Associação de
Coimbra e projeto de intervenção alertam que a população sem-abrigo está a
aumentar na cidade e que se encontram "famílias, casais e jovens" a
viver na rua.
O Diagnóstico
Social do Município de Coimbra de 2013 revela que houve um aumento de 133
pessoas na população sem-abrigo, entre 2010 e 2012, passando de 593 para 714 o
número de pessoas na rua.
"Temos a clara
certeza de que a tendência é para o número aumentar", afirmou à agência
Lusa Paulo Pereira, membro do Projeto de Intervenção com os Sem-Abrigo do
Concelho de Coimbra (PISACC) em representação da Assistência Médica
Internacional (AMI).
Paulo Pereira
considerou que "a classe média está a engrossar estes números, para além
da pobreza tradicional".
"Perdem o
carro, o emprego, a casa e acabam na rua. Preocupa-nos imenso este
fenómeno", alertou o membro do PISACC, considerando que, caso houvesse
"habitação social disponível, vários dos casos de sem-abrigo não
existiriam".
Contudo, de acordo
com Paulo Pereira, "nenhuma câmara tem capacidade para responder a todos
os pedidos" e construir "duas ou três mil casas não é fácil nem
lógico".
Para o também
diretor do Centro Porta Amiga da AMI, "o mercado imobiliário de Coimbra
não ajuda", por apresentar "particularidades", ao ter uma
elevada procura, por parte de estudantes, de quartos para arrendar.
Para além das
características da cidade, há também "uma bolha imobiliária", que
levou a que, "durante 20 ou 25 anos, houvesse uma especulação louca, que
ainda não regressou para os valores reais".
"Temos pessoas
que agora já conseguem arrendar casas por 250 euros, o que era um mito há uns
anos, e, mesmo assim, são poucas as que conseguem" uma renda desse valor,
constatou o membro do PISACC.
Também Teresa
Sousa, do Centro de Acolhimento João Paulo II, nota um aumento de sem-abrigo,
verificando que, se antes encontrava "20 a 30 pessoas" nos giros de
rua, hoje chega a encontrar "80".
"A falta de
políticas sociais e a crise" são, para Teresa Sousa, as principais razões
deste aumento, observando cada vez mais "casais, famílias completas e
jovens" sem-abrigo, "o que era raro".
A técnica daquela
instituição de Coimbra considerou também que "a falta de habitação social
fomenta a população sem-abrigo".
Teresa Sousa frisou
ainda que o Centro de Acolhimento está de momento a lançar uma campanha para
recolha de cobertores para sem-abrigo, por estar sem “stock”, precisando
"urgentemente de roupas quentes".
JYGA // SSS – Lusa –
foto Paulo Novais
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