JSD – JMR - Lusa
Cidade da Praia, 03
abr (Lusa) - Cerca de 8% da população cabo-verdiana acima dos 15 anos já
experimentou substâncias ilícitas pelo menos uma vez na vida, indica o Primeiro
Inquérito sobre a Prevalência de Consumo de Substâncias Psicoativas em Cabo
Verde, hoje divulgado.
O estudo foi
elaborado pela Comissão de Coordenação do Combate à Droga (CCCD) de Cabo Verde
em parceria com o Sistema das Nações Unidas, através do Escritório das Nações
Unidas contra a Droga e Crime (ONUDC).
Segundo o
documento, 7,6% da população cabo-verdiana com mais de 15 anos já experimentou
substâncias ilícitas, em que o haxixe ("padjinha", no crioulo de Cabo
Verde) é a droga mais consumida (7,2%), seguida pela cocaína (0,9 por cento) e
ecstasy (0,3%).
O consumo acontece
cada vez mais nas camadas jovens e nos homens (14,7%), indicou a coordenadora
nacional do Programa da ONUDC, Cristina Andrade, salientando que, entre o
consumo de substâncias legais, o álcool figura no topo.
"O estudo
abrangeu todos os (22) concelhos de todas as (nove) ilhas. Existe uma
prevalência de consumo quer das drogas lícitas ou ilícitas no género masculino,
com exceção dos medicamentos, como calmantes e sedativos, mas, no resto das
outras drogas ilícitas, o consumo é feito maioritariamente pelos homens",
explicou.
Segundo Cristina
Andrade, no caso do haxixe, os jovens começam a consumi-lo cerca dos 15 anos,
embora a média esteja situada em redor dos 18.
"No álcool, o
consumo é feito mais cedo, aos nove anos, por vezes. De uma forma geral, a
tendência mostra que a iniciação ou a experimentação é feita cada vez mais
cedo, que há algumas crianças que têm contacto com as drogas, mais as lícitas
porque mais aceites socialmente, mas também as ilícitas, como a canábis, e que
há também um consumo que nos preocupa, sabendo nós os danos que causa à saúde
dos indivíduos e mesmo socialmente, à família e à sociedade", sublinhou.
A coordenadora do
Programa da ONUDC em Cabo Verde lembrou que os danos provocados pelas
substâncias psicoativas, sejam lícitas ou ilícitas, causam no indivíduo
alterações de comportamento, compreensão, consciência e humor.
Nas substâncias
lícitas, o álcool tem uma prevalência de 63,5% entre os quase meio milhão de
cabo-verdianos, enquanto o tabaco afeta 17,4% da população, com os medicamentos
a representarem uma prevalência de 8,8%, o único caso em que a mulher está à
frente do homem.
Os dados agora
apresentados revelam números "preocupantes", embora Cristina Andrade
indique que se trata de uma "base de referência e de monitorização das
tendências futuras", que permitirá, ao mesmo tempo, definir políticas e
estratégias de redução da procura de drogas no arquipélago.
"Exortamos o
Governo a assegurar que as conclusões e os dados sejam devidamente considerados
e incorporados de forma sistemática nas estratégias e programas de intervenção
sobre droga e crime e que sejam tomadas medidas junto da população em geral e
no seio dos grupos mais vulneráveis: crianças e jovens", concluiu.
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