O
presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, defendeu no domingo
a revisão de todo o acordo com os Estados Unidos relativo à base das Lajes, e
não apenas a sua parte técnica, como admitiu o primeiro-ministro.
"Quando
falamos de rever o acordo técnico, estamos a falar, a circunscrever o impacto
desta decisão apenas à base das lajes e o que eu acho é que a forma como este
processo foi conduzido pelos Estados Unidos da América merece uma resposta mais
firme, mais determinada, da parte do Estado português", disse Vasco
Cordeiro, numa entrevista à RTP, acrescentando que, "naturalmente, tem de
ser desencadeada a revisão do acordo [todo]".
O
presidente do executivo açoriano sublinhou que os EUA confirmaram no início
deste mês que vão retirar das Lajes, na ilha Terceira, 500 civis e militares
norte-americanos e despedir 500 trabalhadores portugueses, exatamente a mesma
decisão que haviam já transmitido a Portugal há dois anos.
"Durante
os últimos dois anos, os mais variados níveis de representação política e
institucional do nosso país demonstraram aos EUA que esta era uma decisão que
necessitava ser modelada, era uma decisão que, como fora anunciada, não deveria
ir avante", sublinhou, repetindo a expressão "monumental bofetada na
casa do Estado português", que utilizou no dia em que se soube da decisão
norte-americana.
O
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu, na sexta-feira, que os EUA
"não podem deixar de atender" ao impacto económico da redução da sua
presença na Base das Lajes e admitiu suscitar a revisão do acordo técnico
bilateral.
Vasco
Cordeiro referiu que o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA
prevê "os mecanismos" para ser acionada a sua revisão e integra
várias áreas, que vão desde a utilização das instalações da base das Lajes, a
cooperação militar ou investigação e desenvolvimento na área da Defesa.
O
presidente do executivo açoriano, que na segunda-feira se reúne com o
Presidente da República, admitiu ainda a possibilidade de a infraestrutura das
Lajes ser usada por outro país que não os EUA, como a China, com quem Portugal
tem "uma relação diplomática" que é "muito anterior" àquela
que tem com Washington.
"Se
é certo que, do ponto de vista militar, há muito que nos distingue, do ponto de
vista do interesse comercial se calhar, não há assim tanto", afirmou,
admitindo a possibilidade de serem avaliadas "as pretensões que podem
existir quanto à rentabilização das instalações que existem nos Açores, no meio
do atlântico, para um conjunto de interessados que podem ter uma comunhão de
interesses" com os nacionais.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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