domingo, 23 de novembro de 2014

Portugal: A justiça deveria ser exemplo de seriedade, produzindo mais com menos alarido




A detenção do ex-PM José Sócrates à sua chegada ao aeroporto de Lisboa vindo de Paris - detenção, como já vem sendo hábito, acompanhada em directo por câmaras de televisão muito convenientemente convocadas para o local (?!) -, leva-me a pensar que está a chegar finalmente a hora de nós, Portugueses, começarmos a exigir, de uma vez por todas, uma rigorosa prestação de contas (e responsabilização) pelos eventuais ilícitos e abusos praticados por toda esta gente, incluindo políticos, banqueiros, empresários, especuladores e... juízes, procuradores e polícias envolvidos. 

Sim, porque eu começo a ficar um bocadinho farta de assistir ao espectáculo mediático de muitas detenções e denúncias por parte dos poderes judicial e policial, para no fim acabar tudo prescrito ou em águas de bacalhau, por falta de provas. É que, por maior gozo que dê aos adversários políticos e a muitos portugueses que culpam o ex-PM pela crise assistirem pela televisão à detenção de José Sócrates, deter para interrogatório um ex-primeiro-ministro às 23 horas de uma sexta-feira, em pleno aeroporto, ainda por cima com cobertura de Imprensa, é um assunto demasiado sério para que seja admissível que algum juiz ou procurador venha dizer-nos, amanhã ou depois, que afinal não era nada de muitíssimo grave. A justiça deveria começar a dar um exemplo de seriedade, produzindo mais com menos alarido. Para podermos acreditar que algo está efectivamente a mudar e que isto não é apenas desejo de protagonismo de alguns ou de vingança de outros.

Estaremos aqui para ver.

Lurdes Feio, ontem - Facebook

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