sábado, 26 de setembro de 2015

Moçambique. Dhlakama não pode prejudicar "mais de 20 milhões de pessoas"



O Ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza disse que o líder da Renamo não pode prejudicar o futuro de mais de 20 milhões de pessoas, acusando Afonso Dhlakama de se mover por forças externas.

"É preciso lembrar que somos mais de 20 milhões de habitantes, não pode um indivíduo tentar por em causa o futuro desses moçambicanos", declarou hoje Guebuza, à margem das celebrações em Maputo do Dia das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, acrescentando que "Moçambique quer paz".

Para o ex-chefe de Estado e negociador do Acordo Geral de Paz, celebrado em Roma em 1992, o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) devia encontrar-se com o atual Presidente da República, Filipe Nyusi, e deixar de se comportar como um marginal.

"[Dhalakama] devia aceitar encontrar-se com o nosso Presidente Nyusi para apresentar as questões que tenha e encontrarem as formas que possam trazer a paz efetiva", declarou Armando Guebuza, sugerindo que seria uma oportunidade para o líder da oposição dar também a sua contribuição e deixar de se comportar como "um marginal, que é o que parece quando se recusa a conversar com o Presidente".

O antigo estadista disse que a Renamo "nasceu como um apêndice, um mandatário de forças externas", que estavam contra a independência em 1975, referindo-se aos "regimes segregacionistas da África do Sul e da Rodésia, e considerou que ainda hoje o partido de oposição é movido por interesses estrangeiros, que não elencou.

"Umas vezes aproxima-se mais, outras vezes aproxima-se menos, mas [a Renamo] não conseguiu deixar de ser apoiada, senão conduzida, por forças externas", declarou.

As palavras de Guebuza foram proferidas antes de ser conhecido mais um incidente envolvendo a comitiva de Dhlakama.

O líder da Renamo disse hoje à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.

Dhlakama mencionou que três dos seus guardas foram feridos, mas o jornalista da Lusa que se dirigiu para o local observou pelo menos nove mortos, entre os quais dois homens com uniformes da Renamo.

No local, estava também um "chapa" (carrinha de transporte semipúblico) acidentado, cujo motorista morreu, bem como alguns dos passageiros.

A versão da polícia nega a tentativa de emboscar a comitiva da Renamo, acusando-a de ter abatido o motorista do "chapa" e provocado o pânico entre os passageiros.

Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.

À semelhança do anterior ataque, Afonso Dhlakama voltou hoje a imputar responsabilidades à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, e às forças de defesa e segurança.

Após o incidente de dia 12, a Frelimo acusou por sua vez a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.

Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.

Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.

Nas últimas semanas, Afonso Dhlakama cortou o diálogo de longo-prazo com o Governo, ao mesmo tempo que anunciava a instalação de novas unidades militares do seu partido e a criação de uma polícia própria.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem dirigido repetidos convites para se encontrar com Dhlakama, que condicionou a reunião a uma agenda concreta e ao cumprimento integral dos acordos de paz já existentes.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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