Ouvi-te
dizer no ex-Pontal, atual calçadão da Quarteira, ou lá onde foi, que não fazes
mais propostas para a reforma das pensões e pensionistas. Eu estive a pensar e
decidi seguir a tua linha - também não faço nem mais uma proposta. Este é um
dos dois pontos que temos em comum; o outro é o de nem tu nem eu termos feito
alguma vez qualquer proposta.
Henrique
Monteiro – Expresso, opinião
Os
pensionistas são uns chatos totais. Gastam dinheiro e não produzem; estão
sempre doentes; queixam-se tanto que a sua associação se chama Apre, que, como
se sabe, é uma interjeição apenas usada por quem tem dores provocadas pelos
bicos de papagaio.
Além
disso, os pensionistas são uma raça resiliente. Parecem urtigas. Não morrem,
não emigram, não deixam de votar. Há pensionistas tão ingratos que chegam a ir
votar de ambulância. A maioria fá-lo porque é do PCP ou da ala esquerda do PS
e, apesar de ser velho, tem ilusões sobre a melhoria do pessoal político do
país. Só no Bloco de Esquerda não há pensionistas, porque aquilo é gente que
foge das pensões como o diabo da cruz. No Bloco o que há é campistas - nada
numa pensão os atrai.
Os
ricos, já se sabe, são hotelistas, e só não se assumem como tal porque isso
lhes faz lembrar o Otelo Saraiva de Carvalho, personagem que, por sua vez, é
pensionista, malgrado o nome.
Seja
como for, é como disseste - e bem -, ó Passos, ninguém, nem mesmo um
pensionista merece esta indefinição sobre o seu futuro imediato (a médio prazo,
os pensionistas têm um futuro claro que passa por funerárias, cemitérios e
gastos do Estado sob a forma de subsídio de funeral). Por isso, bastou-me
ouvir-te para decidir eu também:
"Não
farei mais propostas para reformar a segurança social"!
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