domingo, 16 de fevereiro de 2014

Associações de Coimbra alertam que há famílias e jovens na população sem-abrigo

 


Associação de Coimbra e projeto de intervenção alertam que a população sem-abrigo está a aumentar na cidade e que se encontram "famílias, casais e jovens" a viver na rua.
 
O Diagnóstico Social do Município de Coimbra de 2013 revela que houve um aumento de 133 pessoas na população sem-abrigo, entre 2010 e 2012, passando de 593 para 714 o número de pessoas na rua.
 
"Temos a clara certeza de que a tendência é para o número aumentar", afirmou à agência Lusa Paulo Pereira, membro do Projeto de Intervenção com os Sem-Abrigo do Concelho de Coimbra (PISACC) em representação da Assistência Médica Internacional (AMI).
 
Paulo Pereira considerou que "a classe média está a engrossar estes números, para além da pobreza tradicional".
 
"Perdem o carro, o emprego, a casa e acabam na rua. Preocupa-nos imenso este fenómeno", alertou o membro do PISACC, considerando que, caso houvesse "habitação social disponível, vários dos casos de sem-abrigo não existiriam".
 
Contudo, de acordo com Paulo Pereira, "nenhuma câmara tem capacidade para responder a todos os pedidos" e construir "duas ou três mil casas não é fácil nem lógico".
 
Para o também diretor do Centro Porta Amiga da AMI, "o mercado imobiliário de Coimbra não ajuda", por apresentar "particularidades", ao ter uma elevada procura, por parte de estudantes, de quartos para arrendar.
 
Para além das características da cidade, há também "uma bolha imobiliária", que levou a que, "durante 20 ou 25 anos, houvesse uma especulação louca, que ainda não regressou para os valores reais".
 
"Temos pessoas que agora já conseguem arrendar casas por 250 euros, o que era um mito há uns anos, e, mesmo assim, são poucas as que conseguem" uma renda desse valor, constatou o membro do PISACC.
 
Também Teresa Sousa, do Centro de Acolhimento João Paulo II, nota um aumento de sem-abrigo, verificando que, se antes encontrava "20 a 30 pessoas" nos giros de rua, hoje chega a encontrar "80".
 
"A falta de políticas sociais e a crise" são, para Teresa Sousa, as principais razões deste aumento, observando cada vez mais "casais, famílias completas e jovens" sem-abrigo, "o que era raro".
 
A técnica daquela instituição de Coimbra considerou também que "a falta de habitação social fomenta a população sem-abrigo".
 
Teresa Sousa frisou ainda que o Centro de Acolhimento está de momento a lançar uma campanha para recolha de cobertores para sem-abrigo, por estar sem “stock”, precisando "urgentemente de roupas quentes".
 
JYGA // SSS – Lusa – foto Paulo Novais
 

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