domingo, 4 de outubro de 2015

Catarina desafia PS. “Não será pelo Bloco de Esquerda que a maioria conseguirá formar Governo”



"Esperamos resposta dos outros partidos", diz líder bloquista

A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, não deixou dúvidas. O partido não viabilizará um Governo minoritário da direita.

“Não será pelo Bloco de Esquerda que a maioria conseguirá formar Governo”, referiu Catarina Martins deixando já o recado a Cavaco Silva.

“A confirmar-se que a direita não tem a maioria absoluta, se o Presidente da República convidar a direita para formar Governo, saiba que o Bloco de Esquerda vai rejeitar essa possibilidade”.

Catarina Martins não deixa dúvidas: “Uma coligação de direita minoritária não terá maioria com a ajuda do Bloco”. “Esperemos agora a resposta dos outros partidos”.

A líder bloquista lembrou que o Bloco consegue “o melhor resultado de sempre, com mais votos, mais mandatos e mais força do que nunca”.

“Aceitamos a responsabilidade que o povo nos confere. Agradeço confiança de mais de meio milhão de eleitores e digo a cada um: o BE vai cumprir a sua palavra”.

A porta-voz bloquista aproveitou esta declaração para reafirmar algumas das bandeiras do seu partido: Portugal precisa de plano de urgência, precisa de investimento, aumentar salário mínimo, atender aos pensionistas, reestruturar a dívida e não “esquece a crise social com “um milhão de desempregados, um milhão de pensionistas”.

O Bloco de Esquerda “não desiste de Portugal, não desiste de quem trabalha, não se conforma com a emigração”.

Renascença

Portugal. FALTA DE RESPEITO



Paulo Baldaia* – TSF, opinião

"O soberano deixou de ser o rei e passou a ser o povo. [...] Já nem o povo que representa o chefe de Estado respeita."

Domingo vamos a votos, segunda é dia da República. Nada do que vou escrever tem que ver com as eleições, tem que ver com a Democracia e com o que cada um de nós pensa sobre o valor que ela tem. Há regimes monárquicos que são democráticos e repúblicas que são ditaduras. Ser monarquia ou república não é sequer a questão crucial, o que importa é honrar o regime democrático.

Está em Belém, no palácio presidencial, um senhor que elegemos por duas vezes para ser o mais alto magistrado da nação. Escolheu-o o povo e não o pai e mãe dele, porque em 1910 decidimos que essa tinha de ser uma decisão colectiva. O soberano deixou de ser o rei e passou a ser o povo. Segunda-feira é dia da República, que já foi dia feriado, que agora é um dia comum e que no dia das comemorações nem sequer pode contar com o seu presidente. Já nem o povo que representa o chefe de Estado respeita.

Como quer o presidente da República que respeitem o apelo para que todos votem no domingo, se ele não respeita o cargo que exerce, alegando necessidade de se concentrar na solução que a meio da semana garantiu já estar tomada? Não se sente preparado Cavaco Silva para segunda falar ao país, comemorando o dia que lhe permitiu ser quem é, sobre solidariedade, responsabilidade, bem-comum...? Mais de cem anos depois do fim da monarquia, sua excelência ainda acha que um país pode ficar sujeito aos seus caprichos. Viva a República

*Diretor da TSF

Portugal. Eleições. PROJEÇÃO: COLIGAÇÃO PSD/CDS VENCE



A diferença para o Partido Socialista pode chegar quase aos 8 pontos percentuais. O Bloco de Esquerda surge à frente da CDU. Aqui, acompanhamos, ao minuto, "tudo o que se passa" na nesta noite eleitoral.

A coligação Portugal à Frente venceu as eleições legislativas, segundo a projecção da Intercampus para a TVI/Público TSF.

Col 39,2% (112 deputados)

Ps 31,7(83)

Be 10,2(19)

Cdu 8,5(16)

Livre, Pan e Juntos Pelo Povo elegem um deputado cada.

