sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

SOBRE A BITCOIN



Rui Peralta, Luanda

Bitcoin (BTC) é uma moeda, ou melhor, uma cripto-moeda (termo utilizado para as moedas digitais passiveis de encriptação) e um sistema de pagamento "online", baseado num protocolo de código aberto, independente de qualquer autoridade central. Um BTC pode ser transferido por um computador ou telemóvel sem recurso a uma instituição financeira intermediária. Este conceito foi introduzido em 2008 por um grupo denominado Satoshi Nakamoto que designou este sistema electrónico de pagamento “peer to peer” (P2P). O conceito Bitcoin também se refere ao software de código aberto que este grupo projectou para utilizar-se a moeda e a respectiva rede P2P.

A BTC utiliza bancos de dados distribuídos pela rede P2P para registar as transacções e utiliza a encriptação            para proteger e assegurar as transacções e o uso da moeda, evitando falsificações, duplicações de movimentos, etc. Os usuários podem transaccionar directamente uns com os outros sem intermediário. As transacções são registadas no “blockchain” uma espécie de livro-razão de contabilidade pública. São permitidas transferências semianónimas e as BTC podem ser salvas em forma de arquivos, ou em serviços de carteira online provido por terceiros.

As BTC podem ser enviadas para qualquer parte do mundo ou para qualquer pessoa que tenha um endereço bitcoin. A topologia P2P e a ausência de uma administração central inviabiliza a manipulação (por parte de autoridades financeiras ou de governos) da emissão e do valor da moeda ou que induza inflação “imprimindo” notas. No entanto isto não impede que grandes movimentos especulativos por parte da oferta ou da procura possam provocar oscilações no valor da BTC.

Como comprar, Investir e Acumular BTC

O BTC é um produto tecnológico (uma tecnologia) e, também, uma moeda. Pode ser adquirido de duas formas: 1) o comprador adquire a quantidade de BTC necessária para o investimento ou aquisição a realizar 2) o comprador adquire a moeda para acumular capital.

O software da Bitcoin produz os endereços Bitcoin para cada entidade que adquire BTC. O proprietário de cada endereço possui uma palavra passe com a qual efectua as suas aquisições, investimentos e transacções. Ao comprar BTC para o seu endereço, o comprador gera uma carteira. Estas carteiras podem ser autogeridas pelo proprietário ou podem ser co-geridas entre o proprietário e o software. A autogestão da carteira oferece maior privacidade, mas é aconselhável apenas para que tem um bom domínio em informática, ou se sinta confortável com a aplicação informática. Claro que a autogestão da sua carteira comporta mais riscos, como, por exemplo, esquecer a palavra-passe, o computador ser invadido por hackers e a palavra-passe ser roubada, etc.

A BTC pode ser adquirida através de serviços como Coinbase, Circle, itBite, Gemini e a operação será efectuada através da sua conta bancária. Pode também adquirir por troca com outros usuários que pretendam a sua moeda local, além de serviços como a Bitcoin ATM (por ATM) ou agências de câmbio como a Local Bitcoins ou a Mycelium Local Trader.

Se não tem qualquer plano para investir as suas BTC pode, simplesmente acumulá-las até arranjar um, ou investir no GBTC, um produto financeiro que em algumas legislações fiscais comporta vantagens tributárias.

Algumas desvantagens do investimento em BTC

1)      Os parâmetros da moeda podem ser alterados. A quantidade de BTC está limitada a 21 milhões. Em cada 4 anos são introduzidas novas BTC no mercado o que gera desvalorização periódica, pelo menos em ciclos de 4 anos;

2)      Ataques á rede. É certo que a descentralização e a inexistência de uma autoridade central, impede que a rede deixe de funcionar, pois não existe um nucelo central a ser atacado. De qualquer forma os ataques cibernéticos às carteiras de investimento dos usuários constituem um risco que deve ser levado em conta.

3)      Bloqueio á moeda. Este é um problema complexo e que pode tornar-se frequente. Suponha-se que, por exemplo, que o tráfego no ciberespaço chinês fica bloqueado para o exterior durante 24 horas ou mais. OS usuários chineses continuarão a utilizar o sistema mas a rede desconhece os valores das suas transacções. Isto implicará diferentes valores no mercado para as mesmas aquisições, uma vez que na China as transacções efectuar-se-ão ao valor último indicado, enquanto no resto do mundo se efectuarão on-line. Em última análise este factor poderá ter sérias implicações no valor da BTC.

4)      O risco das autoridades nacionais pretenderem centralizar, no seu espaço, as transacções em BTC. É um risco real, se atendermos a algumas manifestações “anti-globalizadoras” que andam nos gabinetes de determinados núcleos do Poder.

5)      Volatilidade. A BTC é um investimento volátil. Esta volatilidade aumenta em função da pluralidade de culturas de investidores, ou seja das diferentes abordagens aos investimentos. Por exemplo: os investidores chineses têm um comportamento similar ao jogador de casino. Esta abordagem, quando cruzada com as maiores precauções dos investidores europeus, ou com a abordagem de poker dos norte-americanos torna imprevisíveis os resultados.

Algumas vantagens do investimento em BTC

1)      Ascendente número de usuários e negócios em BTC. Isso permite uma valorização da moeda. Por isso o aumento da procura não tem um impacto significativo nos preços, conforme se pode verificar em 2015, em que as transacções cresceram exponencialmente, mas os preços não sofreram aumentos significativos e, em alguns, casos nem subiram.

