O presidente da
Cáritas, Eugénio Fonseca, considerou domingo que a situação atual do país
resulta, em grande parte, da forma como foi conduzida a política portuguesa
durante anos, em que se governou "para clientelas e grupos corporativos
fortes".
Segundo Eugénio
Fonseca, "muitas vezes se governou para clientelas, para grupos
corporativos fortes, que foram altamente favorecidos, beneficiados. Basta ver
que até o Orçamento de Estado que está apara aprovar tem cortes preconizados
para determinadas classes, mas dispensa outras que estão no mesmo regime da
Função Pública. Isto é inadmissível”.
"O que nos
falta a todos é esse sentido do bem comum. Se assim fosse, talvez alguns
quisessem renunciar às duplas reformas que têm, talvez aceitassem baixar agora os
lautos rendimentos que têm", frisou o presidente da Cáritas, depois de
assistir à conferência do cardeal José Policarpo, "Caridade é a fé em
ação", em Setúbal.
Questionado pela
Lusa, Eugénio Fonseca refutou a ideia de que os cortes nos rendimentos mais elevados,
por abrangerem um universo muito mais reduzido, possam ser irrelevantes para o
Orçamento de Estado.
"Gota a gota
se fazem os oceanos. Isso é uma falsa questão. Não percebo como é que as
`migalhas´ do RSI (Rendimento Social de Inserção) foram consideradas tão
importantes, ao mesmo tempo que se considera que as `migalhas´ dos mais ricos
não são tão significativas", argumentou.
Eugénio Fonseca
sublinha que Portugal está "num período em que falta o dinheiro”.
“Não sei é se temos
feito bem a geografia financeira para ir buscar o dinheiro onde ele está de
facto e, sobretudo, para o ir buscar onde ele foi colocado indevidamente",
acrescentou.
GR // JLG – Lusa,
foto Manuel de Almeida
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