As projecções da RTP e da SIC dão uma vitória à Coligação Portugal à Frente.

A projeção da RTP realizada pela Universidade da Católica

- PàF 38 a 43% 108-116 deputados

- PS 30 a 35% - 80 a 88 deputados

- Bloco -8 a 11%- 16 a 20 deputados

CDU- 7 a 9% - 13-17 deputados

LIVRE - elege Rui Tavares

Já a projecção da Eurosondagem para a SIC

- PàF 36,4 a 40,2%

- PS 29,5 a 33,1%

- BE 8,1 a 10,5%

- CDU 6,8 e 9%

20:03  "Venho aqui dar a cara" diz Ana Gomes by Joao Alexandre

"Venho aqui dar a cara, porque dou a cara pelo meu partido e pela proposta que tem para o país" afirmou Ana Gomes à chegada ao Hotel Altis.

"Um voto como este, em quaisquer circunstâncias merecerá sempre uma análise da parte do partido", acrescentou, quando questionada sobre as consequências dos resultados eleitorais conhecidos esta noite.

"Vamos aguardar. O que conta é o voto em povo e eu espero que o povo perceba que esta era uma votação decisiva" diz, no entanto, a eurodeputada.

TSF

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Portugal. UM PRESIDENTE QUE JÁ NÃO É O DA REPÚBLICA



Pedro Marques Lopes – Diário de Notícias, opinião

1-Se não vivêssemos numa República não teríamos um Presidente da República. Teríamos um primeiro-ministro ou um presidente do Conselho de Ministros, ministérios, juízes, polícias, câmaras municipais, mas não um Presidente da República. Poderíamos ter um Parlamento com representantes eleitos pelo povo, mas não lhe chamaríamos Assembleia da República e também não haveria um Presidente da República. Existiria uma Constituição, mas não se chamaria Constituição da República Portuguesa e, de certeza absoluta, logo no seu primeiro artigo não se declararia que Portugal era uma República. Também não existiria um outro que esclarecesse que essa República era representada pelo Presidente da República e que seria ele o garante da independência nacional, unidade do Estado e do regular funcionamento das instituições.

É verdade, a nossa forma de governo é a República e a data da sua instauração é lembrada no artigo 11.º da Constituição: 5 de outubro de 1910. O legislador constitucional não terá tido a preocupação de escrever a data porque lhe deu na gana. Está no texto porque é um dia importante, porque é uma data fundadora, porque nos lembra o que somos e em que acreditamos.

A preservação da memória é uma tarefa fundamental da comunidade e está, sobretudo, a cargo de quem nos representa. Nós somos o que for a nossa memória; os países, as sociedades, não são diferentes. Pelo contrário, mais do que as pessoas, estas precisam de momentos, de monumentos, de comemorações, de símbolos. Sem eles corremos o risco de nos desintegrarmos. São em larga medida os feitos coletivos, as alturas em que tivemos causas que nos uniram, as nossas derrotas, as nossas mudanças como povo que nos definem, que fazem de nós o que somos.

Não indo às comemorações do 5 de Outubro, Cavaco Silva esqueceu tudo isso ou, se calhar, nunca o soube. Esqueceu que o Presidente da República tem de exercer todas as tarefas constitucionalmente definidas, mas que, muito provavelmente, a sua mais importante ação como representante, como provedor do povo, é cuidar da nossa memória coletiva. Ele mais do que ninguém. Não só não deve deixar que se apague, mas deve ter uma atitude pedagógica, uma intervenção ativa que nos recorde da importância da nossa história e do que isso representa no objetivo de criar laços na comunidade, de coisas que nos unam. Não chegava ter assistido impávido e sereno ao fim de feriados importantes para a comunidade - um deles o próprio 5 de Outubro - em razão dum conceito de produtividade arrevesado, como se o nosso imaginário comum, a necessidade de celebrar a nossa história, pudesse ser trocada por o que quer que seja, Cavaco Silva resolve não ter tempo para aquilo que, pelos vistos, considera a minudência de estar presente nas celebrações do 5 de Outubro.