2)      A BTC é a primeira moeda digital a ser movimentada no mercado internacional. Tem uma capitalização de 6,5 mil milhões de USD, enquanto as duas moedas digitais directamente competidoras (Ripple e Litecoin) têm uma capitalização de 268 milhões e 164 milhões de USD, respectivamente.

3)      A BTC cresce de importância e de valor no mercado. Tem cada vez mais utilizações e aplicações.

4)      Moeda ideal para os investimentos em novas tecnologias. Por outro lado é possível o desenvolvimento de novas plataformas tecnológicas alicerçadas exclusivamente em BTC e moedas digitais, além de tornar possível gerar novas concepções de investimento em sectores alternativos e por sectores alternativos.

5)      Diversificação do portfolio de investimentos. A diversificação no seio dos usuários da BTC (indivíduos, famílias, pequenos investidores, tecno-investidores, investidores em fuga da crise, etc.), as suas diferentes origens culturais, cria oportunidades únicas de investir em sectores alternativos, ou de estabelecer negociações que de outra forma não seriam efectuadas.

A BTC em África

No continente africano a oferta e a procura de moeda digital é crescente. Empresas africanas como a Igot, Beam, BitPesa e a BitX, demonstram uma performance crescente. As remessas de emigrantes africanos para os seus respectivos países e das comunidades imigrantes que residem em África são um nicho de mercado importante e que representam um factor fundamental para a implementação da moeda digital no continente.

Os cerca de 30 milhões de africanos que vivem na diáspora enviam para África cerca de 40 mil milhões de USD por ano. Os custos dessas remessas são elevados e geram lucros de cerca de 1,4 mil milhões de USD a empresas como a Western Union e a Money Gram, que dominam os mercados africanos, com quotas de mercado acima dos 50%. Por outro lado as restrições inerentes a esse sistema (tecto de 200 USD por envio) dificulta os envios, além de que muitas economias africanas ainda não entenderam a importância da emigração e os respectivos sistemas bancários não aproveitarem devidamente esse nicho de mercado.

A BTC permite a redução de custos e de tempo. A maioria das empresas de transferências em BTC pratica taxas de 3%, muito menos que as taxas praticadas pelo sistema bancário. Por outro lado a transferência em BTC são efectuadas em minutos, da emissão á recepção, coisa que no sistema tradicional demora dias (ou semanas). Estes factores revelam-se de extrema importância para o crescimento de usuários na rede BTC.

Mas a remessas em BTC resolve, ainda, um outro problema que afecta muitos africanos: a conta bancária. Em muitos casos os cidadão africanos (por diferentes motivos e razões, desde os baixos salários, inexistência de rendimentos fixos, por habitarem em áreas rurais, etc.) não possuem conta bancária. Com a remessa em BTC esse problema fica resolvido, uma vez que a BTC pode ser armazenada no telemóvel e ser utilizada por essa via.

África é um mercado de grande consumo e de grande utilização de telemóveis. E esse factor, aliado á instabilidade bancária e monetária representa uma enorme vantagem na utilização da BTC. A Igot efectuou, em 2014, cerca de 600 mil transacções por telemóvel e em 2015 mais de 1 milhão de transacções. Este crescimento é similar nas restantes empresas.

A 3 e 4 de Março deste ano terá lugar em Johannesburg, África do Sul, a Conferência BTC África. Este evento é uma prova da crescente importância que a moeda digital representa para o continente africano e para os seus cidadãos. A BTC representa para África um instrumento de desenvolvimento. Saibamos utilizá-lo de forma eficaz, como utilizámos as armas da libertação nacional em África.

PARTICIPAÇÃO DA OTAN E DA UNIÃO EUROPEIA NO TERRORISMO



Como a Bulgária forneceu drogas e armas à Al-Qaida e ao Daesh

Thierry Meyssan*

Mesmo os melhores segredos têm um fim. O cartel mafioso que governa a Bulgária foi preso enquanto fornecia, a pedido da CIA, drogas e armas à al-Qaida e ao Daesh (E.I.), ao mesmo tempo na Líbia e na Síria. O assunto é tanto mais grave quanto a Bulgária é membro da Otan e da União Europeia.

Parece que tudo começou por acaso. Durante trinta anos, a fenetilina foi usada como dopante nos meios desportivos da Alemanha Ocidental. Segundo o treinador Peter Neururer mais da metade dos jogadores tomavam-na regularmente [1]. Traficantes búlgaros viram aí uma oportunidade. No período entre a dissolução da União Soviética e a entrada na União Europeia eles começaram a produzi-la e a exportar ilegalmente para a Alemanha, sob o nome de Captagon.

Dois grupos mafiosos assumiram uma feroz concorrência, o Vasil Iliev Security (VIS) e a Security Insurance Company (SIC), da qual dependia o karateca Boyko Borisov. Este atleta de alto nível, professor na Academia de Polícia, criou uma empresa de proteção de VIPs e tornou-se o guarda-costas tanto do antigo presidente pró-soviético Todor Zhivkov, como do pró-americano Simeão II de Saxe-Cobourg-Gotha. Quando este último se tornou Primeiro-ministro, Borisov foi nomeado director-chefe do Ministério do Interior, e, depois foi eleito presidente da câmara (prefeito-br) de Sofia.

Em 2006, o embaixador dos E.U. na Bulgária (e futuro embaixador na Rússia), John Beyrle, retrata-o num telegrama confidencial revelado pelo Wikileaks. Apresenta-o como ligado a dois grandes chefes mafiosos, Mladen Mihalev (dito «Madzho») e Roumen Nikolov (dito «Pacha») [2], os fundadores da SIC.

