Jornal
de Angola, editorial
A
estabilidade em África é um pilar fundamental que países do continente querem
ver consolidado, promovendo parcerias multilaterais destinadas à criação de
mecanismos de prevenção e resolução de conflitos e à realização de operações de
assistência a vítimas de guerras
Num
mundo cada vez mais complexo, com forças retrógradas a pretenderem inviabilizar
o desenvolvimento do continente africano, com recurso à violência extrema para
paralisar o funcionamento normal dos Estados, é compreensível que estes se
organizem para formar frentes coesas com vista a fazer face a crises,
dotando-se de meios humanos e materiais capazes de acudir rapidamente a
situações que ponham em causa a segurança e paz dos seus povos.
Angola faz parte da região Austral do continente africano, onde tem assumido responsabilidades, na sua adesão aos esforços que são empreendidos nessa parte de África no sentido de se afastarem a qualquer momento eventuais perigos para a paz e segurança.
O nosso país faz parte de uma comunidade - a SADC - que promove o desenvolvimento dos seus povos, fazendo todo o sentido que esta organização assegure a estabilidade para conseguir atingir os seus objectivos em termos de progresso económico e social.
Pretendem todos os Estados membros da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) actuar em conjunto para enfrentar os problemas comuns, e isso é positivo, na medida em que cada país pode colocar ao serviço daquela organização regional conhecimentos e experiências, para que todos tirem partido das vantagens de pertencerem a uma organização regional que prioriza a defesa de interesses colectivos. O terrorismo, o tráfico de drogas e de seres humanos e os conflitos armados são desafios a que têm hoje de fazer também face os Estados da África Austral, o que requer preparação constante, para se ultrapassarem os problemas decorrentes de fenómenos nocivos às sociedades, como é o caso das guerras intra-estatais.
Os Estados compreendem que a cooperação multilateral os torna mais fortes e em condições de intervirem com elevado nível de eficiência e eficácia em graves situações de crise, geradas por forças que pretendem desestabilizar instituições estatais e perturbar a vida das populações. Na África Austral, a SADC leva a cabo acções concretas de preparação de forças especiais dos exércitos dos países membros, para que estes estejam à altura de, em quaisquer circunstâncias, defender a sua soberania e integridade territorial e de prestar também, se for caso disso, ajuda a outros Estados que se situam fora da região e que estejam afectados por crises.
Pretende-se que haja um continente africano livre de crises, ou seja, sem conflitos armados, para que os Estados possam dedicar-se exclusivamente à promoção do bem-estar. A experiência da SADC de criar forças especiais para a manutenção da paz constitui um passo significativo em busca da necessária estabilidade de que o continente precisa para retirar a África do subdesenvolvimento.
Os olhos de potenciais investidores de muitas partes do mundo estão postos em África, que dizem ser a terra das grandes oportunidades e onde podem realizar negócios lucrativos. A África precisa de investimentos para transformar a riqueza potencial em riqueza real. Governos dos países de África têm criado um ambiente propício ao investimento, não só de empresas de outros continentes, mas também de investidores africanos, que, por via de políticas públicas, têm sido incentivados a investir no seu próprio continente.
Para tanto, é preciso estabilidade permanente. Na verdade, não é possível impulsionar o crescimento e o desenvolvimento económico se não houver paz. E a paz tem de ser defendida, para o que são necessárias umas forças armadas competentes e com grau de operacionalidade que dê garantias de efectiva segurança em toda a extensão dos territórios dos Estados. Só em condições de estabilidade é possível atrair empresários ou potenciais empresários para a actividade económica, em que as unidades de produção de bens e serviços sejam agentes geradores de riqueza para a superação de muitos problemas de África.
Há uma relação entre a estabilidade e o desenvolvimento. De forma recorrente se
tem dito que sem paz e segurança no continente não podemos construir sociedades
prósperas, com boa qualidade de vida. Os efeitos da instabilidade são nefastos.
Sabe-se que as guerras causam danos de difícil reparação, e nem todos os
países africanos possuem recursos financeiros suficientes para
reconstruir o que é destruído. Evitar as guerras, por via de mecanismos de
prevenção, deve continuar a ser uma prioridade, no interesse dos povos de
África, que estão cansados de viver no atraso económico e social.
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