Christine
Lagarde é acusada de negligência pela Justiça francesa por ter concordado com o
pagamento de uma indenização milionária a um amigo de Sarkozy quando era
ministra da Economia da França.
A
diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, foi
acusada de negligência pela Justiça francesa, depois de ter sido interrogada
durante várias horas no âmbito de uma investigação sobre o pagamento de uma
indenização pelo Estado a um empresário. Apesar da acusação, Lagarde declarou à
imprensa francesa que não pretende abandonar seu atual cargo.
Ela
prestou declarações nesta terça-feira (26/08), durante 15 horas, na Corte de
Justiça da República (CJR) da França, instância judicial que tem competência
para julgar ministros por alegados delitos cometidos durante o período em que
exerceram os cargos.
A
ministra da Economia do governo do ex-presidente Nicolas Sarkozy já foi
interrogada quatro vezes pelo mesmo tribunal, mas sempre na qualidade de
testemunha, e só agora foi acusada formalmente pela Justiça.
"A
comissão de instrução da CJR decidiu me colocar em investigação formal [mise en
examen] com base numa simples negligência", declarou Lagarde à agência de
notícias AFP, na presença de seu advogado, Yves Repiquet.
Na
França, quando um suspeito é submetido a uma investigação formal (mise en
examen), isso significa que há indícios consistentes de que ele tenha cometido
irregularidades. Nem sempre, porém, a investigação leva a julgamento.
A
investigação pretende determinar se houve tratamento privilegiado na atribuição
de uma indenização de 403 milhões de euros ao empresário Bernard Tapie em 2007.
Ele havia se sentido prejudicado na venda da empresa de equipamento esportivo
Adidas, da qual era acionista majoritário, pelo banco Crédit Lyonnais, em 1993.
Tapie
havia confiado a venda da empresa ao banco Crédit Lyonnais. Quando este a
revendeu pelo dobro do preço, o empresário se sentiu lesado e exigiu uma
indenização do Estado, principal acionista do Crédit Lyonnais.
Após
vários anos de litígio em tribunal, a ministra da Economia do governo de
Sarkozy, cargo que exerceu entre 2007 e 2011, antes de ter sido nomeada como
diretora do FMI, decidiu que o valor da indenização a Tapie fosse determinado
por um tribunal arbitral.
O
fato levou à abertura da investigação judicial sobre suspeita de corrupção.
Suspeita-se que Tapie, que apoiou Sarkozy em 2007, tenha recebido um tratamento
privilegiado por o caso ter sido decidido por um tribunal arbitral e por o
governo não ter recorrido da decisão.
Cinco
pessoas foram acusadas pelos juízes do tribunal, entre eles Tapie, conhecido
pela amizade que mantém com o ex-presidente Sarkozy, e o antigo chefe de
gabinete de Lagarde, Stéphane Richard, atual presidente da operadora de
telecomunicações francesa Orange.
Deutsche
Welle - AS/lusa/afp
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