Em 2007, a fazer fé num relatório elaborado por uma grande empresa suíça, a US Congressional Quarterly garante que ele tinha abafado numerosas investigações no Ministério do Interior e estava, ele próprio, envolvido em 28 assassinatos mafiosos. Ele teria se tornado parceiro de John E. McLaughlin, o diretor-adjunto da CIA. Ele teria instalado na Bulgária uma prisão secreta da “Agência”, e teria ajudado a providenciar uma base militar, no quadro do projecto de ataque ao Irão, acrescentava o jornal [3].

Em 2008, o especialista alemão sobre o crime organizado, Jürgen Roth, qualifica Boïko Borisov de «Al Capone búlgaro» [4].

Tendo-se tornado Primeiro-ministro, e quando o seu país era já um membro da Otan e da UE, ele foi solicitado pela “Agência” (Cia-ndT) para ajudar na guerra secreta contra Muammar el-Qaddafi. Boyko Borisov forneceu Captagon, fabricado pela SIC, aos jiadistas da al-Qaida na Líbia. A CIA tornou esta droga sintética mais atraente e mais eficiente misturando-o com uma droga natural, o haxixe, o que permite manipular os combatentes mais facilmente e torná-los mais temíveis, na linha dos trabalhos de Bernard Lewis [5]. Logo depois, Borisov estendeu o seu negócio à Síria.

Mas, o mais importante veio quando a CIA, utilizando as particularidades de um antigo Estado-membro do Pacto de Varsóvia que havia aderido à Otan, lhe comprou, por 500 milhões de dólares, armamento de tipo soviético e o transportou para a Síria. Tratando-se, sobretudo, de 18.800 lança-granadas anti-tanque portáveis e de 700 sistemas de mísseis anti-tanque Konkurs.

Ora, quando o Hezbolla enviou uma equipe à Bulgária para se informar sobre esse tráfico um autocarro (ônibus de -br) de turistas israelitas foi alvo de um atentado em Burgas, causando 32 feridos. Imediatamente, Benjamin Netanyahu e Boyko Borisov acusaram a Resistência libanesa, enquanto a media (mídia-br) atlantista difundia inúmeras imputações sobre o suposto kamikaze do Hezbolla. No fim, a médico-legista, a Dr.ª Galina Mileva, observou que o seu cadáver não correspondia ás descrições de testemunhas; um responsável da contra-espionagem, o coronel Lubomir Dimitrov, salientou que não se tratava de um suicida, mas de um simples portador, e que a bomba havia sido accionada à distância, provavelmente sem o seu conhecimento ; enquanto a imprensa acusava dois árabes, de nacionalidade canadiana e australiana, a Sofia News Agencyacrescentou um cúmplice norte-americano, conhecido sob o pseudónimo de David Jefferson. De tal modo que, quando a União Europeia se apropriou do caso para classificar o Hezbolla como «organização terrorista», o ministro dos Negócios Estrangeiros do curto período em que Borissov foi excluído do poder executivo, Kristian Vigenine, sublinhou que, na realidade, nada permitia ligar o atentado à Resistência libanesa [6].

A partir do fim de 2014, a CIA parou as suas encomendas e foi substituída pela Arábia Saudita, que pode assim comprar, não mais armas de tipo soviético, mas, sim material da Otan, como mísseis anti-tanque guiado-a-fios BGM-71 TOW. Rapidamente Riade foi apoiada pelos Emirados Árabes Unidos [7]. Os dois estados do Golfo asseguraram, eles próprios, o fornecimento à al-Qaida e ao Daesh, via companhias Saudi Arabian Cargo e Etihad Cargo, quer em Tabuk, na fronteira saudo-jordana, ou na base franco-americana-emirati de Al-Dhafra.

Em junho de 2014, a CIA adiciona mais uma etapa. Tratava-se, desta vez, de interditar a Bulgária de deixar passar pelo seu território o gasoduto russo South Stream, que poderia abastecer a Europa Ocidental [8]. Esta decisão, que privou a Bulgária de receitas muito importantes, permite por um lado abrandar o crescimento da União Europeia, conforme o plano Wolfowitz [9]; por outro lado aplicar as sanções europeias contra a Rússia, decididas sob o pretexto da crise ucraniana; em seguida, desenvolver a extracção de gás de xisto na Europa de Leste [10], por fim manter o objectivo de derrubar a República árabe síria, possível futuro grande exportador de gaz [11].

Segundo as últimas informações, a Bulgária —Estado-membro da Otan e da U.E.— persiste em fornecer ilegalmente drogas e armas à al-Qaida e ao Daesh, apesar da recente resolução 2253 adoptada, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança da ONU.


*Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación enlos medios de comunicación(Monte Ávila Editores, 2008).

Foto: Chefe de um de dois cartéis mafiosos búlgaros, a SIC, Boïko Borissov chegou a Primeiro-ministro. Ao mesmo tempo que o seu país é membro da Otan e da União Europeia, ele fornecia drogas e armas à al-Qaida e ao Daesh, na Líbia e na Síria.

