A
Frelimo, partido no poder em Moçambique, acusou hoje o líder da Renamo de agir
como um fora de lei e terrorista, avisando que, a continuar com o mesmo
comportamento, Afonso Dhlakama não terá lugar em Moçambique.
"Ele
[Afonso Dhlakama] tem de compreender que, a continuar assim, não tem espaço
neste território, neste país que se chama Moçambique", afirmou hoje à Lusa
o porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), um dia depois de
um novo incidente envolvendo o líder da oposição.
"O
senhor Dhlakama precisa compreender que está a agir como um homem fora de lei,
que apenas pensa em criar terror nos moçambicanos, o que leva dizer que
continua assumir a postura de um autêntico terrorista", declarou Damião
José, que já tinha usado esta expressão na reação a um ataque, no dia 12 de
setembro na província de Manica, envolvendo o presidente da Renamo (Resistência
Nacional Moçambicana).
O
líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na sexta-feira à Lusa que escapou ileso
a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de
Moçambique.
A
alegada emboscada ocorreu ao fim da manhã de sexta-feira na Estrada Nacional 6
(EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva da Renamo seguia para
Nampula, segundo o presidente do partido, que falava no local do incidente.
A
polícia de Manica rebateu no mesmo dia a versão da Renamo de que tinha sofrido
uma emboscada e atribui à comitiva de Dhlakama um ataque a um ?chapa'
(carrinhas de transporte semipúblicos), assassinando o motorista.
Nas
declarações hoje à Lusa, Damião José disse que "a Frelimo lamenta o triste
episódio acontecido em Gondola, em que um automobilista foi barbaramente
assassinado pelos homens armados da Renamo", saudando "a pronta
resposta da Polícia da República de Moçambique [PRM] e outras forças de
segurança do país, que souberam estar a altura das suas
responsabilidades".
Além
do motorista, o balanço de mortos era hoje de manhã ainda incerto, mas o
jornalista da Lusa que se deslocou na sexta-feira ao local observou nove
vítimas, duas das quais homens da Renamo, e as restantes civis.
A
Renamo confirmou hoje em conferência sete baixas na comitiva de Dhlakama,
quatro civis do seu "staff" e três homens da sua segurança pessoal.
Para
Damião José, "desta vez ficou mais uma vez provado que a Renamo e o senhor
Dhlakama procuram argumentos para implementar o seu plano de desestabilização
do país", rejeitando as acusações do líder da oposição, que atribuem à
Frelimo a autoria dos dois incidentes em Manica.
"Não
tem sentido que, numa situação clara, de que não há dúvidas de que a próprio
Renamo e senhor Dhlakama são responsáveis por aquilo que aconteceu em Gondola,
venha agora imputar responsabilidades ao nosso partido e ao Governo de
Moçambique", declarou o porta-voz da Frelimo.
Damião
José lamentou ainda que "a Renamo continue a ser arrogante, a insistir na
via da violência, quando, na verdade, o apelo que vem de todos os cantos de
Moçambique e segmentos da sociedade é não à guerra" e apelou para o bom-senso
de Dhlakama e para que trabalhe para a paz e tranquilidade dos investidores.
"O
senhor Dhlakama precisa, mais uma vez, de por a mão na consciência e perceber
que, 23 anos depois do Acordo Geral de Paz, não há nenhum argumento que possa
convencer seja quem for que no nosso país, entre tantos partidos que temos, a
Renamo seja o único partido armado", salientou.
Este
é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo,
depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido
atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
Na
altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia
negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.
Em
entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também
negou o envolvimento do exército.
Moçambique
vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar
pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento
reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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