Estará assoberbado a refletir sobre o significado das nossas decisões de hoje.

As eleições de hoje são importantes. Todas as eleições são importantes, nem mais nem menos do que quaisquer outras desde que a nossa democracia estabilizou, já lá vão 40 anos. O momento em que o povo fala, em que decide, é sempre importante. Mas, sejam quais forem os resultados, nada de decisivo para a nossa comunidade, nada de estruturante estará em jogo. A democracia não estará ameaçada, a nossa Constituição não estará em risco, as nossas instituições continuarão a funcionar normalmente, os tribunais abrirão, nada de fundamental se alterará na vida dos portugueses. Também disto Cavaco Silva se esqueceu.

Parece que falta tempo a Cavaco. Não lhe falta tempo para tudo e mais alguma coisa, mas para pensar sequer na importância da data da implantação da República, para ler um pequeno discurso, para nos representar num dos mais importantes dias da nossa história é que é mais complicado.

Consta, também, que tem receio de que o seu discurso seja mal interpretado. Provavelmente, pensa que nós somos todos estúpidos - conheço um que se sente particularmente estúpido por o ter achado capaz de representar o povo e ser um bom Presidente da República - e que poderíamos não perceber um seu eventual discurso sobre princípios republicanos. Um em que ele falasse sobre a necessidade de os termos sempre presentes. Sobre liberdade, sobre interesse público, sobre sermos todos iguais perante a lei, sobre o nascimento não poder trazer direitos especiais. Talvez o facto de Cavaco poder pensar que nós podemos confundir valores republicanos com a política do dia-a-dia, que podemos não discernir entre decisões conjunturais e princípios fundamentais, diga mais sobre ele do que sobre nós.

Amanhã teremos uma nova composição da Assembleia da República. A questão é: e Presidente da República, temos?

2-Abaixo os privilégios herdados, vivam os direitos conquistados. Viva o 5 de Outubro. Viva a República.

Eleições: PSD e CDS-PP falam em "vitória indiscutível" e acusam Costa de violar lei eleitoral



Os dirigentes do PSD e do CDS-PP Matos Correia e Mota Soares falaram hoje em "vitória indiscutível", a propósito da participação eleitoral e acusaram o secretário-geral socialista, António Costa, de ter violado a lei eleitoral apelando ao voto.

Em declarações aos jornalistas, sem direito a perguntas, para comentar o resultado da abstenção, numa altura em que ainda se votava nos Açores e já circulavam resultados de sondagens à boca das urnas entre a comitiva, José Matos Correia afirmou que "com este aumento da participação, os portugueses parecem também querer transmitir uma mensagem clara, a de que querem que haja uma vitória indiscutível nestas eleições".

"Ao contrário de outros que, em violação clara da lei eleitoral e das suas responsabilidades enquanto políticos, começaram já a fazer declarações antes ainda de as urnas terem encerrado na Região Autónoma dos Açores, a coligação deseja ficar neste comentário apenas pela questão da abstenção", acrescentou Matos Correia, ao lado de Luís Pedro Mota Soares, que sublinhou as mesmas ideias.

Segundo o dirigente do PSD, os eleitores parecem ter demonstrado que querem que "quem ganhe as eleições, seja quem for, tenha as condições necessárias para governar o país e possa ser chamado a essa responsabilidade".