Notas
[1] „Doping war im Fußball gang und gäbe“ («Doping nos subornos e na engrenagem do Futebol»- ndT), Frankfürter Allgemeine Zeitung, 13 juin 2007.
[2] “Bulgaria’s most popular politician: great hopes, murky ties” («O político mais popular da Bulgária : grandes esperanças, laços escuros»- ndT), John Beyrle, May 9, 2006.
[3] “Bush’s Bulgarian Partner in the Terror War Has Mob History, Investigators Say” («Parceiro Búlgaro de Bush na Guerra ao Terror tem História de Mafioso, Dizem Investigadores»- ndT), Jeff Stein, U.S. Congressional Quarterly, May 2007.
[4] Die neuen Dämonen («Os novos Demónios»- ndT), Jürgen Roth, 2008.
[5] The Assassins: A Radical Sect in Islam («Os Assassinos : Uma Seita Radical no Islão»- ndT), Bernard Lewis, Weidenfeld & Nicolson, 1967.
[6] « La Bulgarie ne tient pas le Hezbollah responsable de l’attentat de Burgas » («A Bulgária não considera o Hezbolla responsável pelo atentado de Burgas»- ndT), Réseau Voltaire, 7 juin 2013.
[7] « Mise à jour d’une nouvelle filière de trafic d’armes pour les jihadistes» («Revelação de uma nova fonte de tráfico de armas para os jiadistas»- ndT, par Valentin Vasilescu, Traduction Avic, Réseau Voltaire, 24 décembre 2015.
[8] « Le sabotage du gazoduc South Stream », par Manlio Dinucci, Tommaso di Francesco, Traduction Marie-Ange Patrizio, Il Manifesto(Italie), Réseau Voltaire, 10 juin 2014.
[9] « US Strategy Plan Calls For Insuring No Rivals Develop » («Planos de Estratégia dos E.U. Requerem Não Desenvolvimento de Rivais»- ndT) and « Excerpts from Pentagon’s Plan : "Prevent the Re-Emergence of a New Rival" » («Excertos de Plano do Pentágono : “Prevenir a Re-Emergência de um Novo Rival”»- ndT), Patrick E. Tyler, New York Times, March 8, 1992. « Keeping the US First, Pentagon Would preclude a Rival Superpower », («Mantendo os E:U. em Primeiro, Pentágono Impedirá um Superpoder Rival»- ndT), Barton Gellman, The Washington Post, March 11, 1992.
[10] « South Stream bloqué, la "claque" des États-Unis à l’Union européenne » («South Stream bloqueado, a claque dos Estados Unidos na União Europeia»- ndT), par Manlio Dinucci, Traduction Marie-Ange Patrizio, Il Manifesto (Italie), Réseau Voltaire, 5 décembre 2014.
[11] « La Syrie, centre de la guerre du gaz au Proche-Orient » («A Síria, centro da guerra do gaz no Próximo-Oriente»- ndT), par Imad Fawzi Shueibi, Réseau Voltaire, 8 mai 2012.

POLÓNIA INICIA "TERAPIA PELA CENSURA"



José Goulão – Mundo Cão

O novo governo da Polónia, que a púdica linguagem politicamente correcta dos meios de “referência” qualifica como “ultraconservador”, decidiu abrir o ano “curando o país de algumas doenças” através da instauração da censura oficial nos meios de comunicação públicos. Bruxelas anuncia que vai pensar e debater o assunto para depois, eventualmente, tomar uma decisão, que daqui a não se sabe quanto tempo poderá culminar na suspensão do direito de voto do país – ou seja, tal como na Hungria, a resposta não dará em nada, os intuitos censórios vencerão.

O Partido Direito e Justiça (PIS) que governa a Polónia há algumas semanas, aproveitando o caminho que foi aberto pela cruel política económica da extrema-direita neoliberal, é, em português comum, um partido fascista entre os muitos que vão tomando posições governamentais e próximas disso através de toda a Europa. É um partido semelhante ao Fidesz de Viktor Orban, na Hungria, dito ultranacionalista ou ultraconservador e que, para encurtar definições e traduzir a realidade, é simplesmente fascista. Tal como os seus aliados Jobbik, que praticam o terrorismo através de grupos de assalto organizados à imagem e semelhança das SA de Hitler.

O partido governante da Polónia, é certo, não implanta a censura criando uma equipa de coronéis armados de lápis azuis à maneira do antigamente, por exemplo em Portugal. O método é mais polido, assente em leis aprovadas pelas instituições no poder: transforma os meios de comunicação públicos, que são sociedades de direito comercial controladas pelo Estado, em instituições “culturais” gerida pelo Conselho Nacional dos Media, a criar. “Será o primeiro passo para curar o país de algumas doenças”, adverte Jaroslav Kaczinsky, o chefe do partido.

Uma dessas doenças, explicada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Witold Waszcykowski, tem como sintoma o facto de a sociedade polaca caminhar no sentido “marxista” de “uma nova mistura de raças, um mundo de ciclistas e vegetarianos que só se interessa por energias renováveis e se opõe a todas as religiões, o que não tem a ver com as raízes polacas tradicionais”.

A União Europeia reage prometendo que a 13 de Janeiro iniciará o debate sobre a aplicação do “mecanismo do Estado Direito” a esta “suposta violação” pela Polónia, mas conhecendo o que se passou perante a implantação dos mecanismos da ditadura húngara, nada irá acontecer.

O Partido Direito e Justiça declara-se “eurocéptico”, mas cumpre papéis estratégicos que se tornaram fundamentais para a União Europeia no formato actual: é um aliado fulcral da política alemã, é um dos gendarmes que assegura a manutenção do regime fascista na Ucrânia, é um ponta de lança insubstituível nas acções de provocação à Rússia, governa uma grande potência determinante na transposição dos centros de decisão da União Europeia para Leste, sustenta as políticas agressivas e de tendência igualmente neofascistas dos países do Báltico e da Eslováquia. É significativo que o actual presidente do Conselho Europeu seja Donald Tusk, ex-primeiro ministro polaco e um dos maiores responsáveis para criação de condições que permitiram a subida dos fascistas ao poder no seu país.

