sexta-feira, 14 de junho de 2013

Mais de 230 presos em protesto contra aumento da tarifa de transporte em São Paulo

 

CSR – MLL - Lusa
 
A polícia prendeu pelo menos 235 pessoas na cidade de São Paulo, na quinta-feira, durante o quarto dia de protestos contra o aumento da tarifa do transporte público, divulgou hoje o jornal Folha de São Paulo.
 
Segundo a polícia, do total de detidos, 231 foram ouvidos e libertados durante a madrugada de hoje.
 
Os quatro restantes continuam presos, sem direito a pagamento de fiança, sob a acusação de formação de quadrilha (associação criminosa).
 
O autarca da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou na noite de quinta-feira que a manifestação foi marcada pela “violência policial”.
 
Haddad afirmou que hoje irá avaliar as medidas que tomará para tentar conter a escalada de violência nos protestos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, colocou-se "à disposição" das autoridades de São Paulo para cooperar "no que for necessário" para conter a violência nos protestos.
 
Este foi o quarto protesto, nesta semana, contra as tarifas dos autocarros. Entre os detidos estava o repórter da revista “Carta Capital” Piero Locatelli.
 
Cerca de 20 pessoas já haviam sido detidas na terça-feira em São Paulo e outras 30 foram presas no Rio de Janeiro na segunda-feira à noite.
 
Os confrontos de quinta-feira começaram quando a polícia militar (PM) tentou impedir os cerca de 5.000 manifestantes de prosseguir o protesto pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista, a principal avenida da cidade de São Paulo.
 
A polícia disparou bombas de gás lacrimogéneo e tiros de borracha contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.
 
Entre os cerca de cem feridos nos confrontos, de acordo com o Movimento Passe Livre (MPL), organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público, estão sete jornalistas da Folha de São Paulo, que foram atingidos por balas de borracha e spray de pimenta.
 
Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa. Uma jornalista, atingida nos olhos por uma bala de borracha, está hospitalizada.
 
Em nota, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse que lamenta os episódios e determinou a “abertura imediata de investigações, pela Corregedoria da PM, para investigar rigorosamente os fatos”.
 
Na quarta-feira, o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do Movimento Passe Livre e comprometeu-se a marcar uma reunião com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e com Haddad para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de 3,20 reais (1,12 euros).
 
Antes do aumento, a tarifa de autocarro, metro e comboio custava 3,00 reais (1,05 euros).
 
Na quinta-feira, o governador Alckmin descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas. O gabinete de Fernando Haddad ainda não se manifestou sobre se aceitaria a proposta do Ministério Público.
 
Tanto o governador como o autarca da cidade de São Paulo afirmaram que não pretendem reduzir o valor da tarifa.
 
O próximo ato do MPL já está marcado para a próxima segunda-feira e, até à madrugada de hoje, mais de 16 mil pessoas já tinham confirmado presença no Facebook.
 
Em outras cidades brasileiras também aconteceram protestos na quinta-feira contra o aumento da tarifa dos transportes públicos.
 
A Brigada Militar do estado do Rio Grande do Sul prendeu pelo menos 18 manifestantes durante um protesto contra o aumento das passagens dos autocarros em Porto Alegre.
 
No Rio de Janeiro, cerca de duas mil pessoas, segundo os organizadores, marcharam pelas ruas da cidade e concentraram-se na praça da Candelária, protestando contra o aumento das tarifas.
 
Houve atos de vandalismo e bombas de fabrico caseiro foram atiradas contra a polícia, que respondeu com tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogéneo. Pelo menos 18 pessoas foram detidas, de acordo com a página de notícias da Internet G1.
 
Foto: Sebastião Moreira - EFE
 

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