Lusa, em Dinheiro Vivo – foto Leonel Castro / Global Imagens


Portugal. “Parem de resgatar bancos e resgatem famílias”



O que é que os políticos nunca dizem mas deviam dizer? Em “Dito por não dito”, e agora que estamos na última semana de campanha eleitoral, o Expresso coloca a questão a personalidades de vários sectores da sociedade portuguesa - e ainda outras duas perguntas: o que é os políticos deviam saber e não sabem e o que é que deviam fazer e não fazem? Começamos com a ilustradora Catarina Sobral, vencedora no ano passado de um dos mais prestigiados prémios internacionais de ilustração.

 um avô que tem todo o tempo do mundo e um dr. Sebastião que não tem tempo a perder. Cruzam-se todos os dias à mesma hora, mas não podiam ser mais diferentes um do outro. O avô tem aulas de pilates, faz piqueniques no jardim e, apesar da idade, continua um romântico que ainda escreve cartas de amor. Ridículas, como são todas as cartas de amor… Já o dr. Sebastião anda sempre numa azáfama entre a casa, o trabalho, o computador, os emails, os gráficos, as apresentações, as filas de trânsito…

“O meu avô” é um livro ilustrado sobre o tempo e as diferentes vivências da temporalidade, “esse sentimento moderno de falta constante de tempo, de não se ter tempo para nada, de stress diário”. Uma espécie de descrição dos tempos modernos e uma apologia dos tempos em que havia um pouco mais de tempo. A obra valeu no ano passado a Catarina Sobral, 29 anos, o prémio internacional de ilustração na prestigiada Feira do Livro Infantil de Bolonha em Itália.

A metáfora poderia servir também para os desafios que colocámos a Catarina: como podem os nossos políticos fazer então um melhor uso do seu tempo? O que podem dizer e não dizem? “Que a cultura é fundamental para o país.” O que podem fazer e afinal não fazem? “Deviam parar de resgatar bancos e resgatar famílias.” E o que deviam saber e não sabem? “O que é viver no mundo real, fora das jotinhas, dos carros de luxo e dos fatos engomados. O que é viver com um salário minímo ou ser um trabalhador a recibos verdes.”

O primeiro livro de ilustrações de Catarina Sobral, publicado em 2011 pela Orféu Negro, intitulava-se “A greve” e coincidiu com uma altura em que o país conheceu maior agitação social e um agravamento da situação económica. No ano seguinte veio “Achimpa”, já com técnicas diferentes. Das colagens e monotipia passou para as tintas a óleo e lápis de cera. “Gosto de mudar de técnicas consoante o tema, mas também de experimentar, de inovar, de não me sentir aborrecida por estar sempre a fazer as mesmas coisas.”

Os livros procuram sempre atingir vários públicos. “Quero sempre fazer algo que seja tão bom para crianças como para adultos.” Em “O meu avô”, por exemplo, os adultos mais atentos poderão encontrar referências a Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Jacques Tati, Manet e Andy Warhol.

Depois do livro que lhe valeu o prémio de ilustração internacional, Catarina Sobral publicou, já este ano, “A sereia e os gigantes”, em que faz a sua própria interpretação de uma lenda sobre a origem da Praia da Rocha, no Algarve, onde passou vários verões quando ia de férias para o Algarve. Está também a preparar uma curta-metragem de animação.


DITO POR NÃO DITO - JOÃO SANTOS DUARTE - JOÃO ROBERTO - Expresso

Portugal. “Os políticos deviam decidir não ser sociopatas”



O que é que os políticos nunca dizem mas deviam dizer? Em “Dito por não dito”, e agora que estamos na última semana de campanha eleitoral, o Expresso coloca a questão a personalidades de vários sectores da sociedade portuguesa - e ainda outras duas perguntas: o que é os políticos deviam saber e não sabem e o que é que deviam fazer e não fazem? Gil Costa, neurocientista, responde esta quinta-feira.

Há uma piada sobre números que diz que um especialista em estatística é aquele que nos avisa que se temos a cabeça no frigorífico e os pés no forno estamos - a julgar pela média - numa posição confortável. Para Gil Costa, doutorado em neurociências, os políticos estão sempre a arder nos números. Isto é, "hoje em dia os governantes usam cada vez mais a estatística, mas em vez de falarem apenas com consultores que muitas vezes só dizem aquilo que os políticos querem ouvir, deviam rodear-se de bons especialistas para contextualizar os números".