Enquanto muitos políticos europeus debatem hoje a maneira de travar o passo à ascensão fascista de Marine Le Pen em França, o fascismo implanta-se sem restrições no Leste da Europa, a região onde tem raízes mais profundas e que não foram extirpadas durante os 70 anos que já passaram sobre o fim da última grande guerra.

Portugal. AS COISAS ESTÃO A BATER-NOS À PORTA! ESCANCARE-AS!



Baptista-Bastos – Jornal de Negócios, opinião

O ano fecha o ano e a conclusão é a de que foi um ano contra o homem. Dá para recordar porque não podemos esquecer o que nos fizeram e o que fizemos a nós próprios.

Com um descaro inaudito, o dr. Passos Coelho veio dizer que dedicou o seu Governo a defender e a proteger os portugueses e Portugal. Dispenso. Agora, começam a tornar públicas as amarguras e os infortúnios que esta gentalha nos infligiu. Sabíamos que o projecto de destruição do Estado Social entusiasmava o dr. Passos; não conhecíamos, porém, os pormenores assustadores dessa manigância. Os cortes cegos na saúde mataram pessoas; na educação atiraram miúdos para a fome e os países para a miséria; o desemprego é um pavor só conhecido por quem passa por ele. Por aí fora. A malvadez voltou a chegar aos bancos: o Banif é outro caso de negligência determinada a exigir a intervenção imediata da polícia; diariamente surgem novos problemas, cuidadosamente dissimulados pelo Governo anterior. Recordo que a extraordinária Maria Luís Albuquerque declarou, enfática e despudorada, que o Executivo tinha os cofres cheios, enquanto o povo gemia na miséria mais desafortunada.

Os crimes monumentais de que o anterior Governo é culpado ultrapassam o rol de embustes e de mentiras programadas e organizadas. Depois, há o aumento da corrupção, que atinge os mais altos escalões sociais e, para rematar em fétida indignidade, surge o inevitável heraldo da direita, a bolçar que a grande figura do ano é Pedro Passos Coelho. O homem perdeu a compostura e desmoronou-a em escorrências. Em tempos, Marcelo Rebelo de Sousa proclamou que a direita portuguesa era a mais estúpida da Europa. Corrijo e digo: a mais indecente, a tomar como certo o que temos vindo a saber de Passos e dos seus. E a sublinhar por alguns preopinantes sem grandeza.

Mas o mundo é um caos. Os milhões de refugiados, que procuram sossego em paz numa Europa que os repele, com cercos de arame farpado e muros que os atiram fora como gafados, são a triste dissolução de uma Europa que nunca existiu em igualdade e em solidariedade. A Europa é uma construção económica da Alemanha, e o que não conseguiu com duas guerras está a obtê-lo pela imposição do poder, com o apoio e a cumplicidade passiva dos outros. Ai de quem a contrarie! O que aconteceu à Grécia e ao Syriza é significativo.

Portugal é outro caldo de experiências, e revela que o servilismo, a resignação e a subserviência não estão para durar. Uma nova geração ter-se-á levantado com uma integridade quase desconhecida. E tem ajudado a sacudir a nefasta indolência dos partidos, acantonados nas suas verdades, nos seus interesses e nas suas perdas de identidade. O caso das quatro militantes do Bloco de Esquerda não é um epifenómeno nem um caso arrumado. Faz parte da incomodidade em que vivemos e na existência de um protesto indignado, jovem e solidário.

Uma vez escrevi, em época desalento, e para provar que nem tudo estava perdido, que a "esperança tem sempre razão"; demora tempo e, amiúde, é morosa demais. Mas vai bater-nos no batente. E as coisas já estão a acontecer. Força. Dilecto!, bom ano e repúdio dos aldrabões! Bom ano, e por favor, não desista!

Portugal. A justiça no Correio da Manha... A manha de uns quantos que descredibilizam a justiça




Mário Motta, Lisboa

José Sócrates, ex-primeiro-ministro, parece que esteve durante nove meses preso por razões políticas, logo, podemos considerá-lo um preso político. Tinha que acontecer, o cavaquismo no seu melhor e pior para os portugueses. Cavaquismo que se aproveitou do mentiroso-mor Passos Coelho com outro que tal à ilharga, Paulo Portas.

Afinal a montanha pariu um rato. A Operação Marquês, que trata do caso Sócrates, mais parece um balão cheio de cuspo venenoso dos que nele sopraram. Nisso inclui-se o tal chamado de super-juiz Carlos Alexandre que passou a mini-juiz, de tão acachapado que ficou em todo este processo. Do Ministério Público, então, pronuncia-se a maralha plebeia, como seja o "Monte da Diarreia". Imaginação em alta dose de desilusão daquela instituição. O que é mau, o que é uma vergonha, o que é um espinho na democracia. Para melhorar não vimos que a PGR faça o que deve. Para recuperar alguma dignidade para a instituição também nada vimos. O povo diz que vê jogadas, que Joana Marques Vidal, a Procuradora Geral da República foi uma jogada da direita cavaquista guarnecida por Passos e Portas, igualmente da direita doentia e perigosa. Quer dizer: na justiça muito poucos se salvam devido a estas trapalhadas, provavelmente sacanisses ou coisa pior, inadmissíveis, muito menos numa democracia que é fracota mas sempre é alguma coisa e deve ser fortalecida. Que grandes bandidos estão na Justiça, diz a popular voz que assinala assim o descrédito da instituição. É um dó de alma. Urge repor a decência e a dignidade na Justiça em Portugal.

