terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Angola. “PRESIDENTE JÁ DEU O SUFICIENTE À NAÇÃO” - disse Luaty Beirão em tribunal



Activista afirmou em tribunal que “chegou o momento” de José Eduardo dos Santos “aposentar-se”.

O activista Luaty Beirão, que começou a prestar depoimento esta manhã, afirmou que o seu interesse é ver o Presidente da República a pedir a sua própria demissão.  No entender do arguido, José Eduardo dos Santos “já deu o suficiente à nação” e “chegou o momento de aposentar-se”.

Luaty Beirão respondeu assim ao juiz Januário Domingos que questionou se o activista exigia a destituição do presidente.

“Sim, queria que o presidente da República se demitisse”, disse o activista. “É de meu íntimo desejo que o Presidente da República se aperceba que já deu o suficiente à nação”, acrescentou.

Luaty Beirão questionou também a veracidade de um dos três vídeos apresentados pelo Ministério Público em que aparece supostamente a incitar mulheres com crianças ao colo a participarem das manifestações contra o governo. O activista garantiu em tribunal que o vídeo foi editado.

“Nunca em momento algum eu seria capaz de convocar mulheres com crianças seja para o que for,  quanto mais onde existem manifestações com tanques de guerra”, afirmou.

Durante as três horas que durou o depoimento de Luaty Beirão esta manhã, somente o juiz fez perguntas ao arguidos. A expectativa é que nesta tarde o julgamento prossiga com perguntas do Ministério Público e da Defesa, bem como com a exibição do vídeo.

“O activista Luaty Beirão confirmou aquilo que a Defesa já tinha apresentado em contestação, que pretendia a destituição do governo, mas não pretendia atentar contra as instituições, muito menos realizar manifestações que, de certa forma, levassem às destituições do governo ou do próprio Presidente da República”,  declarou o advogado Walter Tondela durante o intervalo.

Questionado sobre a grande expectativa sobre a possível audiência do declarante Agatão Dongola Camate, autor das denúncias contra os activistas, cuja identidade foi anunciada na quinta-feira pelo juiz Januário José Domingos, Tondela disse: “Esperemos que seja esta semana”.

O anúncio deveu-se à pretensão da Defesa em requerer na sala o autor dos vídeos que alegadamente comprovam as intenções dos acusados, vídeos estes apresentados em tribunal pelo Ministério Público. Numa das três peças apresentadas, o professor Domingos da Cruz defende que nas manifestações populares não devem ser envolvidos militares por forma a não serem confundidas com tentativas de golpe de Estado.

Até agora foram ouvidos os activistas Manuel Baptista Chivonde Nito Alves, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Domingos da Cruz, Nuno Álvaro Dala, Afonso Matias “Mbanza Hamza” e Inocêncio de Brito.

Os 17 acusados (15 deles detidos há cinco meses) estão indiciados, entre outros crimes menores, pela co-autoria material de um crime de actos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o presidente, no âmbito de um curso de formação semanal que decorria desde Maio deste ano.

São eles: Domingos da Cruz, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Luaty Beirão, Inocêncio Brito, Sedrick de Carvalho, Fernando Tomás Nicola, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Osvaldo Caholo, Manuel Baptista Chivonde Nito Alves e Albano Evaristo Bingo.

A responder pelas mesmas acusações do grupo de 15 activistas encontram-se também, mas em liberdade, Laurinda Gouveia e Rosa Conde -, constituídas arguidas do mesmo processo a 31 de Agosto.

Rede Angola – Na foto: Luaty Beirão [ Ampe Rogério/RA ]

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