O
Ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza disse que o líder da Renamo não pode
prejudicar o futuro de mais de 20 milhões de pessoas, acusando Afonso Dhlakama
de se mover por forças externas.
"É
preciso lembrar que somos mais de 20 milhões de habitantes, não pode um
indivíduo tentar por em causa o futuro desses moçambicanos", declarou hoje
Guebuza, à margem das celebrações em Maputo do Dia das Forças Armadas de Defesa
de Moçambique, acrescentando que "Moçambique quer paz".
Para
o ex-chefe de Estado e negociador do Acordo Geral de Paz, celebrado em Roma em
1992, o líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) devia encontrar-se
com o atual Presidente da República, Filipe Nyusi, e deixar de se comportar
como um marginal.
"[Dhalakama]
devia aceitar encontrar-se com o nosso Presidente Nyusi para apresentar as
questões que tenha e encontrarem as formas que possam trazer a paz
efetiva", declarou Armando Guebuza, sugerindo que seria uma oportunidade para
o líder da oposição dar também a sua contribuição e deixar de se comportar como
"um marginal, que é o que parece quando se recusa a conversar com o
Presidente".
O
antigo estadista disse que a Renamo "nasceu como um apêndice, um
mandatário de forças externas", que estavam contra a independência em
1975, referindo-se aos "regimes segregacionistas da África do Sul e da
Rodésia, e considerou que ainda hoje o partido de oposição é movido por
interesses estrangeiros, que não elencou.
"Umas
vezes aproxima-se mais, outras vezes aproxima-se menos, mas [a Renamo] não
conseguiu deixar de ser apoiada, senão conduzida, por forças externas",
declarou.
As
palavras de Guebuza foram proferidas antes de ser conhecido mais um incidente
envolvendo a comitiva de Dhlakama.
O
líder da Renamo disse hoje à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos
de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.
Dhlakama
mencionou que três dos seus guardas foram feridos, mas o jornalista da Lusa que
se dirigiu para o local observou pelo menos nove mortos, entre os quais dois
homens com uniformes da Renamo.
No
local, estava também um "chapa" (carrinha de transporte semipúblico)
acidentado, cujo motorista morreu, bem como alguns dos passageiros.
A
versão da polícia nega a tentativa de emboscar a comitiva da Renamo, acusando-a
de ter abatido o motorista do "chapa" e provocado o pânico entre os
passageiros.
Este
é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo,
depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido
atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
À
semelhança do anterior ataque, Afonso Dhlakama voltou hoje a imputar
responsabilidades à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no
poder, e às forças de defesa e segurança.
Após
o incidente de dia 12, a Frelimo acusou por sua vez a Renamo de simular a
emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que
estava a investigar.
Em
entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também
negou o envolvimento do exército.
Moçambique
vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar
pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento
reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.
Nas
últimas semanas, Afonso Dhlakama cortou o diálogo de longo-prazo com o Governo,
ao mesmo tempo que anunciava a instalação de novas unidades militares do seu
partido e a criação de uma polícia própria.
O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem dirigido repetidos convites para se
encontrar com Dhlakama, que condicionou a reunião a uma agenda concreta e ao
cumprimento integral dos acordos de paz já existentes.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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