"Governo de
combate" de Manuel Valls não inclui ecologistas e é resultado de intensas
negociações com as diferente fações do PS.
Daniel Ribeiro, correspondente em Paris – Expresso
As negociações para
definir a composição do novo Governo francês foram difíceis. O
primeiro-ministro Manuel Valls esteve reunido mais de duas horas, na manhã
desta quarta-feira (a partir das 8h, 7h em Lisboa) com o Presidente François
Hollande, no Eliseu.
Como se previa,
Ségolène Royal, ex-candidata à presidência francesa e mãe dos quatro filhos de
Hollande, regressa ao centro do poder em França. Depois da separação de
Hollande de Valérie Trierweiller, Ségolène viu caírem os obstáculos que a
impediam de assumir um posto de relevo no Governo. É a nova ministra da
Ecologia, do Desenvolvimento Durável e da Energia.
Entre os nomes mais
fortes do Governo de Manuel Valls, de assinalar que Laurent Fabius permanece
ministro dos Negócios Estrangeiros (agora também com a pasta do Comércio
Externo) e que Michel Sapin passa do ministério do Trabalho para as Finanças.
Arnaud Montebourg e
Benoit Hamon, ambos da ala esquerda do PS, sobretudo este último, que tem uma
"corrente" bem organizada no partido, são promovidos. Montebourg é o
novo ministro da Economia e da Recuperação Económica e Hamon passa a ministro
da Educação. Pierre Moscovici, que era ministro da Economia e Finanças, sai do
Governo. Christiane Taubira permanece na Justiça e Jean-Yves le Drian na Defesa.
Trata-se de um
Governo muito mais restrito do que o anterior, com apenas 16 ministros,
"de combate", como anunciou na segunda-feira o chefe de Estado, e é o
resultado de equilíbrios delicados e negociados até ao mais pequeno detalhe
entre as diversas facções socialistas. Hoje apenas foram divulgados os nomes
dos ministros - os dos secretários de Estado serão anunciados posteriormente.
Viragem à direita?
Desde a sua
nomeação, a seguir à derrocada dos socialistas nas autárquicas dos dois últimos
fins de semana, Manuel Valls esteve praticamente em reuniões permanentes com os
novos e antigos ministros e ainda com os ecologistas, cujo partido recusou
entrar para o novo Executivo, e com as diversas tendências do PS francês.
A sua designação
como chefe do Governo não tinha sido bem acolhida pela ala esquerda do seu
partido, mas a nomeação de Hamon para o ministério da Educação garante-lhe
certamente o apoio da maioria do PS.
Valls é da ala
direita - "social-democrata" - do PS e foi a escolha de François
Hollande para responder aos resultados eleitorais nas autárquicas, que se
traduziram numa clara viragem à direita na relação de forças dos partidos
políticos no país.
Ao designar Valls
para a chefia do Executivo, o Presidente seguiu a viragem do país e não a do
seu eleitorado que, ao abster-se massivamente nas municipais ou ao votar contra
o PS, pediu o contrário - o respeito pelas promessas de Holande durante a campanha
eleitoral para as presidenciais, em 2012, que eram de esquerda.
Na foto: Ségolène
Royal, ex-companheira de François Hollande, é a nova ministra da Ecologia, do
Desenvolvimento Durável e da Energia - Getty
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