sábado, 19 de setembro de 2015

Angola. O EXERCÍCIO DO PERDÃO



Numa altura em que nos encontramos ainda na semana dedicada ao Herói Nacional vale a pena reflectir em torno de valores cuja intemporalidade e universalidade estiveram sempre presentes na obra do Poeta Maior, bem como tiveram continuidade após a sua partida para a eternidade.

Jornal de Angola, editorial

O sonho de numerosos nacionalistas, entre conhecidos e anónimos, traduzido na garantia de condições que proporcionam bem-estar às populações, está a tornar-se uma realidade com as conquistas diárias. 

O país viveu um conflito armado de dimensões gigantescas, opondo ideologias e formas de encarar Angola e o mundo que pareciam irreconciliáveis sob todos os pontos de vista. Para muitos, era mais fácil esperar que o desequilíbrio de forças determinasse a derrota e rendição total dos agressores do que esperar que o diálogo e a concertação para a paz predominasse. O exercício do perdão e a reconciliação entre angolanos, a julgar pela dimensão do conflito, parecia estar completamente distante. Ao longo de várias décadas, o tempo provou que grande parte do legado de Neto, nomeadamente a capacidade do exercício do perdão e do diálogo deviam continuar como elementos essenciais na busca da pacificação total de Angola. 

Afinal de  contas, a reconciliação e abertura para com forças que se opunham ao poder político tem sido exercitada desde há vários anos, embora em contextos diferentes. Em finais da década de setenta, tinha sido ensaiada a chamada Política de Clemência e Reconciliação Nacional, no âmbito da qual regressaram muitos compatriotas ao país para contribuírem para a reconstrução nacional. Os passos ensaiados, válidos fundamentalmente pelo gesto que os acompanhavam, não foram perfeitos mas permitiam distinguir a abertura da parte das autoridades angolanas. Contrariamente à ideia de que as autoridades angolanas foram sempre irredutíveis em tempos de conflito armado, a verdade é que houve sempre abertura para o diálogo, como provam as várias tentativas. 
Há dias, o ministro da Defesa Nacional disse que a visão estratégica e o espírito de perdão do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, em compreender que a paz passava pela reconciliação nacional entre todos os angolanos, concretizou a palavra de ordem de Agostinho Neto. Para João Lourenço, que discursava no acto central do Dia do Herói Nacional, sob o lema "Angola 40 anos: independência, paz, unidade nacional e desenvolvimento", na cidade de Ondjiva, província do Cunene, resolver os problemas do povo continua vivo. A palavra de ordem lançada pelo primeiro Presidente de Angola, segundo a qual "o mais importante é resolver os problemas do povo", assumiu contornos cuja materialização em tempo de paz é um grande sucesso.

Uma das formas que reforça o exercício do perdão e de reconciliação entre todos os angolanos tem passado pela realização de importantes empreendimentos em todo o país, por políticas e estratégias de inclusão. 

Não há dúvidas de que a construção de infra-estruturas como estradas, pontes, caminhos de ferro para ligar o país, barragens hidroeléctricas e sistemas de tratamento e fornecimento de água potável para servir as populações e as indústrias constituem o prolongamento do pensamento do autor da Independência Nacional.

O Presidente José Eduardo dos Santos soube sempre dar uma oportunidade ao diálogo e concertação, tal como quando tinha aceite o repto de duas dezenas de Chefes de Estado africanos, sob os auspícios do então Presidente Mobutu, em Gbadolite, República Democrática do Congo, em Junho de 1989. Em todas as outras iniciativas para que a paz e a reconciliação fossem uma realidade em Angola, nunca esteve em causa a propensão natural para exercer o perdão e reconciliação que caracterizou sempre a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos. Independentemente da falta de seriedade da parte da então rebelião armada liderada por Jonas Savimbi, cuja agenda para a tomada do poder pela força manteve-se inalterada até às 15 horas do dia 22 de Fevereiro de 2002, o poder legitimado pelo voto popular investiu sempre no diálogo e na concertação. As instituições democráticas souberam sempre colocar em primeiro lugar valores, políticas e estratégias que enaltecem hoje a memória de nacionalistas e heróis. Como era de esperar, num contexto diferente, os desafios renovam-se a cada dia que passa e as autoridades angolanas não cruzam os braços até que o último angolano esteja plenamente incluído no processo de desenvolvimento. 

A componente social na efectivação das políticas públicas viradas para as populações tem sido uma realidade que nos encaminha para transformar os ganhos da paz e reconciliação em ferramentas úteis para o bem-estar das famílias.  

É bom que as famílias e as gerações mais novas sejam incentivadas a prosseguir com comportamentos socialmente úteis para a construção da nação fraterna, solidária, justa e com igualdade de oportunidades para todos, sem nenhum tipo de distinção. Com a dedicação e empenho de todos os angolanos, vamos ser bem sucedidos na edificação de uma cultura de paz, de reconciliação, do exercício do perdão mútuo, entre outros valores que nos dignificam como angolanos.  

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