Wolfgang
Münchau escreve no Financial Times que a única opção de quem defende a “visão
consensual” de que a Europa precisa de mais investimento público e
reestruturação da dívida é apoiar o Die Linke, o Syriza ou o Podemos.
Wolfgang
Münchau, um dos mais importantes colunistas do Financial Times, escreveu na edição de domingo que é a
esquerda radical que tem razão em relação à dívida europeia. Para quem partilha
a opinião, que ele considera consensual, de que a Europa precisa de mais
investimento público e de reestruturar a dívida, a única opção que se lhe
apresenta é apoiar o Die Linke na Alemanha, o Syriza na Grécia e o Podemos em
Espanha.
“Pode
não se considerar um apoiante da esquerda radical. Mas se vive na eurozona e
apoia estas políticas, essa seria a única escolha”
Elogio
ao Podemos
Irónico,
o colunista afirma que os partidos social-democratas podem defender esta
política quando estão na oposição, mas “logo que chegam ao governo sentem a
necessidade de se tornar respeitáveis”.
Dos
“partidos radicais que emergiram recentemente na Europa”, Münchau destaca o
Podemos: “Pelo que li até agora, pode ser aquele que mais se aproxima, de todos
os da eurozona, de apresentar uma abordagem consistente da gestão económica
pós-crise.”
O
colunista cita Nacho Álvarez e a sua defesa da redução da dívida,
combinando renegociação das taxas de juros, ampliação de prazos, redução do
valor (haircut). Em relação ao euro, Álvarez não defende a saída, mas afirma
que não insistirá na permanência a qualquer custo. Para Münchau, esta parece
uma “posição equilibrada”. Mas na Espanha, observa, “oestablishment teme
que esta agenda irá converter o país numa versão europeia da Venezuela”.
“Nada
há de controverso na afirmação de que a dívida é insustentável”
Pelo
contrário, afirma o colunista do conservador diário económico: “Nada há de
controverso na afirmação de que a dívida é insustentável e tem de ser
reestruturada. Ou de que se o euro for trazer décadas de sofrimento, é
perfeitamente legítimo questionar as políticas e instituições da eurozona”.
Para
Münchau, “é uma grande tragédia o facto de serem os partidos da
extrema-esquerda os únicos a apoiar políticas como a reestruturação da dívida.
A subida do Podemos mostra a procura de uma política alternativa. Se os
partidos estabelecidos não mudarem de posição, deixarão um grande espaço para o
apoio ao Podemos e ao Syriza”.
Sondagens
dão vitória a Syriza e Podemos
No
dia seguinte à publicação desta opinião do colunista do FT, as sondagens vieram
confirmá-lo. Na Grécia, o Siryza aparece em 1º lugar, com 38,5%, com 11,5
pontos à frente da Nova Democracia. A manter-se este resultado, e de acordo com
as leis eleitorais da Grécia, o partido liderado por Alexis Tsipras teria
maioria absoluta garantida no Parlamento. Na Espanha, o Podemos surge em 1º
lugar, com 28,3%, seguido do PP com 26,3% e do PSOE com 20,1%.
Na
foto: Pablo Iglésias, do Podemos, na sessão internacionalista promovida pelo
GUE/NGL em Lisboa. Foto
de Paulete Matos
Esquerda
net
Leia
mais em Esquerda net
Sem comentários:
Enviar um comentário