Quarenta
por cento dos pais portugueses, o dobro da média europeia, antecipa para os
filhos uma situação financeira pior do que a sua e 33% dos jovens pondera
emigrar, segundo um relatório da Intrum Justitia hoje divulgado.
Realizado
a partir de dados recolhidos numa pesquisa realizada em simultâneo junto de
22.400 europeus de 21 países, o European Consumer Payment Report visou
"conhecer a situação e saúde financeira das famílias", concluindo
que, "para fazer face às despesas e chegar ao fim do mês, os cidadãos
europeus continuam a enfrentar grandes desafios".
Em
Portugal, 40% dos entrevistados, mais do dobro da média europeia de 17%,
afirmou acreditar que os filhos "viverão pior do que eles" porque
terão que enfrentar "maiores dificuldades financeiras".
Por
outro lado, 33% dos jovens até aos 25 anos disse ponderar emigrar "em
busca de um futuro melhor, por causa da situação financeira em Portugal",
menos três pontos percentuais do que no inquérito de 2014, mas ainda assim o quinto
valor mais elevado entre os 21 países abrangidos pelo inquérito (apenas
superado pela Hungria, com 60%, Polónia com 41%, Eslováquia com 40% e Itália
com 37%, e praticamente ao nível da Grécia, com 32%).
Globalmente,
pouco mais de um em cada cinco portugueses (21%) considera a possibilidade de
mudança para outro país devido à situação financeira em Portugal, passando a um
em cada três no grupo etário até aos 34 anos.
Por
outro lado, 24% dos inquiridos em Portugal que vivem maritalmente ou em união
de facto apontaram a situação financeira como um fator para não terminarem a
relação, nove pontos percentuais acima da média europeia, mas abaixo da França,
que lidera este 'ranking' com 37%.
Segundo
nota a Intrum Justitia, em Portugal esta opinião é mais comum entre os homens,
com 28%, do que nas mulheres (19%).
Segundo
as conclusões do relatório, 49% dos entrevistados portugueses afirmou não ter
pagado algumas das suas contas a tempo nos últimos 12 meses, acima da média
europeia de 44%, mas bastante aquém da Grécia, onde 78% dos inquiridos afirma
ter passado por esta situação.
O
relatório conclui ainda que 9% dos portugueses não conseguiu pagar dentro do
prazo mais de cinco faturas nos últimos 12 meses, com 43% dos consumidores
nacionais a justificar o atraso por incapacidade financeira para o fazer.
Face
a esta situação, 15% dos portugueses afirmou ter pedido dinheiro emprestado nos
últimos seis meses, em linha com a média europeia, sendo que mais de metade das
pessoas que pediram dinheiro emprestado (62%) escolheu a família como principal
fonte de financiamento, 24% os amigos e 18% pediu um empréstimo ao banco.
Apesar
de cumprir a obrigação de pagar as suas contas, 55% afirma que depois de as
pagar fica preocupado por não ficar com dinheiro suficiente para as restantes
despesas, sendo este sentimento mais negativo entre as mulheres (62%) do que
entre os homens (47%).
Do
trabalho resultou ainda que 28% dos inquiridos em Portugal "têm medo de
abrir a caixa de correio e encontrar mais contas", menos oito pontos percentuais
do que em 2014, e que 41% dos participantes economiza dinheiro regularmente,
79% dos quais "por razões de prudência, para poder lidar com eventuais
imprevistos".
A
Intrum Justitia é uma consultora europeia de serviços de gestão de crédito e
cobranças (CMS) fundada em 1923 e com 3.800 funcionários em 21 países, tendo
iniciado atividade em Portugal em 1997.
PD
// ATR - Lusa
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