Há oito anos a trabalhar em Lisboa, Gil considera que os políticos podiam partilhar alguns dos princípios que norteiam a comunidade científica, tais como o rigor e a transparência. "Cada vez que publicamos um artigo científico temos de dizer quais são os nossos conflitos de interesse. Por exemplo, se eu estiver a coordenar um artigo em que digo que há uma molécula maravilhosa que cura determinada doença e, ao mesmo tempo, for diretor de uma farmacêutica que produz essa molécula, tenho de deixar isso claro no artigo, senão a minha carreira científica está arruinada. Podíamos aplicar o mesmo à política."

Ao contrário de muitos bolseiros de investigação, que vivem sob constante pressão para conseguir financiamento, Gil não tem planos para deixar o país. Aos 31 anos integra o gabinete de comunicação da Fundação Champalimaud, onde trata de tudo o que é grafismo e design de artigos sobre ciência. O desafio é conseguir transmitir conteúdos científicos à população e também facilitar a comunicação entre investigadores. Licenciou-se em Biologia na Universidade de Coimbra e fez doutoramento em neurociências com uma bolsa na Fundação Champalimaud. Entretanto esteve um ano nos Estados Unidos a colaborar com um cientista e considera que, apesar de muitos dos "cérebros" portugueses "terem fugido" para o estrangeiro, os políticos poderiam recorrer regularmente à sua ajuda - "estão todos à distância de um e-mail".

O edifício onde este jovem neurocientista trabalha diariamente ainda cheira a novo. Está cheio de corredores brancos e de janelas com muita luz. É em Lisboa, mas podia ser em qualquer cidade desenvolvida do mundo. Os investigadores trabalham em grandes salas cheias de bancadas corridas e falam entre si em inglês. O ambiente é propício a tecnologia de ponta e a descobertas científicas e Gil gostaria de ver mais políticos a passarem por lá "sem comitivas nem jornalistas", para terem contacto com aquela realidade. "Porque é isso: vemos os debates parlamentares e parecem meros joguinhos de retórica. Eles são muito bons na retórica, mas falta-lhes contacto com a realidade."

DITO POR NÃO DITO - JOANA BELEZA - Expresso

Portugal. “Os políticos deviam dizer-nos antes das eleições quem vão escolher para ministros”



O que é que os políticos nunca dizem mas deviam dizer? Em “Dito por não dito”, e agora que estamos na última semana de campanha eleitoral, o Expresso coloca a questão a personalidades de vários sectores da sociedade portuguesa - e ainda outras duas perguntas: o que é os políticos deviam saber e não sabem e o que é que deviam fazer e não fazem? Nuno Baltazar, designer de moda, responde esta quarta-feira.

mendador da Ordem do Infante D. Henrique, designer e homem de negócios, Nuno Baltazar é um dos nomes mais importantes da moda em Portugal. Nascido em Lisboa, em janeiro de 1975, iniciou os estudos de design de moda na conceituada escola CITEX, no Porto, em 1994, cidade onde reside desde a infância.

No seu percurso conta com prémios de jovens criadores, como o "Sangue Novo" e o "Porto Moda" em 1996, e a vitória consecutiva - em 1996 e 1997 - no concurso de jovens criadores da revista "Máxima". Desde 1999 é presença regular nas passarelas portuguesas e internacionais, como a Moda Lisboa, o Portugal Fashion (no Porto) e a Paris Fashion Week. Em 2013 vendeu o "Globo de Ouro" para melhor estilista, depois de ter estado nomeado em 2007 e 2011.

A marca Nuno Baltazar é sinónimo de simplicidade, elegância e feminilidade, que tem o seu apogeu em Catarina Furtado, talvez a musa maior do estilista, numa "parceria" que existe e resulta desde 2001 e que se transformou em amizade. A sua inspiração vem das viagens, das referências cinematográficas, do teatro e de personalidades que fizeram história.

