Nas
redes sociais não há dúvidas: é preciso continuar com as manifestações e criar
“movimentos fortes com caráter partidário”. Entretanto, Movimento
Revolucionário prepara novos métodos de luta contra o Governo angolano.
Em
Luanda, as autoridades impediram
a realização de mais uma manifestação no último domingo (07.12). Desta
vez, os ativistas pretendiam marchar pelas ruas da capital angolana para apelar
ao ''fim da violência policial'' contra os jovens manifestantes.
A
iniciativa, que contou com o apoio de várias organizações de defesa dos
direitos humanos, começou com a detenção de vários ativistas logo nas primeiras
horas de domingo. As forças policiais levaram os manifestantes até à casa do
ativista Manuel Nito Alves. Horas mais tarde, os jovens acabaram por ser postos
em liberdade.
Na
página do Facebook da
DW (Português para África) não faltaram incentivos dirigidos aos
jovens ativistas. "Continuem com as manifestações. Sem isso nunca haverá
liberdade nem prosperidade. Essa é a única via para acabar com um governo
tirano", sublinha Geraldo Tomé Abreu.
"Força
jovens angolanos. Não é fácil montar uma revolução", encoraja Kleimor
Romão Belo, enquanto Estêvão Ferreira destaca "a coragem dos jovens
angolanos".
Estratégias
de luta
Que
alternativas restam, então, aos jovens angolanos para exporem as suas
insatisfações? Em entrevista à DW África, o escritor e jornalista Domingos
da Cruz defende que ''a solução para Angola'' passa por uma
"solução popular que seja capaz de fazer ruir o edifício da ditadura
instalada no país".
"A
única saída é queixarem-se à comunidade internacional, para que venha ajudar na
proteção dos manifestantes à serem protegido, em vez de serem agredidos pelas
autoridades policiais", sugere também Francismar Hex Kamota no debate
iniciado na página do Facebook da
DW (Português para África).
Na
opinião de João Lourenço, "Angola precisa de uma revolução séria".
Para Efrayme Allbert, os ativistas "devem criar movimentos fortes com
carácter partidário", considera, por sua vez, David Walinga Muenho.
"Os líderes da oposição também devem aderir às manifestações",
defende também David Walinga Muenho.
Sapeck
Hercúleo insiste que as manifestações são "a solução para a liberdade do
povo e para haja boa governação, justa e sem esconder opiniões. Estamos
cansados de mentiras e do roubo da riqueza."
Fernando
Manuel Cavalo espera que "Angola se torne num país democrático", mas
para isso "é necessário um Governo capaz de dar a liberdade ao seu
povo."
Ativistas
"abertos ao diálogo"
A
JMPLA, braço juvenil do partido no poder, anunciou recentemente que quer realizar
um debate
"franco e aberto" com os ativistas do Movimento
Revolucionário, promotores de várias organizações anti-Governo.
Em
declarações à DW África, o ativista Adolfo Campos, um dos rostos do movimento
contestatário ao regime, revelou que o Movimento Revolucionário está aberto ao
diálogo. No entanto, só pretendem debater os fundamentos das manifestações com
as figuras de topo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Os
jovens ativistas consideram que o líder da JMPLA, Tomás Bica, não tem bagagem
suficiente para responder às questões que lhe serão colocadas.
Adolfo
Campos adiantou também que chegou a hora de delinear “métodos
mais eficientes” de lutacontra o Governo do Presidente José Eduardo dos
Santos. "A polícia não está a trabalhar para o povo, mas sim para um
partido, que é o MPLA", critica o ativista.
Agressões
constantes
Recentemente,
defensores dos direitos humanos em Angola mostraram-se chocados com as
agressões de que foi vítima Laurinda
Gouveia. A violência contra a jovem de 26 anos foi atribuída a agentes da
polícia e dos serviços secretos por ela ter participado numa manifestação
convocada para 22.11 pelo Movimento Revolucionário.
A
acção de protesto que visava exigir justiça contra os autores da morte do
militante da CASA-CE Manuel Hilberto Ganga e pedir a demissão do Presidente
José Eduardo dos Santos, no poder há 35 anos.
A
agressão sofrida pela jovem ativista é apenas uma mostra do que acontece em
Angola, disse à DW África o presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia
(AJPD), António
Ventura, por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos (10.12).
Nesse
mesmo dia, o secretário de Estado para os Direitos Humanos de Angola, António
Bento Bembe, pedia aos cidadãos do país para terem mais responsabilidade ao
exercer a liberdade de reunião e manifestação previstas na constituição.
Madalena
Sampaio – Deutsche Welle
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