sábado, 26 de setembro de 2015

Dhlakama não tem lugar em Moçambique se agir como "um terrorista"



A Frelimo, partido no poder em Moçambique, acusou hoje o líder da Renamo de agir como um fora de lei e terrorista, avisando que, a continuar com o mesmo comportamento, Afonso Dhlakama não terá lugar em Moçambique.

"Ele [Afonso Dhlakama] tem de compreender que, a continuar assim, não tem espaço neste território, neste país que se chama Moçambique", afirmou hoje à Lusa o porta-voz da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), um dia depois de um novo incidente envolvendo o líder da oposição.

"O senhor Dhlakama precisa compreender que está a agir como um homem fora de lei, que apenas pensa em criar terror nos moçambicanos, o que leva dizer que continua assumir a postura de um autêntico terrorista", declarou Damião José, que já tinha usado esta expressão na reação a um ataque, no dia 12 de setembro na província de Manica, envolvendo o presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na sexta-feira à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.

A alegada emboscada ocorreu ao fim da manhã de sexta-feira na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva da Renamo seguia para Nampula, segundo o presidente do partido, que falava no local do incidente.

A polícia de Manica rebateu no mesmo dia a versão da Renamo de que tinha sofrido uma emboscada e atribui à comitiva de Dhlakama um ataque a um ?chapa' (carrinhas de transporte semipúblicos), assassinando o motorista.

Nas declarações hoje à Lusa, Damião José disse que "a Frelimo lamenta o triste episódio acontecido em Gondola, em que um automobilista foi barbaramente assassinado pelos homens armados da Renamo", saudando "a pronta resposta da Polícia da República de Moçambique [PRM] e outras forças de segurança do país, que souberam estar a altura das suas responsabilidades".

Além do motorista, o balanço de mortos era hoje de manhã ainda incerto, mas o jornalista da Lusa que se deslocou na sexta-feira ao local observou nove vítimas, duas das quais homens da Renamo, e as restantes civis.

A Renamo confirmou hoje em conferência sete baixas na comitiva de Dhlakama, quatro civis do seu "staff" e três homens da sua segurança pessoal.

Para Damião José, "desta vez ficou mais uma vez provado que a Renamo e o senhor Dhlakama procuram argumentos para implementar o seu plano de desestabilização do país", rejeitando as acusações do líder da oposição, que atribuem à Frelimo a autoria dos dois incidentes em Manica.

"Não tem sentido que, numa situação clara, de que não há dúvidas de que a próprio Renamo e senhor Dhlakama são responsáveis por aquilo que aconteceu em Gondola, venha agora imputar responsabilidades ao nosso partido e ao Governo de Moçambique", declarou o porta-voz da Frelimo.

Damião José lamentou ainda que "a Renamo continue a ser arrogante, a insistir na via da violência, quando, na verdade, o apelo que vem de todos os cantos de Moçambique e segmentos da sociedade é não à guerra" e apelou para o bom-senso de Dhlakama e para que trabalhe para a paz e tranquilidade dos investidores.

"O senhor Dhlakama precisa, mais uma vez, de por a mão na consciência e perceber que, 23 anos depois do Acordo Geral de Paz, não há nenhum argumento que possa convencer seja quem for que no nosso país, entre tantos partidos que temos, a Renamo seja o único partido armado", salientou.

Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.

Na altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.

Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.

Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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