Lisboa,
27 fev (Lusa) - O Prémio Nobel da Paz José Ramos-Horta assegurou hoje que o
ex-primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão "vai ser leal" ao atual
chefe do Governo de Timor-Leste, Rui Maria Araújo, porque "sabe respeitar
a hierarquia do Estado".
Falando
numa Palestra intitulada "Timor-Leste, desafios e perspectivas", José
Ramos Horta, ex-presidente timorense, entre 2007 e 2012, afirmou que "há
uma reverência da parte de Xanana Gusmão", que ocupa a pasta do ministro
do Planeamento e Investimento Estratégico, depois de abandonar o executivo de
Dili.
O
VI Governo Constitucional de Timor-Leste, liderado por Rui Maria Araújo e
formado por 38 elementos, tomou posse há duas semanas numa cerimónia presidida
pelo chefe de Estado, Taur Matan Ruak.
"O
novo cargo (de Xanana Gusmão) foi escolha de todos nós" timorenses, disse,
em Lisboa, o Prémio Nobel da Paz-1996, um dos mais destacados líderes políticos
de Timor-Leste.
"As
decisões são tomadas em Conselho de Ministros. As figuras chaves do governo são
o primeiro-ministro e o das Finanças. Xanana Gusmão decidiu pegar num
ministério estratégico, mas não vai fazer muito mais do que aquilo que for
aprovado pelo Conselho de Ministros e o Parlamento. Ele quis pegar nesta área
para assegurar todo o apoio ao primeiro-ministro", disse José Ramos Horta.
O
também antigo primeiro-ministro (2006-07) de Timor-Leste defendeu o atual
figurino adotado pelas autoridades timorenses que culminou com a criação de um
governo de inclusão nacional.
José
Ramos Horta esteve directamente envolvido no processo de mudança que se
materializou no abandono, por parte de Xanana Gusmão, do cargo de
primeiro-ministro, substituído por Rui Maria de Araújo.
Durante
a palestra, Ramos-Horta defendeu um modelo próprio para Timor-Leste, afirmando
"não acreditar na ideia de que um governo de unidade nacional enfraqueça a
democracia".
"O
estilo clássico de que quem ganha a eleição leva tudo, não é muito saudável.
Foi isso que recomendei à Guiné Bissau", enquanto representante das Nações
Unidas naquele país africano.
"Vamos
ver o que acontece em 2017", ano em que decorrerão as eleições em
Timor-Leste.
Ramos-Horta
mostrou-se otimista quanto ao futuro político e socioeconómico do país,
destacando o sucesso dos anteriores governos do país, nomeadamente o modelo
escolhido para gerir o fundo petrolífero.
"Timor-Leste
está protegido em relação ao petróleo" e "tem excelentes
relações" com os países vizinhos, disse Ramos-Horta, que elogiou as
"decisões prudentes" do antigo governante Mari Alkatiri quanto à gestão
dos fundos públicos provenientes de petróleo.
MMT
// JPF
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