Apesar de ter um nome forte no mercado nacional e internacional, Nuno sente que os governantes podiam e deviam fazer mais pelas indústrias criativas, dando o caso do Reino Unido, "onde as coisas são muito bem estruturadas, apoiadas e, principalmente, projetadas para fora do país. E isso é fundamental para Portugal, porque somos um país que sabe fazer bem, mas a ideia de marca e de país criativo é fundamental que passe para fora".

A forma como isso é feito só é possível "através de ações de promoção fora do país, parcerias efetivas e reais entre as associações têxteis e de calçado portuguesas e os criativos".

Além de vestuário, a marca tem acessórios, marroquinaria e uma linha de mobiliário e iluminação. É assim que Nuno Baltazar, designer de moda português, vai conquistando o seu mundo.

DITO POR NÃO DITO - ANDRÉ DE ATAYDE - JOÃO ROBERTO - Expresso

Portugal. “Políticos sabem o que têm de saber, convém-lhes às vezes é fingir que não sabem”



O que é que os políticos nunca dizem mas deviam dizer? Em “Dito por não dito”, e agora que estamos na última semana de campanha eleitoral, o Expresso coloca a questão a personalidades de vários sectores da sociedade portuguesa - e ainda outras duas perguntas: o que é os políticos deviam saber e não sabem e o que é que deviam fazer e não fazem? Esta terça-feira há respostas de Agir, um dos novos impulsionadores da música portuguesa de expressão urbana.

Tem nome artístico de partido político e acredita que as pessoas deviam lutar e reivindicar mais por aquilo em que acreditam e não ser "apenas um povo que só aponta o dedo e diz que isto está mal, mas que se deixa ficar". No fundo, Agir (o músico) acha que os portugueses são pouco interventivos e que deviam fazer mais política não partidária.

Aos 27 anos, Bernardo Costa, filho do músico Paulo de Carvalho e da atriz Helena Isabel, vê o mundo através dos olhos do empreendedor que é, e isso parece dar-lhe o à vontade para discutir, olhos nos olhos, sobre o país e o seu mundo - o cultural.

"A cultura é uma das primeiras coisas onde se corta, quando não se tem o que comer. E isso é normal. Não é normal é deixarmos de ter um Ministério da cultura, mas isso mostra a importância que o tema tem, ou não tem, para quem nos governa", diz. Mas acrescenta que "os portugueses não têm uma grande noção de cultura e isso vem de trás". "Ninguém paga por música, ninguém quer pagar 10 ou 20 euros para ir a um concerto."

DITO POR NÃO DITO - ANDRÉ DE ATAYDE - JOÃO ROBERTO - Expresso

PENSEM BEM NOS QUE VÃO ESCOLHER PARA READQUIRIRMOS A SOBERANIA DE PORTUGAL



JÚLIO ISIDRO E O SEU TEXTO EMOCIONANTE

Passaram 40 anos de um sonho chamado Abril.

E lembro-me do texto de Jorge de Sena…. Não quero morrer sem ver a cor da liberdade.

Passaram quatro décadas e de súbito os portugueses ficam a saber, em espanto, que são responsáveis de uma crise e que a têm que pagar…. civilizadamente, ordenadamente, no respeito das regras da democracia, com manifestações próprias das democracias e greves a que têm direito, mas demonstrando sempre o seu elevado espírito cívico, no sofrer e  Calar.

Sou dos que acreditam na invenção desta crise.

Um “directório” algures decidiu que as classes médias estavam a viver acima da média. E de repente verificou-se que todos os países estão a dever dinheiro uns aos outros…. a dívida soberana entrou no nosso vocabulário e invadiu o dia a dia.

