quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Portugal. MARQUES GUEDES DESCONHECE O QUE É DIGNIDADE POR NÃO A TER?


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

A notícia sobre declarações de Marques Guedes, um ministro do governo justamente conhecido por Bando de Mentiroso, acerca do que afirmou Juncker na UE, é de bradar aos céus e ao inferno. Disse Guedes que Junker foi “infeliz” ao afirmar que "Pecámos contra a dignidade dos povos, na Grécia e em Portugal". Completou o seu raciocínio e desconhecimento de dignidade afirmando “porque nunca a dignidade de Portugal nem dos portugueses foi beliscada, pela 'troika' ou qualquer das suas instituições”.

Por ser desconhecimento de Marques Guedes o que é dignidade não deve ser inferido das suas palavras que é um grande aldrabão, um sacana de primeira-apanha. Um descarado. É que se Guedes tivesse uma pálida noção daquilo que é dignidade recordar-se-ia dos portugueses que perderam os empregos, as suas casas, as suas famílias, a sua normal capacidade de subsistir através da sua autonomia, a capacidade de terem um ordenado para as despesas familiares e se alimentarem em vez de terem de recorrer à caridadezinha fomentada salazar e prazenteiramente pelo ministro Mota Soares porque a fome gritava mais alto. Ou mesmo recorrer à caridade de adquirir agasalhos, umas mantas, para dormitarem ao frio nalgum recanto mais abrigado. Os sem-abrigo aumentaram descomunalmente. Os esfomeados também, incluindo crianças que chegam à escola sem terem tomado o pequeno-almoço ou nem sequer jantado na noite anterior. E as contas para pagar daqueles que ainda hoje passam fome mas têm as suas casas? Casas sem electricidade porque não tiveram como pagar os consumos debitados. O mesmo acontecendo ao fornecimento de água e a tantas outras despesas fixas que uma família tem de suportar. E a renda de casa? Como satisfaz o pagamento de uma renda de casa quem está desempregado e que recebe uma miséria de subsidio de desemprego ou até nem isso recebe?

É a miséria absoluta que o governo a que pertence Marques Guedes proporcionou a milhões de portugueses. Dificuldades e mais dificuldades para sobreviverem. Registam-se mais suicídios, mais violência doméstica, mais criminalidade, mais reclusos nas prisões, mais maus tratos a crianças, mais crianças abandonadas… Tudo isso é perda de dignidade de Portugal e dos portugueses. Quem a causou foi o governo de Passos Coelho ao ir ainda “mais além da Troika” – como afirmou todo garboso por se sentir carrasco credenciado dos portugueses. Credenciado por Merkel e pelo capitalismo selvagem que servem sem pejo de assassinarem idosos nas salas de espera de hospitais porque o Serviço Nacional de Saúde está inoperacional em imensos aspetos devido à sua destruição por este governo que é de Marques Guedes e de outros seus pares. Gentalha que não merece o mínimo respeito dos portugueses e que nem em nome deles devem falar. Pelo menos daqueles que tiveram de perder a dignidade que a Constituição da República Portuguesa consagra: saúde, educação, emprego, habitação, alimentação… Mais palavras para quê?

Fiquemos por aqui. O benefício da dúvida faz parte da democracia e da justiça. Admitamos que Marques Guedes desconheça o que é dignidade e que só por isso não é um grande sacana, como comprovadamente são outros seus pares no governo. Pergunte-se entretanto se é possível que um desconhecedor de dignidade possua a dignidade imprescindível a todos os humanos, a todos os seres vivos, para respeitar a dignidade dos outros. Qual será a resposta?

A resposta estará inserida no artigo que se segue? Uma resposta esclarecedora. Infeliz. Não é?

Marques Guedes. Juncker foi "infeliz e dignidade de Portugal nunca foi beliscada"

O ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares classificou hoje as declarações da véspera do presidente da Comissão Europeia de infelizes, garantindo que a dignidade de Portugal "nunca foi beliscada" pela 'troika'.

"Acho, manifestamente, que é uma declaração bastante infeliz do presidente da CE porque nunca a dignidade de Portugal nem dos portugueses foi beliscada, pela 'troika' ou qualquer das suas instituições. Só posso classificá-la como declaração infeliz", afirmou Marques Guedes, na conferência de imprensa após o conselho de ministros, em Lisboa.

O luxemburguês Jean-Claude Juncker afirmara quarta-feira que a 'troika' "pecou contra a dignidade" de portugueses, gregos e também irlandeses, reiterando que é preciso rever o modelo e não repetir os mesmos erros.

"Pecámos contra a dignidade dos cidadãos na Grécia, Portugal e muitas vezes na Irlanda também", disse Juncker perante o Comité Económico e Social, admitindo que a afirmação pode parecer "estúpida" dita pelo ex-presidente do Eurogrupo.

"O programa da 'troika', imposto nomeadamente a Portugal, é um programa bastante duro, cuja dureza tinha a ver com a situação extremamente difícil em que o país se encontrava. É conhecido que Portugal conseguiu, através da credibilidade e confiança que granjeou, ir fazendo correções ao próprio programa, em termos de metas e objetivos", referiu o responsável governamental português.

Para Marques Guedes, as metas e objetivos "eram manifestamente desajustados porque tinham sido mal negociados de início".

"Cumprimos e Portugal conseguiu sair da situação difícil e merecer a confiança dos parceiros europeus", destacou.

HPG (ARP) // SMA - Noticias ao Minuto/Lusa

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