Diário de Notícias, opinião
A revisão em curso
do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF) de Portugal está
concluída com êxito. O que significa "com êxito"? Significa, no caso
vertente, que o Governo de Portugal se viu forçado a aceitar a lógica férrea de
quem está na posição de credor de último recurso.
A troika veio desta
vez a Lisboa para se deparar com uma curiosa inversão de fatores entre a
economia e as finanças do País. Até à conclusão da 7ª. revisão (a 13 de maio),
a determinação em reduzir o défice público por parte do Executivo e da maioria
parlamentar que o sustenta granjeara o alívio relativo dos credores, permitindo
a descida continuada dos juros da dívida a 2, 5 e 10 anos, na sequência da
ameaça de intervenção do BCE com o poderoso míssil de compra de dívida pública
já emitida de países do euro em dificuldades. Em contrapartida, na esfera
económica, tudo parecia cair sem fim: o produto, o emprego, a capacidade para
reagir e dar a volta ao recuo de muitos anos provocado pelo aperto de cinto da
austeridade. Agora, dá-se precisamente o contrário: a desconfiança dos credores
cresceu dos 5% de juros a 10 anos para a casa dos 7%, justamente quando começam
a aparecer os sinais percursores de um difícil levantar de cabeça da economia real.
Para quebrar o novo
surto de desconfiança do mercado, na vontade e capacidade de Portugal honrar os
seus compromissos, a troika insiste em dar sinais exteriores de estar superada
a crise interna da coligação de julho passado e de se ter renovado a vontade de
continuar a fazer descer o défice público de forma permanente. Toda a retórica
do novo ciclo ciclo político, por parte de Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque,
que abrandaria o ritmo dos sacrifícios e apostaria mais em medidas de apoio ao
crescimento económico, levou a coisa nenhuma. Quem empresta ou vai ter de novo
de garantir os empréstimos necessários à República Portuguesa é que manda. Eles
é que dizem qual a dose adequada de políticas internas a seguir para reanimar a
confiança dos detentores do dinheiro. O resto serviu apenas para mudar a
correlação de forças entre os aliados amigos/desavindos.
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