José Sócrates quer ver a Justiça a funcionar. Pede que se retratem lá pelas bandas do Ministério Público. Quem não deve não teme. Afinal mantiveram na prisão aquele cidadão português, por acaso ex-primeiro-ministro, porquê? Razões de política, de ódios viscerais, de antagonistas partidários? Porquê? E os que depositaram cuspo venenoso no tal balão que se esvaziou vão ficar impunes? Daqui por uns tempos o mini-juiz Carlos Alexandre vai voltar a super? Sem justiça não há democracia... É aquilo que temos e que tem de ser urgentemente reparado. A justiça no Correio da Manha... A manha de uns quantos que descredibilizam a justiça. Basta! (MM / PG)

Sócrates quer que Conselho Superior do MP atue disciplinarmente contra António Ventinhas

O ex-primeiro-ministro José Sócrates solicitou aos membros do Conselho Superior do Ministério Público que adotem os procedimentos disciplinares adequados à reparação das ofensas que diz terem sido feitas pelo presidente do Sindicato dos Magistrados do MP.

Através dos advogados João Araújo e Pedro Dellile, o antigo líder do PS lembra que, após as declarações de António Ventinhas sobre o processo Operação Marquês, apresentou, a 16 de dezembro de 2015, uma denúncia à Procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, que, "não obstante a gravidade das declarações em causa, não teve até hoje seguimento que se conheça".

Nesse sentido, a defesa de Sócrates resolveu agora enviar a todos os membros do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) um pedido para que promovam "urgentemente", no ãmbito da competência disciplinar daquele órgão, os procedimentos adequados à "reparação das ofensas, à reposição do Direito e à salvaguarda da dignidade do MP e da confiança que ele deve merecer".

Além das ofensas à honra e consideração que Sócrates entende que lhe foram dirigidas pelo magistrado, que alegadamente lhe assacou a prática de atos ilícitos, o ex-primeiro-ministro diz que o dirigente do SMMP o ofendeu intencionalmente ao "insinuar (...) ser ele um 'ladrão'", numa ofensa "tão grosseira que só o ódio pessoal pode explicar".

A defesa de Sócrates entende ainda que o presidente do SMMP violou os princípios fundamentais do Estado de Direito, designdamente o direito à presunção de inocência e a um processo justo e equitativo, tendo criar no público a convição de culpa do arguido.

Alega ainda que António Ventinhas violou deveres estatutários do cargo e da função, atingindo o prestígio e a dignidade da instituição a que pertence.

"Tais afirmações, pela qualidade funcional do seu autor, pela especial natureza dos valores ofendidos (...) são de molde a causar escândalo e desconfiança pública, suscitando a necessidade de serem, nessa vertente, urgentemente e rigorosamente avaliadas", concluem os advogados de Sócrates.

A participação de Sócrates reporta-se às declarações feitas por António ventinhas à Lusa, TVI e Público, a 15 de dezembro, em que o presidente do SMMP afirmou que "o principal responsável pela existência" do processo Operação Marquês chama-se José Sócrates, "porque se não tivesse praticado os factos ilícitos, este processo não teria acontecido".

O procurador salientou ainda a necessidade de os portugueses decidirem se querem "perseguir políticos corruptos, se querem acreditar nos polícias ou nos ladrões".

FC // SO - Lusa

Portugal. LOPETEGUI DESPEDIDO. JESUS NO FC PORTO PARA O MILAGRE DE CAMPEÃO



Futebol. Lopetegui foi despedido. O FC Porto está nas lonas. Foi uma invasão espanhola no clube dos morcões que deu no que sempre aconteceu com as invasões espanholas. Foram de rabo alçado para as terras deles. Considerando o facto temos de mudar o adágio “de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos” e acrescentar que “nem bons treinadores”. Dali, dos nuestros hermanos, nem o perfume Tabu prestava. Servia, isso sim, para os militares em vias de irem para a guerra colonial porem nas almofadas em que dormiam nas casernas apinhadas de soldados para abafar o pivete a chulé que impregnava as casernas à noite. Era uma solução que agradava aos jovens recrutas. Abafava o chulé e adormeciam com o cheiro a putas, por via do Tabu. Grandes sonhos. Bem, mas isto não interessa nada.

Se veio aqui por causa do título que demos a este Expresso Curto onde também metemos o bedelho desiluda-se, foi mesmo para virem ao engano. Lopetegui foi-se mas Jesus fica de pedra e cal no Sporting. Claro que este título vai garantir mais umas 10 mil visitas ao Página Global. Os 3 efes do salazarismo funcionam sempre com os portugueses: fado, futebol e Fátima. Porra. “Beber vinho dá trabalho a um milhão de portugueses”, também era outra “máxima” do salazarismo. Até é para admirar que Cavaco não tenha ressuscitado essa “máxima” do salazarismo. Saudosista e ressabiado como está Cavaco tudo tem feito para reimplantar o salazarismo. Parece que só resultou por 4 anos. Vêm aí outros tempos. “Tempo novo”, diz Sampaio da Nóvoa. Assim abre Miguel Cadete este Expresso Curto que aí vem. Chega de treta. Já agora: o FC Porto precisa mesmo de um milagre, só Jesus o pode ajudar.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Miguel Cadete - Expresso

Menos impostos, menos exames, mais Marcelo?

2016 começa sob o signo de um “tempo novo”, como diria o candidato a Presidente da República Sampaio da Nóvoa. Este governo, aberto por António Costa contra o tradicional "arco da governação", está definitivamente em marcha.

