Policiais
teriam arrastado afegão pela delegacia, e marroquino teria sido obrigado a
comer do chão carne de porco estragada. Promotoria abre investigação, e ONG
pede que "cúmplices" também sejam responsabilizados.
A
ONG Pro Asyl pediu nesta segunda-feira (18/05) a ampliação da investigação
sobre as denúncias de que policiais federais de Hannover teriam abusado de
refugiados e registrado os maus-tratos em seus celulares.
O
presidente da ONG, Günter Burkhardt, disse que os abusos revelam "um nível
estarrecedor de racismo e desprezo aos seres humanos". Ele defendeu que os
policiais que sabiam dos supostos abusos e não se pronunciaram também sejam
investigados.
"Toda
sujeira precisa ser divulgada", disse Burkhardt, que chamou a inação de
outros policiais enquanto colegas supostamente torturavam refugiados de
"escândalo dentro do escândalo".
De
acordo com o procurador-geral de Hannover, Thomas Klinge, os suspeitos,
acusados de lesão corporal e violação da lei alemã de armas, são policiais
federais estacionados em uma delegacia de Hannover. Segundo a emissora estatal
de televisão e rádio NDR, diversos abusos foram cometidos contra refugiados que
estavam detidos na delegacia investigada.
Em
um dos casos, um refugiado de 19 anos do Afeganistão teria sido estrangulado,
além de ter sido algemado e arrastado pelos pés. Em outro, um jovem também de
19 anos, do Marrocos, teria sido humilhado dentro de uma cela e forçado a comer
do chão carne de porco crua. Os incidentes teriam acontecido na delegacia que
fica ao lado da estação ferroviária central da cidade.
Violência
gravada
Para
comprovar as denúncias, a NDR mostrou fotografias e mensagens encontradas no celular
de um dos suspeitos. Em uma das conversas pelo aplicativo Whatsapp, o policial
teria descrito os abusos cometidos contra o jovem afegão, além de ter afirmado
que "foi divertido" e "legal".
Uma
foto mostra o marroquino sendo segurado por dois policiais. A imagem teria sido
enviada com uma descrição da violência, afirmando que o jovem teria sido
obrigado a comer carne de porco já podre que foi jogada no chão pelos guardas.
Além disso, um superior teria sido informado por mensagem sobre os abusos que vinham
acontecendo no local.
Os
policiais que participaram da violência teriam sido denunciados por duas
testemunhas, de acordo com Klinge. O Ministério Público também afirmou que o
número exato de vítimas da agressão policial ainda não é conhecido e nem a identidade
delas.
Segundo
a reportagem, a busca na casa dos suspeitos e na delegacia teria sido feita
pela promotoria na sexta-feira. A sede da Polícia Federal em Hannover não quis
comentar as acusações, se limitando a dizer que há um "grande
interesse" no esclarecimento do caso.
Deutsche Welle - CN/afp/dpa
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