O
ministro da Educação de Moçambique considerou hoje que é alarmante o abandono
escolar entre as raparigas devido à gravidez precoce, apontando a conciliação
entre a educação formal e tradicional como um caminho para resolução do
problema.
"Os
números de raparigas que abandonam a escola devido à gravidez continuam a ser
alarmantes", disse Jorge Ferrão, falando sobre o tema "Preparando
hoje a Rapariga do Amanhã", no âmbito do segundo dia do fórum económico e
social de Moçambique (Mozefo), promovido pelo maior grupo de media privado
moçambicano, Soico.
Só
em 2014, de acordo com dados oficiais apresentados recentemente, cerca de 2.500
raparigas abandonaram a escola devido à gravidez precoce, um número em que dois
terços vêm das províncias mais populosas do país, nomeadamente Zambézia, no
centro do país, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, norte.
Embora
considere os dados alarmantes, Jorge Ferrão disse que Moçambique não pode
entrar em desespero, considerando que o mais importante é perceber os fatores
culturais e sociais que estão na ordem do problema.
"Nós
precisamos entender este problema e, acima de tudo, percebermos que é possível
reverter a situação", defendeu o governante, apontando a conciliação entre
os ensinamentos morais tradicionais e a conceção moderna de educação como a
base para a resolução do problema do abandono das aulas entre as raparigas em
idade escolar.
"Somos
todos chamados a fazer parte da resolução deste problema, falo da família, da
escola, da religião e da sociedade no geral", afirmou Ferrão, salientando
que os moçambicanos não podem continuar à espera de soluções do Governo, é
necessário criá-las.
Heather
Hamilton, diretora executiva adjunta da "Girls Not Brides", uma
organização da sociedade civil que defende os direitos da rapariga em Moçambique,
disse à Lusa que a situação é preocupante e exige do Governo novas estratégias
políticas, um quadro de reformas que valorize e atribua novas oportunidades às
raparigas moçambicanas, principalmente nas zonas mais recônditas.
"Nós
precisamos dar poder às meninas, fazendo com que elas estejam cientes de que
têm direitos e existem outras oportunidades além do casamento prematuro",
defendeu Heather Hamilton, enaltecendo a importância de um maior diálogo entre
os elementos da sociedade sobre este problema.
Heather
Hamilton sublinhou que o problema dos casamentos prematuros não afeta somente
as raparigas, assola também os rapazes, reiterando a importância do
envolvimento dos elementos da sociedade.
"Além
de boas leis, que favoreçam e valorizem a rapariga, precisamos de garantir que
elas tenham acesso aos serviços básicos nas suas comunidades", declarou a
ativista, lembrando que esta situação constitui uma violação aos direitos
humanos.
EYAC//
APN - Lusa
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