Centenas
de pessoas manifestaram-se em Lisboa pela libertação do rapper que entra hoje
no 25.º dia sem ingerir alimentos
"MPLA,
não faz isso! MPLA, não faz isso!", foram os gritos ritmados que se
ouviram ontem ao final da tarde no Rossio, em Lisboa, num apelo ao governo de
Luanda para que liberte e não deixe que algo de irreversível suceda a Luaty
Beirão, que entra hoje, quinta-feira, no 25.º dia de greve de fome.
Luaty,
de 33 anos, iniciou a greve de fome como forma de contestar a prisão preventiva
a que se encontra sujeito desde 20 de junho, com mais 14 jovens. O grupo foi
acusado em setembro de rebelião e ameaça à segurança do Estado. Principalmente
conhecido como rapper, Luaty está no hospital prisão de São Paulo, em Luanda
desde 11 de outubro. Um outro ativista do mesmo grupo, Nelson Dibango, entrou
em greve de fome a 9 de outubro.
Como
explicou ao DN a irmã do rapper, Serena Mancini, "Luaty está muito fraco,
deram-lhe uma cadeira de rodas, ele já desmaiou uma vez. Sabemos que os
órgãos não estão a falhar, mas está a soro e começa a ter dificuldades na
fala". Autoridades médicas dos serviços prisionais mantêm que "não
corre risco de vida". Serena, de 24 anos, esteve presente numa
iniciativa da Amnistia Internacional (AI) em Lisboa, junto da representação da
Comissão Europeia, tendo em seguida as pessoas presentes desfilado até ao
Rossio, onde se concentraram em vigília, acompanhada por um grupo de batuques
que foi ritmando as palavras de ordem pela liberdade do rapper, e seus
companheiros, e contra o regime. De uma coisa Serena está convicta: "Ele,
com certeza, tenciona levar até às últimas consequências" a greve de fome,
porque o que está aqui em causa, "são os direitos dele e dos outros jovens
que estão a ser violados. Acabou o tempo de prisão preventiva e eles continuam
encarcerados".
Abel
Coelho de Morais – Diário de Notícias – Na foto: A irmã de Luaty, Serena, na
vigília que juntou mais de 400 pessoas. Paulo Spranger / Global Imagens
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