A
coligação Portugal à Frente (PSD e CDS) obteve, este domingo, uma vitória clara
nas eleições legislativas, apesar da sangria em número de votos e deputados
face aos resultados de há quatro anos.
O
grande derrotado foi o PS. Ainda assim, o seu líder, António Costa, garantiu que não se vai demitir. Mais à
esquerda, destaque para o resultado do Bloco de Esquerda que,
com o melhor resultado da sua história, ultrapassou uma CDU que cresceu aquém das expectativas. Relativamente
a novos partidos, o PAN consegue finalmente eleger um deputado. O Livre de Rui
Tavares e o PDR de Marinho e Pintoficam de fora do Parlamento.
"Os
cidadãos não apreciam ouvir toda a gente dizer que ganhou",alertava um satisfeito Paulo Portas (prevendo que o
CDS continuaria a ter o terceiro maior grupo parlamentar), quando a noite
eleitoral se aproximava do fim. Mas a verdade é que estas eleições acabaram por
ser um daqueles casos em que se pode dizer que ganharam todos... menos o PS.
Ganhou
a coligação PSD/CDS porque, apesar da perda de mais de dez pontos percentuais,
de uma perda de mais de 800 mil votos e 25 deputados, face a 2011, conseguiu
ainda assim 38,5% e uma vantagem de seis pontos percentuais sobre os
socialistas.
Ganhou
o Bloco de Esquerda, porque duplicou o resultado de há quatro anos, passando de
oito para 19 deputados. Os 10,2% de votos representam, aliás, o melhor
resultado de sempre do BE. Ou seja, Catarina Martins conseguiu ainda melhor do
que o fundador Francisco Louçã, em 2009 (9,82%).
Ganhou
ainda a CDU, que cresceu em percentagem (8,26%) e conseguiu mais um deputado.
Ganhou, mas a sensação no quartel general comunista terá andado próximo do
sabor a derrota. Porque cresceu menos do que se previa e porque os comunistas
se viram ultrapassados por um fulgurante BE e porventura pelo CDS.
Finalmente,
ganharam também as empresas de sondagens, e em particular a Universidade
Católica, que a dois dias das eleições fez uma previsão certeira para o JN.
Acertou em cheio nos resultados de PSD/CDS e do PS, e errou por apenas um ponto
no caso do BE (previa nove e teve 10) e da CDU (previa nove e teve oito).
Costa
não se demite
Claramente derrotado, portanto, só o PS e António Costa,
que, apesar de recuperar em número de votos e de deputados, fica praticamente
estagnado (32,4%) relativamente ao resultado obtido por António José Seguro nas
europeias do ano passado (31,5%).
António
Costa perdeu a batalha, mas parece sentir que ainda não perdeu a guerra. Fez
questão de frisar que não se demite e de lembrar que a coligação já não tem a
maioria no Parlamento. Mas recusou o repto de PCP e Bloco, que anunciaram ainda
ontem a sua rejeição a um novo Governo PSD/CDS. "O PS não contribuirá para
uma maioria negativa que não seja capaz de gerar uma alternativa credível de
Governo", clarificou Costa. O Parlamento terá uma maioria de deputados de
Esquerda, mas não uma maioria de Esquerda.
Se
os socialistas não criarão obstáculos à formação de um Governo da Direita, fica
a dúvida sobre a viabilização do Orçamento de Estado para 2016. "A
coligação não pode julgar que poderá continuar a governar como se nada tivesse
acontecido", alertou Costa, acrescentando que "uma expressiva maioria
votou para que houvesse uma mudança de políticas".
Passos Coelho, que foi, como é tradição, o último a falar,
evitou euforias e confrontações. E assumiu que os compromissos políticos
são agora "indispensáveis" e que não deixará de ir "ao
encontro" de forças políticas, como o PS, "que respeitam as regras da
zona euro".
Rafael
Barbosa – Jornal de Notícias
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