Díli,
24 mar (Lusa) - O "diagnóstico" que o Governo timorense quer realizar
à justiça pretende apenas identificar as "deficiências" do setor e
não constituição qualquer tentativa de ingerência ou interferência, disse hoje
o ministro Coordenador da Justiça.
"Trata-se
de um diagnóstico necessário antes de qualquer reforma. Não deve ser
interpretado como uma ingerência nos tribunais", disse Dionísio Babo que é
também ministro Coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e ministro
da Administração Estatal.
"É
um diagnóstico geral para identificar fraquezas. O governo considera isto um
assunto importante", disse no debate do Programa do Governo que começou
hoje no Parlamento Nacional.
Segundo
Dionísio Babo o processo de realização da análise ao setor está atualmente a
ser coordenado com o ministro de Estado e da Presidência do Conselho de
Ministros, Agio Pereira, e o ministro da Justiça, Ivo Valente.
A
análise ao setor judicial está prevista numa das polémicas resoluções aprovadas
em outubro e novembro do ano passado sobre o setor judicial que, alegando
"motivos de força maior e de interesse nacional", as primeiras
resoluções suspenderam os contratos com funcionários judiciais internacionais,
a maior parte portugueses, que estava a trabalhar no país.
Dias
depois o Governo timorense dava mais um passo, com uma resolução em que
ordenava aos serviços de migração a expulsão dos funcionários judiciais
internacionais, incluindo cinco juízes, um procurador e um oficial da PSP de
nacionalidade portuguesa, num prazo de 48 horas.
Uma
das resoluções, a 11/2014, considera necessária a "realização de uma
auditoria ao setor da justiça" numa altura em que "o Sistema da Justiça
de Timor-Leste tem vindo a ser chamado à resolução de processos com cada vez
maior complexidade, sendo quotidianamente posto à prova, quer pelos cidadãos de
Timor-Leste, quer pelos estrangeiros que a ele recorrem".
Como
exemplo a resolução destaca os casos em que "os contratantes da exploração
petrolífera de Bayu-Undan processaram o Estado em mais de 50 complexos
processos de tributação internacional" junto dos tribunais nacionais
timorenses.
"Os
referidos processos, tal como outros, têm revelado algumas das fragilidades de
que o nosso ainda jovem sistema judicial padece", refere o texto.
"Não
só pela especialidade da matéria em causa nestes processos, pondo à prova os
nossos recursos humanos e a capacidade de resposta dos Tribunais, mas também
pelos inúmeros incidentes referentes a irregularidades jurídicas, tanto
materiais como processuais, que vêm contaminando os processos, expondo o país a
ameaças externas à sua soberania e subsequente segurança nacional",
sublinha.
Motivos
pelos quais o Parlamento insta o Governo a "proceder a uma avaliação do
funcionamento do Sector da Justiça no seu todo, e uma vez que a atividade
desenvolvida, ao longo dos últimos catorze anos, pelos órgãos que integram o
referido Sistema da Justiça, permite já alcançar conclusões claras sobre as
necessidades presentes e futuras" da magistratura.
ASP
// JCS
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