Serviu para despedir, cortar salários, regalias/direitos do chamado Estado Social e o valor do trabalho foi diminuído, embora um nosso ministro tenha dito decerto por lapso, que “o trabalho liberta”, frase escrita no portão de entrada de Auschwitz.

Parece que alguém anda à procura de uma solução que se espera não seja final.

Os homens nascem com direito à felicidade e não apenas à estrita e restrita sobrevivência.

Foi perante o espanto dos portugueses que os velhos ficaram com muito menos do seu contrato com o Estado que se comprometia devolver o investimento de uma vida de trabalho. Mas, daqui a 20 anos isto resolve-se.

Agora, os velhos atónitos, repartem o dinheiro entre os medicamentos e a comida.

E ainda tem que dar para ajudar os filhos e netos num exercício de gestão impossível.

A Igreja e tantas instituições de solidariedade fazem diariamente o milagre da multiplicação dos pães.

Morrem mais velhos em solidão, dão por eles pelo cheiro, os passes sociais impedem-nos de sair de casa, suicidam-se mais pessoas, mata-se mais dentro de casa, maridos, mulheres e filhos mancham-se de sangue , 5% dos sem abrigo têm cursos superiores, consta que há cursos superiores de geração espontânea, mas 81.000 licenciados estão desempregados.

Milhares de alunos saem das universidades porque não têm como pagar as propinas, enquanto que muitos desistem de estudar para procurar trabalho.

Há 200.000 novos emigrantes, e o filme “Gaiola Dourada” faz um milhão de espectadores.


Há terras do interior, sem centro de saúde, sem correios e sem finanças, e os festivais de verão estão cheios com bilhetes de centenas de euros.

Há carros topo de gama para sortear e auto-estradas desertas. Na televisão a gente vê gente a fazer sexo explícito e explicitamente a revelar histórias de vida que exaltam a boçalidade.

Há 50.000 trabalhadores rurais que abandonaram os campos, mas há as grandes vitórias da venda de dívida pública a taxas muito mais altas do que outros países intervencionados.

Há romances de ajustes de contas entre políticos e ex-políticos, mas tudo vai acabar em bem… estar para ambas as partes.

Aumentam as mortes por problemas respiratórios consequência de carências alimentares e higiénicas, há enfermeiros a partir entre lágrimas para Inglaterra e Alemanha para ganharem muito mais do que 3 euros à hora, há o romance do senhor Hollande e o enredo do senhor Obama que tudo tem feito para que o SNS americano seja mesmo para todos os americanos. Também ele tem um sonho…

Há a privatização de empresas portuguesas altamente lucrativas e outras que virão a ser lucrativas. Se são e podem vir a ser, porque é que se vendem?

E há a saída à irlandesa quando eu preferia uma…à francesa.

Há muita gente a opinar, alguns escondidos com o rabo de fora.

E aprendemos neologismos como “inconseguimento” e “irrevogável” que quer dizer exactamente o contrário do que está escrito no dicionário.

Mas há os penalties escalpelizados na TV em câmara lenta, muito lenta e muito discutidos, e muita conversa, muita conversa e nós, distraídos.

E agora, já quase todos sabemos que existiu um pintor chamado Miró, nem que seja por via bancária. Surrealista…

Mas há os meninos que têm que ir à escola nas férias para ter pequeno- almoço e almoço.

E as mães que vão ao banco…. alimentar contra a fome , envergonhadamente , matar a fome dos seus meninos.

É por estes meninos com a esperança de dias melhores prometidos para daqui a 20 anos, pelos velhos sem mais 20 anos de esperança de vida e pelos quarentões com a desconfiança de que não mudarão de vida, que eu não quero morrer sem ver a cor de uma nova liberdade.

Júlio Isidro”

Na foto, Júlio Isidro: “NÃO, NÃO ESTOU VELHO! NÃO SOU É SUFICIENTEMENTE NOVO PARA JÁ SABER TUDO!

VOX POP TV - Março de 2015 (reposição em PG) - título PG

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