O primeiro-ministro
de Timor-Leste, Xanana Gusmão, afirmou hoje que a Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) é incapaz de ir além de questões como a história ou a
língua, reclamando um "cariz mais económico" para a organização.
"Dizemos que
há um cordão umbilical linguístico entre nós, mas cada um só olha para a ponta
dos seus sapatos", disse à Lusa Xanana Gusmão, que reclama um "plano
estratégico para desenvolver parcerias estratégicas entre os membros"
lusófonos.
"Nós
juntamo-nos para falar sobre convenções da CPLP, sobre isto ou sobre aquilo que
não tem impacto real na vida das populações. Falamos de língua, vivemos a
história e a CPLP ficou uma instituição (..) grande, mas sem capacidade de
produzir algo de diferente", afirmou o primeiro-ministro de Timor-Leste,
país que assume em 2014 a liderança da organização internacional
"Ficarmos a
olhar para o passado a dizer que temos uma história comum e uma cultura comum
não dá", disse, considerando que essa posição coloca todos os
países-membros "saudosistas no tempo e entalados cada um a ver o seu
corredor".
Para o
primeiro-ministro timorense, os estados-membros da organização não se
aperceberam que a globalização trouxe desafios maiores e o caminho é agora
entrar no "mercado e no comércio internacional".
Timor-Leste vai
assumir, pela primeira vez, em Julho do próximo ano a presidência rotativa da
CPLP, durante a cimeira da organização que vai decorrer em Díli.
Para o novo
mandato, Xanana quer dar um "cariz económico" à organização:
"Queremos mudar a face da CPLP para uma comunidade de países com
investimentos estratégicos, aproveitando o 'know-how' de um país, as
necessidades de outro e aproveitando a capacidade financeira de outro".
"Estamos
colocados em todo o mundo", isso não pode ser apenas "para contarmos
o número da população e dizer que o português tem de ser uma língua da
ONU", salientou, reclamando uma mudança de política dos governantes
lusófonos.
"Podemos
investir em muitos lados. Porque é que a CPLP não olha para oportunidades de
investimento, porque é que não define essas coisas?" - questionou.
Pelo contrário,
agora, "estamos cada um no seu quintal a olhar um para o outro e a
cumprimentar em português 'olá, bom dia como está'", ironizou.
Por isso, prometeu,
"a presidência da CPLP em Timor vai ter um cariz mais económico",
propondo um consórcio para investimentos estratégicos.
Para o chefe do
governo timorense, a CPLP, "nesta época difícil da globalização", tem
de aparecer como uma comunidade que pode gerir os seus próprios interesses, com
"maior coesão, unidade e cooperação".
Sobre a eventual
adesão da Guiné-Equatorial à CPLP, Xanana considera que a candidatura deve ser
ponderada por todos os países, mas não esclareceu qual a sua posição.
No entanto,
"se nós não começarmos já a ver a comunidade a olhar para o sector
económico vamos morrer" e "vamos ficar sem força", avisou o
governante timorense.
Lusa/SOL
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