto para o emprego"
até 2020 será a prioridade de um futuro Governo socialista, tendo como um dos
objetivos a redução para metade do desemprego jovem e o aumento da taxa de
emprego nacional para mais de 70% (da população ativa 20-64 anos).
Na sua intervenção,
que durou cerca de 47 minutos, o secretário-geral do PS deixou elogios ao
ex-líder parlamentar Francisco Assis e ao presidente da Câmara de Lisboa,
António Costa, dizendo que contribuíram para a unidade interna e para um
partido mais forte.
O primeiro dia do
Congresso ficou ainda marcado pelas críticas de vários socialistas - entre as
quais a presidente do partido Maria de Belém, o presidente honorário Almeida
Santos ou o ex-líder da UGT João Proença - à intervenção do Presidente da
República, Cavaco Silva, no 25 de Abril.
SMA/PMF/JF/ATF // HB
António Costa
congratula-se com "partido plural unido na ação"
O socialista
António Costa afirmou hoje que o PS é "um partido plural unido na
ação", que deve expressar "o enorme consenso nacional sobre a
necessidade de mudar" a política de austeridade e apresentar alternativas.
As posições do
presidente da Câmara Municipal de Lisboa e antigo governante do PS foram
assumidas aos jornalistas após o discurso do secretário-geral socialista,
António José Seguro, no final do primeiro dia do XIX Congresso do PS, em Santa
Maria da Feira.
"As questões
internas do PS estão hoje bem resolvidas, o secretário-geral foi eleito de
forma bastante expressiva e inequívoca pelos militantes e, portanto, neste
momento podemo-nos concentrar naquilo que é essencial, que são os portugueses e
Portugal", afirmou António Costa.
O antigo líder
parlamentar socialista defendeu que "não era exigível ao secretário-geral
apresentar hoje um programa de Governo completo" e que o que é
"necessário e que seria útil é que tivesse expressão política o enorme
consenso nacional sobre a necessidade de mudar esta política [do atual
Governo]".
"O
secretário-geral foi muito claro, hoje há um enorme consenso nacional contra a
política seguida pelo atual Governo, a questão não é de consensos, a questão é
consensos para quê. Consensos em torno desta política, com este Governo, parece
objetivamente impossível", acrescentou.
O presidente da
autarquia lisboeta disse ter gostado de receber uma saudação especial de
António José Seguro no discurso de abertura e congratulou-se por o PS estar
"unido na ação", citando o presidente da Federação de Aveiro, Pedro
Nuno Santos: "Um partido plural está unido na ação e é nisso que estamos
todos unidos".
António Costa
admitiu no entanto que o PS é um partido plural onde "cada um pensa pela
sua cabeça".
"Desde os 14
anos que me revejo no PS, nem sempre concordei com tudo nem no futuro
certamente concordarei com tudo", referiu.
Já sobre se o PS
deve reestruturar a dívida, como defendeu Pedro Nuno Santos, António Costa
utilizou as palavras de Seguro para dizer que "o PS respeitará os
compromissos assumidos, honrará as obrigações para com os credores", mas
defende "que o memorando seja renegociado".
Questionado sobre a
política de alianças, Costa advogou que "o PS não tem de fazer essas
opções", mas sim "apresentar o seu programa e merecer a confiança dos
portugueses", porque "as condições de governabilidade definem-se em
função de resultados eleitorais".
Já interrogado
pelos jornalistas sobre a resposta dada pelo secretário-geral do PS ao discurso
do Presidente da República, o presidente da câmara lisboeta afirmou que Seguro
"escolheu a resposta que devia ser dada", sublinhando que "o
centro deste congresso não é o senhor Presidente da República", mas
"sobretudo o país".
Interrogado se
Seguro poderia ter ido "mais longe", Costa respondeu: "Pode-se
sempre ir mais longe, acho que ele foi até onde quis e acho que foi certamente
suficientemente, aquilo que as pessoas esperam do PS é que apresente uma
alternativa clara, credível e é esse o esforço que iremos fazer certamente
nestes dois dias de congresso".
ATF // SMA
Eurodeputada Ana
Gomes espera que Cavaco "termine mandato com dignidade"
A eurodeputada Ana
Gomes disse hoje que espera que o Presidente da República “termine o seu
mandato com dignidade” mas disse antever eleições mais cedo do que aquilo que
Cavaco Silva
Numa intervenção no
XIX Congresso do PS, no período dedicado ao debate da moção de António José
Seguro, Ana Gomes retomou as críticas à intervenção do chefe de Estado na
sessão solene do 25 de Abril, que foram feitas por vários socialistas no
primeiro dia de Congresso.
“Está dito que o PS
só volta ao poder com eleições mas pode voltar mais cedo do que o Presidente da
República deseja, Presidente que só tenho a desejar que termine com dignidade o
seu mandato”, disse, parafraseando uma frase que Cavaco Silva, enquanto
primeiro-ministro, dirigiu ao então Presidente da República Mário Soares.
A crítica mereceu a
salva de palmas até agora mais intensa desta manhã de trabalho do segundo dia
de Congresso, que decorre até domingo, em Santa Maria da Feira (Aveiro).
Para a
eurodeputada, o PS “poderá regressar mais cedo ao poder porque este Governo
desgoverna e está em decomposição”, e pediu que a primeira reforma socialista
incida sobre a justiça e as forças de segurança, “contra a impunidade dos
corruptos e criminalidade organizada com banca, na banca, que enriquece à custa
de capturar agentes políticos e do Estado para esfoliar cofres do Estado”.
A segunda reforma,
defendeu, tem de incidir no Estado: "Cabe ao PS emendar a mão e travar a
espiral de 'outsourcing' que, no passado, os seus Governos também ajudaram a
avolumar para engordar escritórios de advogados e serviços de consultadoria, o
BPN, o BPP, as PPP, os ‘swap’, as obras e aquisições públicas com
corrupção".
A eurodeputada
pediu também uma reforma do sistema fiscal e um reforço do orçamento próprio da
União Europeia para o crescimento e emprego em vez do "pífio orçamento de
menos de um por cento do PIB europeu, que é o que o coitado do presidente Durão
arranjou para fazer cantar a União".
Pedido o fim das
"políticas austericidas" com "quartel-general na chancelaria
Merkel", Ana Gomes lembrou que em maio do próximo ano os europeus vão
eleger, pela primeira vez, o presidente da Comissão Europeia.
"Precisamos lá
de um europeísta com visão, ganas e garras para salvar Europa do veneno
ultraliberal da Europeia", disse.
Numa outra
intervenção, Fonseca Ferreira, membro da corrente de opinião “Esquerda
Socialista” e ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), lembrou que defende desde 2007
eleições primárias abertas a simpatizantes.
"É pois com um
misto de surpresa e satisfação que vemos juntar-se a nós os camaradas que
escreveram a carta aberta", disse, referindo a um grupo de militantes
encabeçado pelo ex-secretário de Estado João Tiago Silveira.
"São
bem-vindos mas gostaríamos que os tivéssemos tido ao nosso lado antes",
nomeadamente no momento em que decorreu a revisão estatutária, acrescentou.
SMA //GC.
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