Ontem soube-se que vamos pagar menos IRS. A maior parte dos portugueses começará a sentir os impostos mais leves já no final deste mês de janeiro quando for aliviado, total ou parcialmente, do jugo da sobretaxa criada por Vítor Gaspar na anterior legislatura.

Quem ganha até 801 euros mensais (brutos) será completamente dispensado desse tributo ainda que aqueles com vencimentossuperiores a 5786 euros a mantenham na íntegra. Lembre-se que, ao contrário do que sucedia até aqui, a nova versão da sobretaxa prevê taxas diferentes de acordo com o nível de rendimento.

Vamos voltar a comprar televisões com ecrãs de dois metros? Não é crível. Mas para saber quanto mais é possível poupar ou, sobretudo, gastar, o melhor é atirar-se ao Simulador que o Expresso disponibiliza e que lhe permite perceber de antemão quanto mais vai ganhar. Muito pouco, tudo ou nada? Depende do seu nível de rendimentos. E até do número de filhos.

Se ontem soubemos que vamos pagar menos impostos, é provável que hoje seja conhecido o novo modelo de avaliações do sistema educativo. E, tanto quanto se sabe, há exames que vão cair. Na edição de ontem do Expresso Diário, é dado como praticamente certo o fim dos exames no 4º ano, criados pelo antigo ministro Nuno Crato na anterior legislatura. O curioso é que a Comissão Nacional de Educação, presidida pelo ainda mais antigo ministro David Justino, reuniu um grupo de diretores de escolas e professores que acreditam, na sua maioria, na validade do vetusto exame da 4ª classe.

O novíssimo ministro Tiago Brandão Rodrigues apresentará hoje o novo modelo de avaliações. Mas nos últimos dias vários jornais deram como confirmado o desaparecimento dos exames do 6º ano e também do 9º ano, tal como é previsto numa proposta de lei do PCP.

A solução poderá andar em torno da sua substituição por uma prova de aferição, algo que também é contestado, sobretudo pelo menor envolvimento de pais e alunos. A Comissão Nacional de Educação advoga aliás, a criação de mais um exame no 9º ano, o de “literacia científica”, a acrescentar aos de Matemática e Português.

Na edição de hoje do Público, o tema também é chamado à primeira página, onde se sublinha que a avaliação dos alunos já mudou mais de 20 vezes em Portugal nos últimos 16 anos. A inexistência clara de um plano ao longo de todos estes anos é sinal de incerteza ou de vaidade, poderia perguntar-se. A única certeza é que este é um tempo novo.

Quanto ao primeiro debate entre dois dos candidatos que mais expectativas geram nas próximas eleições presidenciais, as doutrinas também se dividem. No Expresso, Ângela Silva destaca a viragem de Marcelo Rebelo de Sousa que terá passado ao ataque. “A sua história é de vazio e ausência” disse a Sampaio da Nóvoa quando este o acusava de ser um catavento: “temos 20 declarações suas a dizer uma coisa e 20 a dizer o contrário”. Marcelo puxou dos galões: “acertando ou errando, estive cá. Onde é que o senhor esteve nos últimos 20 anos?”

No Público, Paulo Pena, diz que foi Sampaio da Nóvoa quem marcou o tom: “ainda há três meses defendeu o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas”. E continuou colando o adversário a um passado menos abonatório, enquanto político mas também enquanto comentador. Marcelo defendeu por seu lado que Nóvoa era um candidato de fação e não tão consensual. Mas para o candidato apoiado por três ex-Presidentes da República foi Marcelo quem deu “apoio a políticas que estão na base das fraturas que marcaram o país: idosos contra jovens, empregados contra desempregados”.

Mais Marcelo ou mais Nóvoa? Mais consenso ou mais fação? Marcelo é favorito e vai à frente nas sondagens mas pode, por isso mesmo, ser penalizado pela abstenção. Basta que o seu eleitorado acredite que já está ganho. Nóvoa continua a procurar reunir aesquerda de maneira a forçar uma segunda volta.

Hoje há mais com o despique que também se prevê aquecido entre Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém.

OUTRAS NOTÍCIAS

Lopetegui já não é treinador do FC Porto. Rui Barros, que fazia parte da equipa que acompanhava o técnico basco, é quem vai dirigir o treino desta sexta-feira. Barros, que tem um passado vitorioso enquanto jogador do FC Porto, assume o cargo de forma interina, estando ao rubro a especulação quanto ao próximo treinador. Julen Lopetegui foi a segunda contratação consecutiva falhada no FC Porto, depois de Paulo Fonseca ter sido também despedido a meio da época.

Lopetegui sai do clube ao fim de uma temporada e meia sem conquistar qualquer título ou sequer ir a uma final. A sua equipa não conseguiu ganhar qualquer dos três últimos jogos tendo perdido com o Marítimo (Taça da Liga) e Sporting e empatado em casa com o Rio Ave.

Pharol processa Deloitte. A Pharol, empresa que ficou a gerir o investimento da PT na Rioforte e a participação no Brasil, meteu uma ação de responsabilidade contra a Deloitte por violação dos deveres contratuais enquanto auditora externa da antiga PT. Em causa estão os prejuízos provocados pela aplicação de €897 milhões na falida Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo. A Pharol pede nesta açãouma indemnização correspondente à diferença entre os 897 milhões de euros e o valor que a empresa vier a receber no âmbito do processo de insolvência da Rioforte, diz o Expresso. Em outubro já tinham entrado ações contra Henrique Granadeiro (ex-Presidente da PT) e os administradores Pacheco de Melo e Morais Pires.

