quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Governo moçambicano preocupado com abandono escolar por gravidez precoce



O ministro da Educação de Moçambique considerou hoje que é alarmante o abandono escolar entre as raparigas devido à gravidez precoce, apontando a conciliação entre a educação formal e tradicional como um caminho para resolução do problema.

"Os números de raparigas que abandonam a escola devido à gravidez continuam a ser alarmantes", disse Jorge Ferrão, falando sobre o tema "Preparando hoje a Rapariga do Amanhã", no âmbito do segundo dia do fórum económico e social de Moçambique (Mozefo), promovido pelo maior grupo de media privado moçambicano, Soico.

Só em 2014, de acordo com dados oficiais apresentados recentemente, cerca de 2.500 raparigas abandonaram a escola devido à gravidez precoce, um número em que dois terços vêm das províncias mais populosas do país, nomeadamente Zambézia, no centro do país, Nampula, Cabo Delgado e Niassa, norte.

Embora considere os dados alarmantes, Jorge Ferrão disse que Moçambique não pode entrar em desespero, considerando que o mais importante é perceber os fatores culturais e sociais que estão na ordem do problema.

"Nós precisamos entender este problema e, acima de tudo, percebermos que é possível reverter a situação", defendeu o governante, apontando a conciliação entre os ensinamentos morais tradicionais e a conceção moderna de educação como a base para a resolução do problema do abandono das aulas entre as raparigas em idade escolar.

"Somos todos chamados a fazer parte da resolução deste problema, falo da família, da escola, da religião e da sociedade no geral", afirmou Ferrão, salientando que os moçambicanos não podem continuar à espera de soluções do Governo, é necessário criá-las.

Heather Hamilton, diretora executiva adjunta da "Girls Not Brides", uma organização da sociedade civil que defende os direitos da rapariga em Moçambique, disse à Lusa que a situação é preocupante e exige do Governo novas estratégias políticas, um quadro de reformas que valorize e atribua novas oportunidades às raparigas moçambicanas, principalmente nas zonas mais recônditas.

"Nós precisamos dar poder às meninas, fazendo com que elas estejam cientes de que têm direitos e existem outras oportunidades além do casamento prematuro", defendeu Heather Hamilton, enaltecendo a importância de um maior diálogo entre os elementos da sociedade sobre este problema.

Heather Hamilton sublinhou que o problema dos casamentos prematuros não afeta somente as raparigas, assola também os rapazes, reiterando a importância do envolvimento dos elementos da sociedade.

"Além de boas leis, que favoreçam e valorizem a rapariga, precisamos de garantir que elas tenham acesso aos serviços básicos nas suas comunidades", declarou a ativista, lembrando que esta situação constitui uma violação aos direitos humanos.

EYAC// APN - Lusa

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