domingo, 26 de maio de 2013

Moçambique: TELEVISÃO DO PARTIDO




Verdade (mz), editorial
 
O Governo nunca quis dialogar com os profissionais da Saúde. Aliás, é mais correcto dizer que o Governo não deu mostras de querer dialogar. As inúmeras cartas enviadas pela Associação Médica de Moçambique, solicitando um encontro com os membros do Executivo de Armando Emílio Guebuza nunca tiveram resposta.
 
Isso é público, mas não é conveniente abordar. Portanto, se temos uma classe profissional que procurou estabelecer pontos de contacto e de diálogo só mesmo por sacanice é que se pode afirmar – via televisão propagandística da Frelimo – que a greve resulta da insatisfação de uma exigência de 100 porcento de aumento salarial.
 
Há fármacos que atenuam certas doenças mentais. Dedicar-se, por isso, à droga, era capaz de ser uma boa ideia para muitos órgãos de informação e analistas de taberna. É o caso da Televisão de Moçambique(TVM) e certos fulanos. Aquele órgão já nos habituou à demência com a qual a informação de interesse público é abordada, mas nunca é demais referir certos atropelos à verdade dos factos.
 
Os médicos exigem 100 porcento de aumento. Essa é a maior das alarvidades propaladas pela televisão pública e por um bando de analistas cumplicemente míopes que pululam peles redes sociais numa campanha desenfreada de desinformação.
 
O papel a que se prestam os funcionários da TVM não os dignifica. Colocar directores províncias da Saúde em directo para desmentir uma greve real é mesmo coisa de doidos ou de quem perdeu propositadamente o cérebro há muito tempo na areia movediça do culambismo.
 
Nem os inquilinos de um manicómio fariam melhor. Essa forma, primeiro, de rebaixar o jornalismo e a decência de uma profissão que devia ser nobre ao papel de propaganda encapotada e, segundo, reduzir um órgão que funciona com verbas públicas à dimensão de fantoche de quem dirige o país diz muito da sociedade que somos.
 
Contudo, as notícias mentirosas veiculadas pelo canal de propaganda da Frelimo dizem mais da TVM do que propriamente daqueles a quem se destina. No que diz respeito à greve dos médicos, sobretudo porque emite uma quantidade de lixo absurda, o mais aconselhável é desligar o receptor porque sob a capa de jornalistas trabalham pessoas que desconhecem profundamente o sentido de cidadania e de informação de interesse público.
 
Para a televisão pública nunca houve greve, salvo a sabotagem de uns pouco marginais que, por mero acaso, cursaram medicina. Ou seja, umas poucas massas podres que cumprem agendas estranhas e tentam desviar os profissionais da Saúde da sua função que é salvar vidas.
 

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