Tudo de olhos postos na China, onde a Bolsa, ontem, fechou 29 minutos depois da abertura quando já se registava uma queda de 7%. Hoje o mercado está altista depois de, durante a noite, terem sido suspendido os mecanismos de controlo que, afinal, tiveram consequências opostas às pretendidas. Nas primeiras horas, o índice bolsista CSI300 subiu 1,7% ainda que os analistas continuem a apontar o dedo à sua volatibilidade. Durante a noite, o Estado valorizou o yuan, exatamente o contrário do que tem feito nas últimas três semanas. O cataclismo chinês levou a perdas graves nos mercados globais. O índice S&P500 fechou ontem a perder 2,37% e o EuroStoxx50 caiu 1,74%. O Guardian está a acompanhar a situação minuto a minuto.

Hoje há Bowie. O mais icónico artista de todos os tempos completa 69 anos e publica o álbum “Blackstar”. Ontem foi conhecido um novo e perturbante vídeo e hoje ficam disponíveis as sete canções que marcam mais uma reviravolta na carreira do camaleão. No Expresso Diário, Rui Miguel Abreu discorre sobre o disco e os músicos que levaram Bowie para o jazz, 50 anos depois de ter publicado o seu primeiro single. Diferente de tudo o que fez até hoje. Igual a ele próprio.

FRASES

“Em Portugal, António Costa e o PS compreenderam que, quando de umas eleições sai um parlamento fragmentado, mas demonstrando uma vontade de mudança por parte das forças da cidadania, tal como também aconteceu em Espanha, é dever das forças de mudanças entenderem-se”. Pedro Sánchez, líder do PSOE, em visita à sede do PS

“É decisivo relançar o investimento em Portugal”. Augusto Mateus, no “Diário Económico

“Às vezes vou para casa e já nem me lembro do que disse”. Jorge Jesus, no “Record”

“Cavaco pode ir a seguir para um convento onde se fazem atos de arrependimento, oração e penitência”. Ângelo Correia, no jornal “i”

“Ninguém tem dúvidas em quem Cavaco Silva irá votar: é em Marcelo”. Sampaio da Nóvoa

“Tem que trazer ex-PR na lapela, eu não preciso. A mim não me pediram para avançar. Decidi avançar”. Marcelo Rebelo de Sousa

O QUE EU ANDO A OUVIR

Tenho para mim que atravessar o Alentejo, de carro, rumo ao Algarve enquanto se ouve ora o álbum vermelho ora o álbum azul dos Beatles é das melhores viagens que se pode fazer.

Porém, desde as vésperas de Natal que já não é preciso levar para o automóvel as caixas com as quatro rodelas de CD que fizeram dessas duas colectâneas das mais famosas de sempre. Note: são duas coleções de canções que não marcaram apenas o seu tempo.

Ricardo Camacho, médico, produtor e teclista dos Sétima Legião dizia com graça que se podia adivinhar em cada cançoneta dos Oasis se ela vinha do álbum azul ou vermelho. Mas isso prova muito pouco sobre a validade dos Beatles, na minha modesta opinião.

A verdade é que a chegada dos Beatles aos serviços de streaming tornou obsoleta a trapalhada dos CD. Mas isso não muda nem um mílimetro a opinião que um dos meus primos mais velhos me impingiu desde o tempo das corridas de caricas: eles são o melhor grupo do mundo.

E eu não sou dos que divide os Beatles adolescentes do início dos Beatles sérios do fim. Ainda hoje, tanto gosto das cantigas com um minuto e tal ou dois minutos como o "Ticket to Ride" como do "A Day in the Life".

E tanto gosto da Marselhesa no "All You Need Is Love" como do "She Loves You". Gosto das rocalhadas inspiradas pelo Chuck Berrye gosto do psicadelismo. Até gosto do Paul McCartney quando se arma aos cucos e finge que é compositor de música clássica. Não gosto do "Obla Di Obla Da", nem do "Yesterday".

Mas gosto dos Beatles quando eram comerciais sem saberem. E dos Beatles que ninguém conhece e que o Luís Guerra meteu numa playlist no site novo da BLITZ, como é esta aqui, com trinta pérolas escondidas e que acaba com o "Revolution 9" num jeito arty de experimentação e que também tem o "Taxman" do George Harrison em modo lo-fi e baladas como "Julia".

Gosto de poder tudo isto sem ter. Isto é, ter acesso a todas as músicas (ou quase) que me apetecer de maneira legal e sem ter que pagar o que me custava os olhos da cara. Não gosto de ter o que não preciso.

Gosto que a indústria do disco, ou alguém por ela, tenha encontrado uma solução para uma recessão que durou 15 anos e que impediu que se apostasse em novo talento. Não gosto que queiram acabar com isso procurando voltar atrás.

Mas gosto muito que os Beatles, ou alguém por eles, tenha permitido que as suas canções estejam no Spotify, e na Apple Music e no Tidal e em todo o lado. Não gosto de quem se quer fazer passar por defensor dos artistas quando já tem uma conta bancária astronómica.

Gosto de poder estar cá e assistir a estas coisas todas.

Também por isso lhe desejo em bom dia. E que acompanhe toda atualidade no Expresso Online. E mais logo, atente na análise e opinião no Expresso Diário.

Não se esqueça que hoje é também dia de festa de aniversário da SIC Notícias. Esteja atento vem aí uma grande emissão a partir do quartel-general de Laveiras com um Expresso da Meia Noite especial.

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